Ambev muda plano e decide manter operação na GR LOUVEIRA

Após uma agitação no setor imobiliário causada por informações de que a Ambev abandonaria seu Centro de Distribuição (CD), de quase 42 mil m², situado na Estrada Atílio Biscuola, em LOUVEIRA, a GR Properties, dona do empreendimento, tranquilizou os cotistas e funcionários, na semana passada, ao anunciar que a fabricante de bebidas mudou de ideia e ficará por mais um tempo em LOUVEIRA. Segundo informações publicadas no jornal Folha de São Paulo, para que a Ambev continue em LOUVEIRA, foram feitas renegociações do aluguel dos galpões da GR e ajustes fiscais. Ainda, de acordo com executivos ligados à Ambev, a fabricante ainda tem projeto para transferir o CD para Extrema (MG), onde toda operação tem custo bem menor que em São Paulo. A empresa já possui 35 mil m² na cidade mineira e aumentaria apenas mais 20 mil metros quadrados. Pelo menos para 2019 e 2020, os empregos e a arrecadação estão garantidos, após esse período, não se sabe se a empresa ainda fica na ‘terra da videira’.

PERDA DE MERCADO

Segundo reportagem do Jornal ‘O Estado de São Paulo’, conhecida pelas altas margens de lucro e pela entrega de bons resultados a investidores, a Ambev tem vivido um momento diferente. Em 2018, ano em que a Bolsa foi o investimento mais rentável do País, com o Ibovespa avançando 15%, as ações da empresa caíram quase 30%. A companhia foi a que mais perdeu valor de mercado, em números absolutos, no ano passado: de R$ 340,7 bilhões para R$ 241,8 bilhões. Desde janeiro, porém, com a Bolsa paulista avançando diante da expectativa de crescimento da economia, a Ambev já recuperou uma parte das perdas de 2018.

A empresa vinha tendo uma boa performance até 2015 com um modelo baseado em distribuição direta, venda forte em bares e apresentação de suas principais cervejas em garrafas de 600 ml. As transformações do setor nos últimos anos, porém, começam a testar esse modelo, até então, de sucesso. Para o Bradesco, um dos maiores desafios é o crescimento da venda de bebidas em atacarejos, o que tira da Ambev a vantagem da distribuição direta e de maior alcance, sobretudo em bares. A companhia tem hoje 1 milhão de pontos de venda, enquanto a Heineken (dona de Kaiser e Schin) tem 600 mil e a Petrópolis (da Itaipava), 700 mil. O problema é que a venda de cerveja em supermercados, que não exige um sistema de distribuição tão complexo como o montado pela Ambev, avançou nos últimos anos.

Além disso, em países que atravessaram crises profundas como o Brasil, o consumo não voltou para os bares após a retomada econômica. Em relatório, o Bradesco prevê que a participação da venda de cervejas em mercados aumente dos atuais 38% para 41% até 2022.

Outra barreira no caminho da Ambev é a ampliação dos segmentos “premium” e “de desconto” e as “artesanais”, e a perda de espaço do segmento intermediário, no qual suas principais marcas (Skol, Antarctica e Brahma) predominam. Na crise, o mercado “de desconto”, em que estão as cervejas mais baratas e cujas marcas não fazem diferença para o consumidor, avançou de 19% para 25%. O “premium”, que não foi afetado pela retração da renda, também cresceu, para 12% – dez anos atrás, beirava os 5%. Resultado: o segmento em que a Ambev tem tradição perdeu espaço. Apesar de a companhia ter lançado novos produtos para responder a essas mudanças, os resultados não se mantiveram. “A Ambev continua com performance inferior na categoria tradicional enquanto o crescimento no ‘premium’ ainda não se traduziu em maior rentabilidade”, escreveu Thiago Duarte em relatório do BTG Pactual.

O diretor financeiro da empresa, Fernando Tennenbaum, diz, no entanto, que a rentabilidade do segmento “premium” é maior que a do tradicional, mas não deu números.

(Fontes: Joana Cunha/FolhaS.Paulo/Conteúdo – Estadão)

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