LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Eles faziam isso todo dia
Eu parei para observar uma cena que me chamou muito a atenção num dia de vento forte, e havia mais pessoas observando aquela cena que me chamara a atenção. Os pintores estavam dependurados por cordas, acredito eu que com segurança, mas mesmo assim o vento os balançava, o que não os impediu de prosseguirem com o trabalho para o qual foram contratados. Eu vi e senti assim durante os vinte e sete minutos que fiquei parado meio ao longe sem chamar a atenção, somente observando e até admirando a coragem dos tais, coisa que eu não tenho no que se refere à altura e à ventania. Gosto de marcar o tempo quando paro para observar algo específico.
O pano de fundo da obra é uma caixa d ́água num bairro aqui de LOUVEIRA, e, tal qual uma tela, foi ganhando um preenchimento dos espaços em branco com as cores previamente estabelecidas, sei disso por se tratar das cores com que as obras públicas desta linda cidade são pintadas. No tempo em que observava, a imaginação ganhava contornos em relação às outras pessoas que observavam também, e nesses contornos os destaques eram pensamentos soltos como que também embalados pelo vento forte. Pensava eu então que os otimistas diriam que era legal, que era uma obra de certa forma artística ao ar livre, que os contornos eram milimetricamente bem executados, que traria beleza para o local e, além de ser útil à população, enfeitava a paisagem e agradava os olhos.
Já os pessimistas diriam que era muito perigoso, que o mais importante era a água e nem precisaria de pintura, que estava se gastando muito dinheiro com algo que não muda nada, e, que esse dinheiro poderia ser empregado em outras coisas. Mas o pior de tudo foram aqueles que pensaram que os pintores processariam a Prefeitura por terem passado maus momentos ali enquanto executavam a obra. Bem, claro que cada um pode pensar o que quiser, mas neste caso me tornei juiz dos meus próprios pensamentos e sentenciei que o equilíbrio seria o mais adequado, aliás, sempre. Acreditei também que os pintores teriam experiência em lidar com todos os tempos, do melhor ao pior, que estivesse acontecendo no momento em que estivessem trabalhando ali ou em outras obras.
LOUVEIRA me encanta sempre e me desencanta algumas poucas vezes, principalmente no que se refere ao trânsito, mas sigo dirigindo e fazendo a minha parte e, por não ser perfeito, cometo meus erros também. Sendo assim os erros e os acertos mudam de endereço de acordo com as nossas atitudes e a nossa consciência. Se você andar por esta linda cidade, passe a prestar mais atenção nas obras que foram realizadas ultimamente e verás que são muitas, que nossa cidade é uma aquarela pintada com as cores com que agimos em nossas próprias obras. Por isso não deixemos de respeitar as cores das quais os outros preferem, mas que o roxo e o verde são lindos, ah, isso são. Enchem os olhos e o coração palpita tal qual o meu ao observar aqueles pintores pintando ou colorindo mais uma parte da cidade com essas cores. Mesmo que às vezes para se executar uma obra haja ventania que possa nos balançar, torçamos para que os executores não caiam. Como diz/dizia o jargão do programa humorístico: “Balança, balança, mas não cai.”
Trilha Sonora / Lata d ́água (na cabeça) / Elza Soares