LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Besta?! Quem?! Eu?!
Em que ponto da curva estamos nós, estaremos nós? Em que mundo nos encontraremos daqui para o ano 2037? Não sei. Espero que quem sobreviver esteja bem, aqui na nossa LOUVEIRA, hoje com tantos sentimentos controversos. Lógico é que cada pessoa pense em si, mas com um pouquinho de empatia, será possível pensar no outro, no nosso próximo. Não sejamos iguais aos carros, ou sucatas de carros que apodrecem ao ar livre, pelo menos, diria eu, estão livres, numa lentidão de apodrecimento, coisa tão natural aos bens de consumo, depois de serem consumidos por nós, os humanos.
Na verdade, nós também, se não todos nós, pelo menos muitos de nós estamos nos sentindo abandonados num terreno baldio, e, com o tempo, seremos esquecidos. Não quero isso para ninguém, e nem para mim tampouco. Percebo isso ao andar pela nossa cidade que, tem uma ótima estrutura, mas que mesmo assim, ainda existem ilhas em desacordo com o que eu chamo de progresso, ou seja, locais em que a vida útil, neste caso, vida útil de veículos se extinguiram. Estão ali, apodrecendo e causando uma má impressão aos olhos atentos e sensíveis de muitos louveirenses.
Chamar a atenção para um fato, não é propriamente uma crítica; as vezes é somente uma maneira de vivenciar as coisas, repito, neste caso, uma coisa feia de se ver. Pode-se questionar o meu modo de ver, e, até se diante de tanta coisa bonita em LOUVEIRA, o porquê de eu estar falando justamente de uma coisa não tão bonita. Ora, ora, tudo que existe dentro de um município, especificamente neste em que resido, merece um olhar, pelo menos o meu olhar. Posso afirmar sem medo de errar que, tudo me atrai e, dentro deste “tudo”, há em mim as mais diferentes maneiras de reagir. Por exemplo, reajo com desânimo, num primeiro momento, ao ver um vaso de flor morrendo sem ser aguado, mas num segundo momento, empresto um balde e rego aquele vaso. Mas aí fica o sentimento de dever não cumprido, pois, ao meu ver, enquanto um estiver morrendo de sede, minha missão não estará completa. Opa, quase que saí do assunto…
…voltando… E se fosse o contrário, ao invés de serem os veículos ali depositados, fôssemos nós? O que será que um dos carros que passasse por ali estaria escrevendo a respeito? Neste ponto, cada pessoa pode, ou poderia imaginar o que seria escrito e se seria escrito. Na verdade, aqueles veículos ali abandonados, pelo menos eu tive essa sensação, me pareceram estar no lugar certo, entre o mato que toma conta, a chuva, o sereno e sol que os enferruja e a terra que os absorverá com certeza, em algum tempo. Afinal tudo que é criado tem começo, meio e fim e, com os veículos não seria diferente.
LOUVEIRA é uma cidade evoluída e saberá, no seu devido tempo, lidar com o começo, o meio e o fim de cada coisa que esteja dentro dos seus limites, inclusive eu.
Trilha Sonora / Besta é tu / Novos Baianos