Coluna Louveirando – Um beco com saída
Um beco com saída
Ao andar pelo centro de LOUVEIRA, pode-se deparar com muitos lugares interessantes. Acredito que interessante seja algo que nos toca, que nos remete a alguma coisa em nossos ‘andares’ por aí. Num dia de muito calor, ao tentar o caminho mais curto para um determinado destino – coisa contrária ao meu cotidiano, pois sempre escolho o caminho mais longo – me vi passando por um beco. Achei interessante esse beco e, parei bem no meio do caminho. Meus olhos buscaram através da lente de uma câmera, o que estava à minha frente, gostei e continuei a caminhar, mas minha memória gravou a imagem captada pela câmera.
LOUVEIRA é assim, quem anda pela cidade e presta atenção ao caminhar, percebe lugares e coisas que até então passavam despercebidas, pois o nosso cotidiano, de alguma forma nos cega para as paisagens dos caminhos comuns. Ouço algumas vezes pessoas dizerem que LOUVEIRA não tem nada. Discordo, pois nossa cidade tem muitas coisas para serem observadas, vistas, mas que de alguma forma não nos atraem. Por quê?
Talvez seja por causa do famoso ditado que diz que “santo de casa não faz milagre.” Pode ser, ou então, queremos um milagre que não merecemos, tudo é possível.
Ainda uma noite dessas discuti, no bom sentido de uma discussão, entre amigos, com Carlos Tiokal, sobre a dificuldade de se implementar projetos culturais em nossa cidade. Concordamos que realmente seja difícil, mas que também se nos rendermos ao difícil, nunca teremos projetos culturais realizados. Por outro lado, os acontecimentos culturais, num sentido mais amplo, acontecem forjados pelas pessoas que têm interesse em ver a população louveirense participando de algum evento cultural. Podemos exemplificar com as festas tradicionais da cidade, como o carnaval, ou alguns eventos musicais e de dança, e por aí vai…, até chegar aos nossos escritores, sim, temos os escritores com livros lançados por meio da ALLA (Academia Louveirense de Letras e Artes). Leiam e opinem, mas leiam… como se diz por aí “ler é sempre bom”.
Mas voltemos ao beco que nos permite ver por entre as suas paredes um posto de gasolina, uma escola ao longe, um céu com poucas nuvens, uma luminária com porte de antiguidade e dois coqueiros, seriam os que dão coco, como diz a música? LOUVEIRA deve ter outros becos para outros olhos, bem como lugares que louveirenses ainda não olharam com atenção pelos motivos mais diversos, ou olharam e ainda não estavam preparados para notarem qualquer valor nestes lugares. Enfim, cada um é cada um. Eu cá comigo sempre observo e, por observar e ouvir muito posso dizer que LOUVEIRA as vezes, entra num beco, mas com otimismo percebo que é um beco com saída.
Trilha Sonora – Saudosa Maloca – Adoniran Barbosa