Coluna Louveirando – Mentes congestionadas
Mentes congestionadas
Ficar retido num congestionamento pode ter vários lados, depende de onde você esteja, quantos veículos estejam à sua frente, enfim poucas saídas, e em LOUVEIRA isso não é diferente.
Dia destes eu fiquei em um congestionamento por uma hora e cinquenta minutos, para andar três quilômetros, o que para mim, especificamente, foi bom, com reservas. Devo rir ou vocês rirão por mim? Vi gente, motoristas com comportamentos muito variados, muitos, a grande maioria, ops, não se deve dizer “grande maioria”, ouvi isso esses dias, se pensarmos bem, deve ser verdade. Meus olhos atentos viram a maioria firme na fila, alguns fazendo meia volta, outros trafegando pelo acostamento, sabendo, acredito eu, que isso seja uma prática condenável.
Durante esse tempo tive a oportunidade de refletir sobre a vida e o tempo, do que podemos e do que não podemos, dos nossos limites, e, o mais absurdo foi perceber o quanto somos dependentes do carro e de como estamos sujeitos às intempéries do trânsito. Em LOUVEIRA, quando andamos por aí, se prestarmos atenção também observaremos alguns congestionamentos, estes muito mais graves, atingindo de modo cruel o modo de pensar e de agir de muita gente que insiste em se achar dona da verdade. A verdade é a dona de si, caminha de cabeça erguida e ri, quase zomba, dos seus não praticantes, mas por se saber verdadeira, espera tranquilamente o dia que virá à tona, pois sempre vem.
Um congestionamento sempre me chama a atenção, pois num momento está lá e no outro não mais, e, ninguém adivinha o seu tempo de duração, fator que não impede que todos deem opiniões. Sou muito tranquilo no trânsito, mesmo em um congestionamento, ligo o som e ouço minhas músicas, cumprimento algumas pessoas que caminham no acostamento mesmo correndo riscos. Posso afirmar que admiro essas pessoas, não tenho mais essa disposição para caminhar, confesso que estou precisando.
Mas mesmo no interior de um carro se pode apreciar as margens da Rodovia Romildo Prado, que embora estadual, tem cara de municipal com sua paisagem verde, entradas que levam a outros destinos, diferentes do que estou a caminho. Gosto dessa rodovia, não gosto de manter os faróis sempre acessos, eu acho desnecessário, mas a lei me cala e me faz acendê-los, cumpramos a lei. “Barbaridade” diria minha amiga querida Patrícia Zilmer, não se referindo ao trânsito, mas sim ao que escrevi, salientando com seu sotaque sulista tão bonito, que eu usei tantas palavras para dizer uma coisa tão simples. Eu cá comigo, concordando, diria que ela tem razão, consciente de que minha mente é que está congestionada. Ela rindo muito retrucaria: “João, tomes um chimarrão.”
Trilha Sonora / Caçador de mim / Milton Nascimento