LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Refrigerando a alma
Caminhar a pé ou andar de carro por LOUVEIRA é sempre, pelo menos para mim, uma alegria, mesmo com o nosso trânsito tão ruim em vários locais. Confesso que não ando a pé o tanto que gostaria e que me faria bem, mas mesmo assim, ainda ando um pouco. Agora, de carro, ando muito. E andando de carro sempre tenho a chance de me deparar com algumas cenas que eu considero inusitadas, diante do meu entender, pelo menos. Posso citar como exemplo recente o encontro com o senhor Vanderlei, vendedor de sorvete ali na Atílio Biscuola, entre o Quiosque da minha querida amiga Aline Daroz e a Igrejinha do Capivari, aliás, lugares lindos, os dois, entre os demais.
Atílio Biscuola é uma estrada, outrora de terra, que há algum tempo recebeu a sua camada de asfalto e as tão famigeradas lombadas. Essa estrada liga o Bairro do Quebra – Santo Antonio – ao centro da cidade, mais precisamente em frente à Igrejinha do Capivari. É uma delícia andar por ela, transitar por ela e apreciar as suas margens com todos os seus adjacentes, ora uma empresa, ora um comércio, ora uma igreja, ora uma chácara vistosa, ora uma oficina e principalmente, na minha opinião, passar sobre o Rio Capivari, esse lutador incansável. Me parece que esse lutador está perdendo a guerra para nós, os incautos, tidos como inteligentes e bons. Percebe-se neste ponto que inteligência muitas vezes não tem nada a ver com bondade, empatia e cuidado, bem como eficiência na conservação do que foi doado a nós por Deus.
Sempre via o Seu Vanderlei quando transitava por essa estrada e pensava cá comigo que ele era corajoso por vender sorvete com o seu carrinho, ali por aquelas bandas. Neste dia ao passar rapidamente por ele, me deu uma vontade de parar, mas como havia trânsito atrás de mim, não foi possível parar de supetão, então, como gosto muito dos caminhos mais longos, fui até a Igrejinha do Capivari e fiz o retorno, e, por sorte o encontrei em um local que havia uma clareira, o local mais apropriado possível para se tomar um sorvete, e, quem sabe, fotografar e bater um papo. Não deu outra. O sorveteiro veio até mim, pedi um sorvete e puxei papo. Não é que ele também, além de outros predicados, é bom de papo! Conversamos por uns quinze minutos, tomei um sorvete de chocolate branco ao preço de quatro reais sob a fluidez da nossa conversa.
No meio da conversa, observando o trânsito, fiz sinal para um motoqueiro que parou e nos fotografou, rindo, eu e o motoqueiro, agradeci. Seu Vanderlei me contou que vive bem, que trabalha bastante e quase sempre vende todo o seu estoque de sorvete, mas que aos domingos, quando faz muito calor, é o dia que vende mais. Fiquei admirado com a capacidade de comunicação, de humildade e de coragem revelados por este homem. Me senti melhor ainda por ter tido a chance de conhecê-lo, tomar um sorvete, e de quebra, um “Deus te abençoe” dito ele com a sinceridade dos justos ao nos despedirmos. Já indo embora, também eu agradeci a Deus pela oportunidade de ser gentil. Me lembrei de um tempo em que eu era criança e que meu pai comprava sorvetes aos domingos para todos nós da família, quando morávamos no sítio. Sorri feliz. Em tempo, Seu Vanderlei adora tirar fotos, confidência feita por ele mesmo. Ri pela minha LOUVEIRA ser tão gentil também como todos e me lembrei de uma canção antiga, que tenho no pen drive do carro e que foi a minha trilha sonora.
Trilha Sonora / A Praça / Ronnie Von