Coluna Linhas Cruzadas – O Presidente que marcou um tempo (parte 3)

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Getúlio Vargas  se suicida. Deixa uma carta sobre o ‘mar de lama’ que o rodeava e cujo final tão trágico provocado pelo o evento da Rua dos Toneleiros.  O fato abalou Juscelino pois o Presidente muito favoreceu a sua administração em Minas Gerais.

A rivalidade entre o PSD e a UDN cresceu pois o PTB de Getúlio apoiava aquela legenda, o que não agradava a alguns militares e ao Café Filho que ocupara a Presidência. JK fica entre a cruz e a caldeirinha mas sobreviveu a nível nacional pelo excelente governo que praticava. Habilidoso foi oficialmente homologado em sua candidatura a Presidência da Republica pelo PSD em fevereiro de 1955, precisamente no dia 10. Os efeitos dos vínculos do PSD com o Getulismo foram crescendo em animosidade pela combatividade do Carlos Lacerda, pessoa chave nos acontecimentos que levaram a morte de Getúlio.

Juscelino teve que contornar habilmente, quando a 4 de abril, se desincompatibilizou do Governo de Minas.  A sua campanha, lembro-me bem, começou em uma pequena cidade do Planalto Goiano, em Jataí onde habitavam cerca de 20 mil pessoas. Bombástico proclamou aos quatro ventos um slogan que marcou seu tempo: “JK promete fazer o país crescer 50 anos rm 5” se eleito.

A simpatia de JK ganhou as ruas de modo avassalador e ele conquistou a todos, e cresce na disputa pela presidência da República pela coligação PSD-PTB. O Vice da chapa era o Jango Goulart, do PTB. (Corria em todos os meios políticos e ganhou as ruas o boato de que Jango era filho bastardo de Getúlio).  JK se elegeu a 3 de outubro de 1955. Jango fora uma figura meramente decorativa, pois JK era o ator principal naquele cenário quente da politica brasileira. Há uma expressiva manifestação de Ulisses Guimarães que ficou na história: -“O homem publico, especialmente o presidente, não pode ser amargo ou ressentido. O exercício na vida pública deve ser feita com alegria e felicidade – JK sempre foi um homem feliz e alegre!”

As manobras politicas e ações na justiça movidas pelos perdedores, UDN e Cia, chegaram ao clímax. Café Filho é afastado e quem assume é Carlos Luz, presidente da Câmara Federal. Ocorreram lutas entre todos, situação e oposição, com destaque para Carlos Lacerda, Adhemar de Barros e militares como Teixeira Lott, Cel Bizarra Mamede. A coisa pega fogo. Carlos Luz renuncia ao cargo e quem assume foi o senador Nereu Ramos que levou a presidência até a posse de JK a 31 de janeiro de 1956.

Havia sido decretado o chamado ‘Estado de Sitio’ e, JK, em seu ato como presidente foi pedir a sua revogação. Tem inicio aí o mais belo período da vida administrativa brasileira. A primeira reunião do seu ministério foi o primeiro de fevereiro. Lembro-me bem pois estava eu no Rio, cobrindo um outro evento, e aproveitei para ir ao Catete para conhecer o Palácio. O serviço de comunicação ofereceu um resumo do que foi tratado em que constava um chamado ‘Plano de Metas’ e, por decreto, instituiu o Conselho Nacional de Desenvolvimento que foi a espinha dorsal do sucesso de sua excelente administração. José Maria Alkimim era o seu Ministro da Fazenda e teve a habilidade extremada de manter a estratégia de equilibrar o orçamento e estabelecer o rígido controle da inflação. Tal politica econômica assegurou JK executar com severidade todos os planos estabelecidos.

Talvez o fato mais marcante da sua administração, apesar da oposição ferrenha da UDN, foi a aprovação pelo Congresso Nacional, em 19 de setembro, da autorização para ele sancionar a Lei que autorizava a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (NOVACAP) que possibilitou a materialização da criação de Brasília. Nesta época eu trabalhava no jornal ‘O Tempo’ em  SP e fui ao rio fazer a cobertura.

(Continua)

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