LOUVEIRA: Casal é agredido por adversários políticos em praça pública
O que deveria ser uma festa da democracia acabou em ocorrência policial, depois que duas pessoas (a candidata a vereadora Maria Eliene de Morais, a ‘Lia Palaro’; e o companheiro dela, o fotógrafo Roberto Palaro) foram agredidas pelo irmão e por um sobrinho do presidente da Câmara Municipal de LOUVEIRA, Nilson Cruz. Nilson, que é candidato a vereador, nega que tenha havido agressão, porém, as imagens são a prova da violência e da briga que ocorreu no pequeno e conturbado comício do candidato Estanislau Steck.
Lia (candidata do PEN, partido que apoia a candidatura do empresário Julliano Gasparini) foi agredida com uma bandeirada no rosto, próximo ao olho esquerdo, durante um comício do candidato a prefeito Estanislau Steck (PSD), que acontecia na manhã de domingo, 11, na praça Padre Pedro Sanches, no bairro Santo Antônio. Ela estava ao lado do marido, Roberto Palaro – que estava trabalhando, gravando o comício. Palaro levou socos no braço, na boca e no rosto e foi derrubado.
O episódio mostra que alguns dos candidatos louveirenses não têm preparo sequer para comandar ou exercer controle sobre um grupo pequeno de apoiadores – que dirá sobre uma Prefeitura inteira? Os envolvidos alegam que não sabiam ou sequer acompanharam o que estava acontecendo – mas todos têm sua parcela de culpa no incidente que culminou em duas pessoas feridas.
A confusão teria começado motivada por um incidente entre Nilson Cruz (que apoia a candidatura de Estanislau Steck) e Gustavo Tarallo (sobrinho do prefeito Júnior Finamore), que também estava no evento ao lado de outros apoiadores do prefeito à reeleição. Segundo diversos relatos, Nilson teria se aproximado de Gustavo, tentando abraçar o adversário político para posarem, juntos, para uma foto – para, teoricamente, mostrar que não haveria qualquer desavença entre os grupos políticos.
Gustavo, no entanto, por não gostar da ‘brincadeira’, teria se desvencilhado do abraço. Nesse momento, os dois grupos teriam principiado uma discussão rápida, o que chamou a atenção de Roberto Palaro – que filmava o comício, quando Estanislau falava. Palaro se virou para ver o que acontecia e, naquela fração de segundos, ocorreram as agressões. Imagens foram feitas pelo próprio Palaro e compartilhadas durante a semana em páginas e grupos do Facebook. O vídeo também pode ser conferido na página do Facebook da FOLHA NOTÍCIAS. Após registrarem as agressões no Distrito Policial, Palaro e a esposa foram, na segunda-feira, 12, ao Instituto Médico Legal (IML) de Jundiaí, onde fizeram exames de corpo de delito. O comício prosseguiu normalmente, sem que Estanislau Steck ou algum dos candidatos a vereador presentes fizessem qualquer menção ao episódio. Foi só ao final do comício que Estanislau ‘se desculpou’ com os presentes, mas não se desculpou com as vítimas.
Estanislau: “Não vi o que aconteceu”
O vereador e candidato à Prefeitura Estanislau Steck conversou com a reportagem da FOLHA sobre o incidente. “Eu não vi (o que aconteceu). Eu estava falando olhando pra frente, e (o tumulto) aconteceu atrás de mim.”
Estanislau também deu sua versão sobre a ‘brincadeira’ de Nilson Cruz que teria originado a confusão: “No momento em que eu olhei, o Nilson estava abraçando o Gustavo Tarallo. Estava pedindo para tirar uma foto juntos. Estava brincando, sem qualquer agressividade.”
Em seguida, ele fez críticas ao sobrinho do prefeito: “O Gustavo está provocando a gente… Ele veio à minha Convenção e ficou assediando os candidatos do meu grupo dentro da minha Convenção. O Gustavo veio e estava filmando a gente. Depois, me falaram que o pessoal do Gustavo achou que ele estava brigando e vaiando nosso grupo, e que o próprio grupo foi tentar tirar ele dali…”
Estanislau conta a versão do irmão de Nilson Cruz: “Já o Nélson estava com uma lesão no nariz, estava dizendo que a máquina do Roberto bateu no nariz dele. Mas eu não vi o que aconteceu com o Roberto e a esposa dele, não vi esse filme também, eu não sabia que tinha havido soco.”
Sobre o comício ter prosseguido, Estanislau disse que pediu desculpas no final: “Eu pedi desculpas. A gente tem que respeitar os atos dos outros, assim como peço que respeitem os nossos”.
Nilson: “Não aconteceu nada”
O presidente da Câmara, Nilson Cruz, conversou com a FOLHA NOTÍCIAS na terça-feira, 13, logo após o encerramento da sessão ordinária daquela noite. Nilson afirmou, com todas as letras, para a reportagem, que “não aconteceu nada”. “Eu tenho como provar pra você que não houve nada. Tenho um vídeo para provar que a agressão não é verdade”, afirmou. Entretanto, ele não mostrou o vídeo.
Segundo Nilson, ele tinha alguém gravando o evento: “Eu tinha uma câmera especial para esse momento, uma câmera que filmou todo o evento, inclusive na hora do acontecido.” Ele também conta o episódio envolvendo Gustavo Tarallo. “Fui fazer uma foto com o Gustavo Tarallo, mas ele não quis. Virou aquele tumulto.”
Nilson volta a insistir que tem outra gravação: “Eu tenho outro vídeo. Esse vídeo vai ser comparado na Justiça. Estamos passando por um período eleitoral, mas depois, passada a eleição, quem estiver inventando vai pagar pelos seus erros. Essas são as minhas palavras. Eu tenho como provar, não aconteceu nada”.
A FOLHA NOTÍCIAS tentou ouvir o irmão de Nilson Cruz, mas foi orientada pelo presidente da Câmara a conversar com o dr. Dario Figueiredo – que é o diretor geral da Câmara Municipal e que também se declarou ‘advogado’ de Nélson Cruz. O dr. Dario também negou qualquer agressão. “Em momento nenhum o Nélson agrediu. Houve um tumulto geral, um empurra-empurra e incidentes no fatídico Comício. Mas ele não fez nada”, relutou.
Episódio ‘bombou’ na internet
A agressão, as discussões e bate-boca entre os grupos políticos foram motivos de discussões nas páginas e grupos de louveirenses pelo Facebook. Em pelo menos uma postagem foi dito que “um sobrinho do prefeito” tem provocado brigas – como já havia dito Estanislau Steck. “Esse candidato tem provocado, foi na convenção do outro candidato da oposição. Tem andando com carro de som próximo à caminhada dos opositores do seu tio prefeito pra provocar”. O candidato da Coligação ‘Muda LOUVEIRA’, Julliano Gasparini, lamentou todo o ocorrido com Palaro e Lia. “Vamos dar todo o apoio para que isso seja esclarecido e os responsáveis sejam identificados e punidos pela Justiça. Temos trabalhado com base no diálogo, nas propostas de um governo digno aos louveirenses, e na propagação da paz. ”, afirmou Julliano.
Já ‘Lia Palaro’, disse que o desrespeito maior foi ter apanhado de homens em praça pública, em pleno século 21. “Fui humilhada e agredida numa época que pensamos que as pessoas tem respeito umas pelas outras. Mas não. E agora tenho ainda mais motivação por lutar contra a violência da mulher. Quero Justiça e ver os culpados na cadeia. É esse tipo de má política que combato dia a dia. Esse tipo de pessoa não pode ficar no poder”, desabafou.