LOUVEIRA: Casos de falta de atendimento adequado na saúde gera pânico

Ambulâncias demoram a chegar e muitas estão paradas, sem uso

Ambulâncias demoram a chegar e muitas estão paradas, sem uso

Em apenas uma semana, parte do Sistema Público de Saúde de LOUVEIRA falhou mais uma vez de forma trágica, provocando uma morte e por pouco não causando outra, sendo que nos dois casos os pacientes apresentaram problemas cardíacos que não tiveram a devida assistência, porque a vítima fatal passou três dias tomando apenas soro, até ser transferida para um hospital em Jundiaí, falecendo no momento em que dava entrada no atendimento, tarde demais.
O outro caso envolvendo pessoas com problemas no coração levou duas horas esperando uma ambulância para ser transferido do Pronto Atendimento (PA) do Bairro, que não possuía monitor cardíaco, para a Santa Casa onde finalmente pode ser atendido adequadamente, mas o descaso com o paciente, em ambos os casos não deixou de gerar profunda revolta entre os familiares.
Pelo curto tempo entre um e outro caso, e pelo aumento vertiginoso de casos de dengue, a população louveirense ficou em estado de pânico, principalmente por causa da morosidade com que a Prefeitura vem tratando a saúde, a ponto de ser instalada uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) na Câmara Municipal para investigar os problemas existentes na construção do prédio da Nova Santa Casa que corre o risco de desabar a qualquer momento.

FALTAM MÉDICOS?

Revoltada com toda essa situação, Vandersi Teixeira Souza, esposa de Vilson Souza, o cardíaco que conseguiu sobreviver, relata que viu inúmeros problemas no PA. “Nós chegamos no PA por volta das 9h, a sala de espera estava lotada com gente doente de dengue, mas lá não tinha nem monitor cardíaco, nem agulha infantil, nem luvas. Às 11h30, depois que pedi a presença da FOLHA, a ambulância chegou e graças a Deus o meu marido estava ainda vivo sendo levado imediatamente para a Santa Casa onde então recebeu atendimento adequado sendo depois liberado. Mas no PA do Bairro falta muita coisa, desde remédios a produtos e equipamentos. O que sei é que muitos médicos foram embora de LOUVEIRA deixando a população assustada”, avalia Vandersi que mora no bairro Santo Antônio, onde nasceu e vive.

POVO FALA

Conversando com a reportagem da FOLHA NOTÍCIAS, Antonio Hamilton Braga, morador da Vila da Conquista, comentou que o atendimento na Santa Casa está bom, mas precisa melhorar, pois vive lotada. “O atendimento é devagar, faltam médicos. Quanto aos remédios, está bom, porém precisa ter mais gente para atender melhor a população. Soube que vão demolir o prédio novo da Santa Casa. É uma pena, fui dar uma olhada, está tudo rachado. Um descaso para com a gente”, constata.
Por outro lado, Regiane Gonçalves, moradora do Parque dos Estados diz que a demora é só de vez em quando porque tem muita gente, O atendimento é muito bom, perdi minha mãe antes de ontem (segunda-feira, 13) e o atendimento foi perfeito”, acredita.
Já Vânia Cardoso disse que não tem o que reclamar do Posto de Saúde, mas o atendimento da Santa Casa está cada vez pior. “É péssimo. Tem um médico só, um só clínico geral, poderia ter dois, precisava contratar mais médicos. Quanto ao novo prédio da Santa Casa ouvi falar que vão demolir porque está ficando perigoso e custou muito dinheiro”, constata.
Da mesma forma pensa Anelisa Souza, há 70 anos nascida em LOUVEIRA. “Tudo isso que está acontecendo com o prédio novo da Santa Casa foi por questão política, Fui dar uma olhada no local, está tudo rachado, o piso afundou, uma pena estar neste estado uma obra que deveria estar funcionando em benefício do povo, mas o povo está cobrando”, alerta.

