Coluna Louveirando – Que beleza, só vendo!

Essa construção tão avariada, aqui em LOUVEIRA, ainda é muito bonita, pois não há quem passe sem observá-la, pelo menos foi o que constatei durante as duas horas que fiquei parado ao seu lado.

Se bem observada for, nota-se que seus tijolos antigos e fortes dão sustentação às suas paredes que aguentaram, pelo menos até agora, o peso dos anos e do abandono, fato corriqueiro em muitas cidades do Brasil. Poderia aqui, ser diferente. Pertencente ao conglomerado de patrimônio da linha férrea, hoje é apenas uma sombra do que fora nos tempos de glória das ferrovias. Isso poderia ter sido mudado quando em LOUVEIRA se restaurou a Estação Ferroviária, que ficou belíssima, estendendo a restauração até esses prédios históricos. História é isso.

O progresso humano também se mede pela conservação de uma cidade, pela valorização do que foi novidade ontem, do que contribuiu para que a população saísse as ruas com a alegria natural da participação na história. Cada tijolo ali parece guardar segredo de um tempo que caminhava lado a lado com os acontecimentos, diferente de agora que, os acontecimentos atropelam o tempo numa velocidade quase imoral, e, por isso mesmo tão tentadora para quase todos.

Mas como sempre vale a pena sonhar e ser otimista. Na semana passada, enquanto comprava seis espigas de milho verde por cinco reais, na feira da mesma rua deste prédio, tive o pressentimento de que alguém, de LOUVEIRA ou não, tomará frente para restaurar algumas construções que fazem parte da história da nossa cidade. Estou na torcida.

Pelas nossas andanças por aí, deveríamos, acredito eu, sermos mais atentos a tudo que nos cerca, porque na verdade também somos, de alguma forma, tudo o que nos rodeia. Ao lado desta construção existem algumas outras bem mais recentes, com aparência de modernas, bonitas mesmo, mas por enquanto sem o charme tão necessário para serem chamadas de históricas, pelo menos eu vejo assim. Para que elas não se sintam enciumadas, eu as fotografo também e, posso dizer que elas ficam muito bem na foto. Admiremos sempre o poder do suor e do barro, tão elementares e ao mesmo tempo eternos.

Trilha Sonora / Sonhar não custa nada / Paulinho Mocidade (1992)

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