Coluna Linhas Cruzadas – A árvore das lágrimas
A árvore das lágrimas
Havia eu feito a entrevista com o Afonso, cujo texto foi muito bem aceito por pessoas de destaque das comunicações. Pensei em conhecer aquele monumento descrito pelo “Alemão”. Alinhavo o momento para fazê-lo sem pressa, na esperança de poder repetir os mesmos sentimentos daquele grande escritor Paulista. Há que predominar um estado de espírito mais que harmônico. Busquei as informações sobre o local e descobri sem erro todo o percurso. Como uma simples árvore pode despertar num ser humano tanta grandeza? Senti, ao chegar ao local, toda a criação Divina privilegiando espécies e dando-lhes poderes inimagináveis. Como me senti também privilegiado, como o foi Afonso em poder travar com aquela espécie um tipo de sentimento que me eleva como Ser. Mirei-a! Que sensação enternecedora. Vi-me de corpo inteiro partícipe de um deslumbrante cenário aonde cenas iam se desenrolando como um filme longo projetado em câmera lenta.
Onde fica esta árvore? Imaginem uma centenária seringueira de sombra majestosa, erguida ali no extremo do Ipiranga, quase onde se localiza o inicio da Anchieta, ponto de encontro de chegadas e despedidas de milhares e milhares de seres, daí toda a história que envolvia sentimentos puros de entes das mais diversas classes sociais. Lágrimas me vieram aos olhos. Uma árvore guardando tantos e tantos segredos. Fui abraçar seu tronco. Queria eu que ela, a árvore, me contasse muitos dos segredos guardados. Ela continuou muda guardando histórias. Acariciei seu tronco. O tato em pequenas reentrâncias me fez olhar as marcas. Ali fora marcada uma história que simbolizava todas as histórias acumuladas. Um canivete, talvez, se afundara na casca e deixou gravado um coração transpassado por uma lança. Ali o resumo de todas as histórias escritas desde aquele momento em que São Paulo escreveu seus passos de amor por tantos e tantos seres que vieram de tantas e tantas partes do mundo.
Sentei-me no chão e sob a sombra daquela árvore rabisquei o histórico desta crônica. Também entre lágrimas escrevi meu momento e partilho com você o que senti naquela local: Amor, muito amor!
Esta árvore até uns 30 anos passados estava preservada pela Prefeitura de São Paulo. Não sei como ela hoje se encontra. Um quadrado murado a guardava. Creio, que se alguém desejar conhece-la, deve ligar para a Secretaria da Cultura do Município de São Paulo e buscar informações sobre este monumento de vida deste meu povo.
Obrigado Afonso, sua árvore é minha também.