OUTRO LADO

A reportagem da FOLHA NOTÍCIAS foi conversar o com o administrador da Santa Casa de LOUVEIRA, Carlos Del Nero, sobre os problemas denunciados à redação  do mau atendimento na saúde que resultou em uma morte, e por pouco não acontece outra, casos de pacientes com problemas cardíacos, ambos atendidos no PA do Bairro, sendo o que faleceu ficou três dias esperando que os médicos chegassem a um diagnóstico preciso o que não aconteceu, até o paciente vir a óbito.
Questionado se faltavam médicos na Rede Pública de Saúde de LOUVEIRA, Del Nero comentou que no final do ano passado (2014) teve férias coletivas, de 20 de dezembro a 6 de janeiro. “Sabendo disso, pensei que se nenhuma UBS (Unidade Básica de Saúde) vai funcionar nesse período a Santa Casa deveria se preparar para um aumento de atividade em seu Pronto Socorro ao longo desse tempo. Mas o que aconteceu? Não houve aumento! Qual a explicação? Fazemos coisas diferentes, a Secretaria de Saúde cuida das doenças crônicas e nós cuidamos das agudas. Acontece que é muito mais conveniente para a população não precisar marcar hora e nem pagar pela consulta. Acostumaram a população a procurar a Santa Casa para tudo. Não faltam médicos, falta educar a população para procurar ser atendida nos lugares adequados para o seu problema, muitas vezes ao lado da casa onde mora. A Santa Casa é um hospital, diferente de um Posto de Saúde”, esclarece.

“NÃO HÁ FALTA DE MÉDICOS”

Hoje, a população de LOUVEIRA é de 42.796 mil habitantes. A Rede Municipal de Saúde atende 13 mil consultas por mês, sendo 6 mil no Pronto Socorro da Santa Casa, 5 mil no Pronto Atendimento do Bairro, e 2 mil no ambulatório de especialidades.“10% dos atendimentos é em pessoas de outras cidades, principalmente Jundiaí, por causa da proximidade dos bairros Currupira e Traviú. Então temos 11.700 louveirenses natos, que representam 1/4 da população deste número de atendimentos. Em 2014 LOUVEIRA tinha 20.247 habitantes conveniados e 22.500 atendidos pelo SUS. Então nos deparamos com o seguinte: cada pessoa é atendida 6 vezes por ano. Portanto, não há falta de médicos, pois atendemos 22.500, metade dos 42.796 habitantes de LOUVEIRA”, afirma Del Nero. “Não há falta de médicos, reitero, o problema com as duas pessoas cardíacas, a demora da ambulância, a falta de agulhas infantis, são fatos pontuais, não constituem a regra, mas lamentáveis exceções”, garante o administrador da Santa Casa de LOUVEIRA.

DEFICIÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR

Entretanto, Carlos Del Nero reconhece que há problemas no atendimento primário da Santa Casa de LOUVEIRA, e que está se agravando.  “Nós temos uma deficiência, mas na área de atendimento pré-hospitalar. Reconheço que é deficiente, não goza de recursos suficientes porque a cidade não se organizou de modo suficiente. Nós dispomos de duas ambulâncias para atender o Suporte Básico à Vida e duas para o atendimento do Suporte Avançado à vida (UTI). São 600 remoções por mês, entre acidentes, mal súbito e convulsões, depois para os que possuem dificuldade de locomoção e estado grave de saúde, a seguir vem os pacientes que recebem alta e não conseguem se locomover e por fim para quem vai se deslocar no caso de exames complexos inexistente na Rede Municipal. E para atender ao hospital, ao pronto socorro, às remoções e ao ambulatório são 230 pessoas trabalhando nas 4 unidades”, explicou.

“TENHO TODOS OS DOCUMENTOS”

Ainda temos deficiência na área de atendimento pré-hospitalar. A cidade não se organizou

Ainda temos deficiência na área de atendimento pré-hospitalar. A cidade não se organizou

O administrador da Santa Casa, Carlos Del Nero, mostrou-se preocupado com as declarações do ex-secretário de Saúde, Vítor Martinelli. “Desculpem a modéstia, mas hoje, em LOUVEIRA, não existe quem conheça mais a Santa Casa, antes e depois, do que a minha pessoa. O então secretário Martinelli nunca esteve na Irmandade, ia direto para a obra, ver aqueles problemas com o atual provedor Alceu Steck. Ele pediu documentos à Prefeitura de LOUVEIRA e não encontrou. Sabem por quê? Porque a Prefeitura não tem mesmo, os documentos estão aqui na Santa Casa, estão comigo, são milhares de documentos, isso o Martinelli não fala ou não sabe. Então estou informando à ele e aos integrantes da CEI. Pode vir aqui falar comigo que vai encontrar tudo sobre a Santa Casa. Ou vamos apresentar durante a CEI ou CPI da Santa Casa”, avalia Del Nero.

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