LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’

Os meus, o seus e os nossos nãos


Encantado estou, coisa que nunca imaginei que aconteceria ao receber um não, aliás, vários e categóricos nãos. Aconteceu em um despachante aqui de LOUVEIRA, local em que fui para fazer uma documentação. Eu, chegando lá e especulando sobre os documentos e as suas tramitações, não levei a princípio todos os documentos exigidos e perguntei se poderia levar os faltantes depois, o despachante em questão disse que sim, mas que somente daria início ao processo quando todos estivessem em mãos. Nossa, bem que ele poderia iniciar sem os documentos que faltavam e as autenticações, depois eu traria.
Levei um susto ao pensar assim, pois ele a meu ver estava totalmente correto, não abriu mão do que é necessário para a abertura de um processo, neste caso, relacionado ao meu pedido. Fui até o cartório e lá sim, outro susto, um reconhecimento de firma custa dezesseis reais e setenta e cinco centavos, considerei caro e até achei que não havia necessidade de autenticação, reconhecimento de firma pelo cartório, pois eu poderia assinar li mesmo no despachante e ele, idôneo que é, seria a minha testemunha, mas não, então paguei. Não gostei de ter pago. Foi nos prometido um país sem muita burocracia, mas não foi isso que aconteceu.
Voltando a pé, do cartório ao despachante, coisa de uns dez minutos, pensei com os meus botões que poderia ser um valor redondo, e rindo acreditei, que fiquei mais bravo pelo valor quebradinho do que pelo valor em si, embora continue considerando caro o valor. Mas voltando aos “nãos”, posso dizer que quando eu recebo um não e meu cérebro estava preparado para um sim, há de chofre um choque, e um disfarce na maioria das vezes no sentido de que tudo está bem, é assim mesmo, os nãos fazem parte da vida da gente e eu também já disse muitos nãos, como querendo me enganar e desvalorizar ou pelo menos diminuir o efeito do não, redondamente emitido e recebido por mim, não tão redondamente assim.
Chegando ao despachante com todos os documentos em mãos, passei os mesmos a ele, e aí ele sorriu, agradeceu e me disse que daria entrada ao processo. Sorri agradecido também, e torci para que LOUVEIRA tenha mais prestadores de serviços assim, que valorizem o correto, os trâmites legais, que o atendimento seja eficiente e educado com uma simpatia na medida certa. Aí pensei no nosso trânsito, de como estamos atrasados neste quesito, e o quanto não tratamos os outros com a devida educação cidadã, com empatia. E pensei mais, pois geralmente quem comete a infração é um conhecido da gente, que se disfarça de simpático e diz: “já tiro já o carro da calcada, de frente ao seu portão, é bem rapidinho.” Eu, bem, eu agora não reajo com agressividade e sorrio, e, até agradeço. A vida fica mais bonita quando a gente aprende a relevar algumas “pequenas” contrariedades. Não confundir relevar com ser idiota. Agradeço ao despachante por ser o gatilho de tantos pensares. O não é igual um sinal vermelho, a gente para, nem todos, e espera, logo, logo, o sinal ficará verde novamente para os que pararam no sinal vermelho.

Trilha Sonora / Sinal Fechado / Paulinho da Viola

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