Coluna: Elo Ambiental – Da indignação silenciosa ao fio de esperança

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Ficamos perplexos quando o leque de acontecimentos transforma-se em uma tempestade de manchetes em rede nacional, no horário nobre da telinha. Acostumados que estamos com tantas atrocidades, deixamos passar despercebidos pequenos detalhes nas imagens e nos textos, que em segundo plano revelam nuances de um povo sem esperança diante de tantos malfeitos.

Uma informação perdida, no meio de uma enxurrada de fatos sobre as mazelas que são apontadas diariamente nos noticiários, chama a atenção, pela sua reincidência, a barragem da empresa Samarco. A possibilidade de se manter uma prática que não assegura a integridade ambiental, podendo ampliar o impacto gerado pela ruptura anterior da mesma.

Com certeza, o viés financeiro deve ter pesado na decisão de se utilizar o processo mais econômico e, pelo visto favorecido, pela falta da observância e cumprimento aos padrões de segurança e de impacto ambiental estabelecidos neste emaranhado de leis existentes, aonde a burocracia impera, ampliando a probabilidade de ocorrência das não conformidades advindas do risco deste tipo de empreendimento e de muitos outros que estão espalhados por todo o território nacional.

Creio eu que nos acostumamos a conviver com tantos mal feitos, que nos encontramos anestesiados, diante de tanta incompetência e da desfaçatez com que as coisas públicas são geridas em nosso país. Como justificar que um país que ocupa o ranking das maiores economias mundiais e até recentemente alardeado como o exemplo a ser seguido na busca do desenvolvimento sócio econômico, possa estar mergulhado literalmente num mar de lama, no qual o fato Samarco é apenas a ponta de um imenso iceberg?

Novamente estamos assistindo aos problemas sazonais da seca em alguns estados do nordeste, em especial o Ceará aonde a falta de água, permanece à décadas como a principal ocorrência no noticiário nacional, agora incluindo-se aí os estados do centro oeste, em especial Goiás e Tocantins. Na nossa região, embora tenhamos tido um clima favorável à recarga dos mananciais, não estamos livres da probabilidade de enfrentarmos uma nova época de aperto hídrico. Não deixa de ser elucidativa a ocorrência de ações reiteradamente utilizadas pelos órgãos envolvidos, na solução destas situações, a elaboração de estudos e diagnósticos, para a implantação de um programa a fim de resolvê-las. Nada mais correto, se não houvessem sido elaborados anteriormente inúmeros diagnósticos relativos ao mesmo problema apontado.

Creio que devido a defasagem entre a análisee a ação, corre-se atrás dos efeitos, buscando minimizá-los, ao invés de buscar eliminar as causas, realimentando o ciclo de malfeitos na gestão das coisas públicas. A participação efetiva da sociedade é imprescindível, mas acima de tudo faz-se necessária a vontade de agir, não intempestivamente e, sem o viés politiqueiro do ‘fui eu quem fez’, para conjugarmos o verbo de forma a envolver a sociedade, ‘o fomos nós’, a fim de torná-la participativa na busca de alternativas viáveis para solucionar os problemas que a muito afligem o nosso pais. Triste é constatar a falta de interesse de muitos colegas das instituições voltadas a preservação do meio ambiente, em participar de ações que buscam formar uma consciência ambiental embasada em aspectos técnicos, nas palestras promovidas pelo governo municipal, voltadas aos temas ambientais, em especial a questão da produção de água e a recuperação e manutenção das nascentes em nossa cidade e região.

A questão central não está na ocorrência das não conformidades visíveis no trato das coisas públicas e em especial no que se refere a convivência em sociedade, o principal fator de desequilíbrio é a nossa postura diante da vida, o desinteresse no social e a insistência em ser centrado no eu e não no nós. Mas é preciso recordar-nos que o eu, só tem sentido de ser, enquanto existir a sociedade. È tempo de agir e de interagir, participe atue na busca de alternativas viáveis voltadas a melhoria da vida em nossa cidade e região.

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