LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Meu coração bate feliz em direção aos seus
Era LOUVEIRA, era noite, era junho, era um tempo de pandemia, e no mês de junho não é tão comum chover, pelo menos pela minha memória de hoje. Mesmo assim choveu, e eu, que sempre tive muito medo de chuva e ainda tenho medo de ventania, digo que sempre tive, pois após um tratamento espiritual sério, o meu medo diminuiu muito e a cada dia diminui mais. Graças a Deus. A minha rua sempre, apesar de no passado ter bastante barulho, foi uma rua querida, com vizinhos queridos, o que prevalece até os dias atuais. Tenho amizade com todos; com uns tenho mais contatos e outros menos contatos, mas com certeza somos todos bons vizinhos, cada um com a sua peculiaridade, o que,na minha opinião, só enriquece a vizinhança.
Mas voltando a essa noite de junho aqui em LOUVEIRA, como eu já disse chovia e eu, como de costume, se acordo com a chuva ou durante a chuva, “saio pra fora” e observo o tempo, sendo que muitas vezes fotografo ou filmo. Foi o que aconteceu desta vez. Estando eu na área da frente, observei que os raios, e foram muitos, molduravam uma árvore muito querida e persistente que há anos fez a sua morada e fincou raízes em frente à casa da querida vizinha Vera Lucia Rodrigues Dutra, hoje ela mora numa casa com muitas árvores e flores no simpático bairro da Estiva, aqui na cidade.
Me impressionou essa visão, fiz algumas fotos e gostei do resultado. Diante dessa observação fiz um retrospecto sobre todos os vizinhos que tive durante as décadas que moro neste mesmo local e, constatei que me dei bem com todos eles. Alguns já não estão fisicamente entre nós, outros se mudaram e outros, acredito que a maioria, ainda esteja em nossa rua, que não é só minha. O Clube ainda existe, embora num tamanho muito reduzido, há uma igreja evangélica e um supermercado como novidades da rua. O movimento que sempre foi muito evidente, continua ainda, e há pessoas e carros passando durante toda noite. Eu durmo bem e os barulhos provenientes desse movimento, raramente me acordam.
Me acordaram quando um casal brigou em frente ao meu portão e a moça quebrou os vidros do carro do moço. Saí para ver. Do lado de dentro do muro, no meu quintal ouvi perfeitamente todo o diálogo, que me causou pena pelo tom de sofrimento da moça que proferia impropérios. Outra noite acordei com o barulho de alguém tentando arrombar um bar, bem próximo de casa, aí a Polícia chegou e levou quem estava tentando arrombar o bar, e era uma outra moça. Às vezes passa um carro com o som muito alto, mas somente percebo se já estiver acordado. Todos os dias eu olho a minha rua, de cima pra baixo, pois moro na parte mais alta, e agradeço a Deus pelos meus vizinhos existirem e estarem tão próximos de mim. Agradeço também pela árvore que resiste ao tempo e está ali como um ponto de referência, um marco de resistência, mudando de forma com as estações, e, não há estação mais bonita que a da primavera, quando ela ‘floriamarelando’ o céu, tingindo o mesmo com as cores que eu mais gosto, o amarelo.
Trilha Sonora / Iansã / Gilberto Gil
