LOUVEIRA: Ainda tem mendigos em Louveira. Por quê?
Muitas pessoas tem contatado a redação da FOLHA NOTÍCIAS reclamando que LOUVEIRA ainda está com muitos mendigos nas ruas, apesar de a Prefeitura de LOUVEIRA ter renovado o convênio com o Centro Terapêutico Educacional Cristão (CETEC), situado na Rua Ester Martini Steck, no valor de R$ 513 mil, onde funciona também a Casa de Acolhimento inaugurada em fevereiro de 2014 para atender e acolher pessoas em situação de rua sob a supervisão do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS) e a Secretaria de Assistência Social.
Localizada no Bairro Capivari, a instituição realiza atendimento emergencial aos itinerantes, trecheiros e moradores de rua que se encontram em risco social e que estão sendo acompanhados pelo CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social) com o objetivo do retorno a sua cidade de origem, à família e à comunidade.
CONVÊNIO RENOVADO
O convênio renovado no dia 23 de dezembro do ano passado entre a Prefeitura e a CETEC é da ordem de R$ 513 mil (quinhentos e treze mil reais), divididos ao longo de doze mezes (de janeiro a dezembro de 2015) iguais de R$ 42.750, (quarenta e dois mil e setecentos e cinquenta reais) e cobre as despesas para o atendimento de até 15 pessoas que recebem cinco refeições diárias, assistência médica, psicológica, educacional e espiritual, além de cursos, palestras, atividades de lazer e até mesmo uma pequena horta.
Mas se toda essa estrutura está funcionando a contento diariamente, por que ainda existem mendigos nas ruas de LOUVEIRA? Segundo a educadora social do CETEC, Isabel Cristina de Oliveira, existem de 5 a 8 pessoas nas ruas da cidade que estão em fase de abordagem, de criação de vínculos com as pessoas da entidade, além do levantamento da vida pregressa que é feita pela Guarda Municipal para saber os antecedentes de cada indivíduo. “É trabalho delicado e muito lento, a pessoa não é trazida de imediato para a Casa de Acolhimento. Precisa passar por uma espécie de triagem que é feita pelo CREAS porque temos poucas vagas, agora mesmo estamos com 13 pessoas na Casa e o número máximo de acolhimento é de 15 pessoas, ficam portanto, abertas apenas duas vagas”, esclarece Isabel.
REAPRENDER A VIVER
“Aqui na Casa eles reaprendem a viver, a arrumar a cama, tomar banho, escovar os dentes, lavar a roupa e recebem atendimento diário da nossa equipe multidisciplinar formada por doze pessoas, que atua desde o café da manhã ao monitoramento do turno da noite, quando todos se recolhem às 22hs”, explica a coordenadora Regina Helena Ono, cuja equipe é formada por Júlio Amaral Ferreira, psicólogo, Elaine Aparecida Santos, assistente social, Fábio Ferreira de Oliveira e Isabel Cristina de Oliveira, educadores socais, e cinco monitores. Essa equipe foi contratada em Jundiaí pelo CETEC que assim terceirizou os serviços, inclusive os cinco monitores também são de Jundiaí, só a cozinheira é de LOUVEIRA. A direção geral dos trabalhos fica por conta do CETEC, que tem como presidente Sidney Sales. Mas a supervisão é feita pela Secretaria de Assistência Social do Município.
“Hoje existem cerca de 30 pessoas nas ruas, entre trecheiros e itinerantes, que ficam de dois dias a uma semana e vão embora, moradores que passam o dia na rua e depois voltam para suas casas, e pessoas vindas de outros estados. LOUVEIRA é uma passagem para as cidades maiores como Campinas e Jundiaí, por isso tem muito trecheiro e itinerante circulando por aqui. Mas todos são abordados pelos nossos funcionários e identificados para receberem assistência”, esclarece Regina.
OPÇÃO PELA RUA
“Essas pessoas que ficam o dia todo na rua bebendo e usando outros tipos de drogas não são mendigos ou ‘pardais'”, garante Regina. “E nem são moradores de rua, mas cidadãos louveirenses, geralmente idosos, que vão para as ruas para escapar da solidão e muitas vezes de maus tratos dos familiares. É na rua onde encontram os seus parceiros em situação semelhante, mas que ao cair da noite voltam para as suas residências e ao convívio com a família que chega do trabalho onde passou o dia fora. Como não gostam de ficar sozinhos os idosos buscam colegas nas ruas dando a impressão que são mendigos ou que estão morando na rua”, reitera.
POUCAS VAGAS
Questionada sobre a possibilidade de surgir um número grande de mendigos e pessoas em situação de rua, o que fazer se só tem duas vagas na Casa que acolhe apenas 15 pessoas? “Para atender uma quantidade maior de pessoas será preciso ampliar a estrutura da Casa e aumentar a equipe de profissionais. Os chamados ‘Centros Populares’ abrigam até 30 pessoas, mas por causa do maior número o nível de atendimento é bem inferior de uma casa com menos gente, e geralmente são para cidades com maior número de habitantes”, explica Regina.
Como as queixas com relação ao aumento de mendigos nas ruas de LOUVEIRA continuam, e a capacidade do Centro de Acolhimento é de apenas 15 pessoas, uma vez que o prefeito Júnior Finamore disse “estar com a mão estendida para os mendigos da cidade porque sempre teve vontade de ajudar os moradores de rua a terem uma vida digna”, a ampliação da Casa está em suas mãos.
Segundo o prefeito Finamore, quando conversava com alguns deles (mendigos) percebia que eram pessoas boas, carentes, e que acabavam vivendo daquela forma porque, por um motivo ou outro, foram excluídos da sociedade. “Fico feliz porque agora, como prefeito, tenho a chance de mudar isso. Criamos este lar como uma opção, uma oportunidade para todos. É a nossa mão estendida para acolhe-los”, acredita. Mas se é uma “oportunidade para todos”, porque só 15 vagas, caro prefeito?