Coluna Louveirando – Amargo Progresso
Amargo Progresso
Diante de tantos apontamentos e desapontamentos em relação à saúde do planeta, nos deparamos sempre com cenas que nos permitem questionar o que realmente é progresso.
Os registros de que estamos devastando o planeta Terra estão em toda parte, o que não deixa de ser verdadeiro, mesmo o presidente eleito dos Estados Unidos da América discordando disso. Para os incautos, e os boçais, serve de álibi.
Aqui na nossa LOUVEIRA também tem disso. Claro que o progresso é necessário, e mais que necessário, é infreável. Sendo assim, deve ser planejado, ou pelo menos deveria. Tudo o que queremos é viver melhor e, numa cidade do interior, assim como LOUVEIRA, parece que se torna mais fácil viver e ser feliz. Parece mesmo.
Algumas cenas chamam a atenção ou passam despercebidas, depende muito do nosso estado de alerta em relação aos acontecimentos que nos rodeiam, fator que pode mudar uma paisagem ou mesmo uma vida para sempre. O que queremos nós de fato, ao permitir ou exigir que se crie condições para andarmos rápidos, sem perceber ou levar em conta que andar rápido pode nos levar também, muito rápido, ao fim de um mundo que dizemos muitas vezes que amamos.
Uma obra bem planejada causa o mínimo de danos aos seres que vivem no interior da mata que está sendo varrida, se tornando terra vermelha, asfalto e por fim, uma via para os nossos carros, uma rodovia. O ser humano deve ser colocado em primeiro lugar sempre, acredito que deva ser assim, mas para se estar em primeiro lugar, deve-se ter as qualificações necessárias para tal júbilo. Dá tristeza ver máquinas tão poderosas enfrentado um sagui, que fatalmente acabará estendido no chão, salientando que máquinas são conduzidas por homens, muitas vezes gananciosos de poder, vide Brasília.
Nesse ritmo tão desafinado, tão distanciado dos ensinamentos do respeito à vida, a nossa terra da videira, num tempo não muito distante se tornará apenas mais um lugar comum. O que então poderemos fazer para frear o progresso com gosto amargo? Poderíamos andar na contramão as vezes. Me soa engraçado, mas não alegre, ver que as pessoas que desmatam aqui, se mudam para um lugar onde a mata ainda existe, um lugar ainda tranquilo, deixando para trás a terra batida.
LOUVEIRA ainda tem áreas verdes e, esse flagrante de desmatamento, aparentemente trará benefícios para nós que moramos aqui, e para os que nos visitam, se fazendo valer do objetivo de beneficiar a população. O Estado, claro, é pensado para os cidadãos viverem bem, então para cada árvore arrancada de um local, deveria se plantar outra em um outro local e, mesmo que levasse um longo tempo para que ela se desenvolvesse e chegasse ao tamanho daquela que levou anos para crescer, também deveria lhe garantir o usucapião do local em que foi plantada. Talvez tudo isso seja evolução mesmo e nós um dia aprenderemos a respirar do nada. Se isso acontecer, com os meus sentidos de hoje, acredito que esse mundo seria muito triste e teríamos que tirar ‘videira’ da letra do hino de LOUVEIRA, mas manter ‘guardo você no coração’. Socorro senhores Clóvis Mazzali e Santo Scarance!
Trilha Sonora / Hino de Louveira / Banda Progresso Louveirense