LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’

Sabão que lava a alma

Há muitas maneiras de se lavar, hoje as mãos ganharam notoriedade, mas a alma sofre tanto como se fosse prisioneira do invisível, ela também sendo invisível aos nossos olhos, acredito que enxergue este inimigo nosso, o vírus da vez, e também enxergue tantos outros, que vão ficando para trás. Nesta cidade, de LOUVEIRA, em um bairro chamado Parque dos Estados, há várias pessoas que considero amigas, porém, hoje destacarei dona Neide, que me presenteou com sabão feito em casa, o famoso sabão de cinza, tão querido das pessoas mais antigas, assim como eu. Na minha família era comum ter esse sabão que dava tanto brilho aos “alumim” tão bem areados, como diziam minhas avós. Esses “alumim” secavam ao sol e ofuscavam nova visão de tanto que brilhavam. E as fraldas de pano da criançada, lavadas e cuaradas ao sol, como eram alvas!

Um gesto afetuoso me encheu o coração de alegria, pois além do produto em sua parte física, houve uma dedicação de pensamento, de tempo, de empatia, de locomoção e força física para com este próximo, eu mesmo, esteja tão agradecido. Me emocionei com a atitude da dona Neide, pessoa que vejo amiúde e que trocamos um dedo de prosa algumas vezes por semana. Outras vezes trocamos vários dedos de prosa, poderia de maneira figurativa dizer que trocamos duas mãos inteiras de prosa, como é bom e como gargalhamos. São momentos felizes na vida da gente, que sempre serão lembrados. Em LOUVEIRA, há muita gente encantadora, percebamos. Em vez de falar mal, que também existe e as vezes insiste dentro de nós, destaquemos o bem e o bom que pupulam por aí.

Sejamos nós então os causadores dos bons momentos, mesmo que virtuais, aceitando com resignação o momento pelo qual passamos, poiseste momento passará e, depende muito do que fizermos hoje para sermos lembrados no futuro, ou mesmo somente por um momento no amanhã mais próximo. Se formos esquecidos depois e nos preocuparmos com isso, se comprovará que não fizemos de bom coração, mas sim para que mão esquerda visse o que a direita estava fazendo, contrariando a lei da empatia. Por falar em empatia, na minha vida existem algumas ‘Neides” que sempre me proporcionaram alegrias e saberes, de muitas maneiras, citarei duas, por aqui, a Neide Rizatto, amiga querida de muitos momentos bons, alguns não tão bons assim, não por ela, mas sim pelas circunstâncias, mas todos enfrentados com aquele sorrisão, aquela gargalhada inerente aos que sabem que estão fazendo o melhor.

Também citarei a Neide, professora de Português, que me brindou em muitos momentos com o seu saber sobre as palavras, seus significados e suas conjugações, com ela aprendi e entendi de maneira categórica, incontestável mesmo que “O Verbo se fez Carne”, que a vida pode ser um palco iluminado e que a gente pode andar vestido de palhaço, mas contrariando a música, nunca perder as ilusões. Também me deu a oportunidade de perceber que “o amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça – que se chama paixão” e também “das vantagens de ser bobo”, incursões intrincadas em nossa humanidade, através de Clarice Lispector, minha escritora favorita. “Bem”, gosto desta palavra e aprecio as amizades, e, tenho certeza que dona Neide sabe fazer uma ótima limonada com os limões, até do tipo cravo, que são excelentes para temperar a nossa vida que virou uma salada. Meu agradecimento e meu carinho às pessoas que praticam o bem, que no meu entender, todos poderemos praticar um dia.

Trilha Sonora / Amigo é pra essas coisas / MPB4

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