LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’

Botei uma flor em minh’alma

Os dias têm sido felizes, com pequenas, dependendo do ponto de vista, tristezas. A vida é assim, digo isso não por conformismo, mas sim, por constatação. E foi num dia em que esses momentos de tristeza apareceram, que eu me encontrei com uma amiga querida, como havíamos marcado antes, para irmos às compras em um mercado aqui em LOUVEIRA. Cheguei, me sentei, ela fez um café e me serviu com leite, uma delícia. Bem diferente dos preços dos mercados, todos aqui, sem exceção, estão com os preços altíssimos, horríveis, pelo menos para mim. Por um momento imaginei os donos dos mercados me dizendo: “ué, se não tá bom, não venha”, que triste, concluí. Por outro lado, não temos como fugir dos mercados, por mais que tentemos. Comida ainda é essencial!

Nos sentamos e falamos da vida, tomamos café, e não mais que de repente avisto a janela da cozinha desta amiga, zelosa amiga, com vários vasinhos com lindas flores. Foi de súbito, aquela visão me levou ou me elevou a outro patamar e, passei a prestar atenção no quão a lindeza das flores podem mudar um astral, em boa companhia então, foi num click. Continuamos a falar da vida, das coisas, de algumas pessoas, das artes, das escritas e como não poderia ser, do resultado das eleições em geral e particularmente do resultado em LOUVEIRA. Tudo com muita leveza, pois respeitamos as urnas. “Como é bom estar vivo”, dissemos ao mesmo tempo. Rimos de nós por constatarmos que temos o direito de sermos nós mesmos.

A janela com flores, é uma janela em cima da pia da cozinha, e há um muro a uns dois metros de distância, mas que se torna invisível quando se observa as flores da janela, digo, na janela. O comum deixa de ser comum quando os nossos olhos se fazem atenciosos, quando o nosso coração, mesmo tendo passado por uma tristeza, não confundir tristeza com infelicidade, se abre para o mundo em que vivemos, o mundo real no qual estamos inseridos. As flores, os vasinhos, a luz do sol, o barulhinho do tomar café com leite meio quente, o miado da Biga, apelido da gata Abigail, o roncar do Costela, o cachorro sênior residente naquela casa; tudo fazia parte de uma composição perfeita para aquele momento, o momento em que estamos mais vivos. Não houve som de bolachas sendo mastigadas por ser um café logo após o almoço, observei depois.

Minha amiga que citei até agora se chama Valdete, e tenho certeza de que somos amigos, sinceros amigos, daqueles que falam o tempo todo quando estão juntos – que passeiam de vez em quando – às vezes com rumo certo e em outras se rumo nenhum. Mas posso dizer que sempre chegamos a algum lugar que nos agrada, que nos faz pensar em quanto o país, o nosso Brasil é lindo, mas ficamos muito mais felizes quando retornamos a nossa LOUVEIRA, cidade do nosso coração, cidade que nos fazem felizes. Pensando assim, imagino que aquela janela florida retrata a nossa LOUVEIRA, que para florir há que ser cuidada, há que ser amada. Espero que isso aconteça e farei, ou melhor, faremos, eu e Valdete, a nossa parte.

Se mais dias assim são possíveis? Na minha opinião sim. Observemos as flores, as janelas, os animais, as casas, os vizinhos, as flores, os cafés, as cores, as ruas e as pessoas, e até os mercados. Tendo em mente que observar não significa bisbilhotar, pelo menos eu penso e vejo o mundo assim. Observar com a intenção de absorver o que de bom existe e descartar o que de mal também existe, torcendo sempre para que todos tenham condição de levar uma vida decente e feliz.

Trilha Sonora / Bons Caminhos / Sergio Mesquita de Barros.

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