LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Andei na contramão
Poderia ser um dia qualquer, assim como poderia ser uma hora qualquer, ou ainda, uma rua e uma cidade quaisquer, mas não era. Era LOUVEIRA, a minha cidade e, também a minha rua que estava interditada, por isso, andei e parei na contramão. Foi uma sensação estranha, o parar na contramão, pois a mim me pareceu que eu estava descumprindo todas as leis. Estar na contramão, a quem gosta e procura andar na mão a favor, assim como eu e tantos, pelo que vejo sempre tentam, fica mesmo a sensação estranha de estar fora da lei. Mas, neste caso, a rua estava interditada e eu, que precisava entrar em casa, não tive alternativa, e, aliás, havia um homem orientando os motoristas.
Obedeci, como era de costume obedecer aos comandos de quem trabalha na manutenção das ruas. No caso, o encanamento principal de água, havia estourado. Era água limpa para todo lado e, por ser baixada, a pressão era muito forte.
Agora já é outro dia, outro dia com acontecimentos tristes, que posso descrever como a morte rondou a minha rua e levou uma pessoa querida, que de tão querida, será eterna em meu coração. Também, não aqui na minha rua, mas em uma estrada de uma cidade vizinha, houve um ato de violência em relação a mim e a outras pessoas que amo, com o qual, levaram o meu carro, e muitos objetos nossos, mas o mais importante permaneceu em nós, a nossa vida. Ao final deste dia e deste acontecimento, cá estou eu novamente em minha rua, alegre por estar ali vivo com pessoas que amo e por perceber que há gentileza, solidariedade e empatia neste mundo, e, aqui em LOUVEIRA em especial. Pois quando os corações se acalmam e a gente percebe tudo isso, dá uma alegria imensa por estar na rua que a gente chama de nossa. Desta vez não estávamos na contramão.
Nestes momentos difíceis, já passados, ou pelo menos assimilados, é que percebemos com mais afinco o quanto é bom ter uma rua e uma cidade para chamar de sua. Que, embora não seja perfeita, é a melhor que existe, pelo menos para mim que a trago no coração desde sempre, acredito. A cidade, a nossa LOUVEIRA, também cresceu, veio gente de todo lugar para desfrutar do que há de melhor e, pelo que sinto, a maioria também contribuiu e contribui para que essa cidade se torne cada vez mais, um lugar aprazível. Repito, não é uma cidade perfeita, como não deve ser nenhuma em todo o mundo, pois onde há pessoas, há imperfeições, derivadas de nós mesmos. Assim é! Mas quando a maioria se esforça e age de acordo com o que proporciona progresso, este progresso, se faz presente com mais facilidade. Aqui falo em progresso no sentido de humanização, tanto material quanto espiritual, como a única forma de evolução, enfatizando sempre o espiritual.
Concluo que, se evoluirmos para o bem, a cidade por consequência também evoluirá. Estou um tanto quanto sentimental, sem, no entanto, perder a razão.
Trilha Sonora / Ninguém é de ninguém / Agnaldo Timóteo