LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’

O brilho eterno da mãe da gente

A gente vive a vida da gente em um palco, que a meu ver, é o mundo. A casa da gente é o camarim, de onde, saindo ou não, é o que nos molda para enfrentar a plateia; é onde encaramos a nós mesmos, com ou sem maquiagem, mas chegando a hora, quando a cortina abre, se formos pontuais, saímos para o espetáculo, para encarar todos aqueles rostos que esperam, se estão ali, um bom espetáculo. Se o espetáculo foi bem ensaiado, bem dirigido e se formos bons atores, pelo menos bons, meio sucesso já estará garantido, mas o sucesso total depende de como nos expomos, e a plateia fará parte do sucesso, através dos aplausos e, dependendo da nossa atuação, a plateia fará parte do fracasso, com as vaias ou o silêncio mortal, próprio dos enterros.

O que faremos com o resultado, isso já será um problema nosso. Esta introdução tem a ver com os fatos da vida e da morte, partes integrantes da nossa passagem por aqui e, mais uma vez, poderá ser um sucesso ou não. Por ser cristão, acredito na vida eterna, e mesmo após a morte física, a vida continuará no plano espiritual, até que estejamos preparados para nascer de novo. Tudo isso me veio à cabeça pela constatação das perdas de pessoas tão queridas aqui de LOUVEIRA, das quais há muito tempo já, minha mãe Belmira faz parte.

Embora tenha partido do mundo físico, ela está presente no meu coração e, com certeza, no coração de muita gente, sei que é assim.
Posso dizer que minha mãe era uma peça e o camarim era a nossa casa, onde ela se preparava para ser uma presença verdadeira por onde se apresentasse, não importando o tamanho da plateia, pois era sempre perfeita. Gostava ela de pescar, cozinhava muito bem, as roupas eram tão limpas que cheiravam à limpeza, quando lavadas por ela. Admirava as pessoas, gostava de novela e amava assistir jogos de vôlei; fazia um bolo simples, desses de tomar com café com leite, que era delicioso. Nos dávamos muito bem, mesmo no silêncio que as vezes se fazia entre nós. Ela era silenciosa, não fazia alarde de nada e ria com olhos verdes, o que eram um espetáculo.
Mãe faz falta a todo hora, em todo dia e em quase todas as situações, e o seu lugar no sofá da sala, que embora seja outro, fica ali, onde ela sempre se sentou. Ela gostava de ir ao mercadinho do Luís, principalmente nos dias de chuva, temporal, pois assim, por ter medo de temporal, não ouvia o barulho da chuva de dentro do mercado, onde hoje é o Louveirinha, na avenida Ricieri Chiquetto, aqui no bairro Santo Antonio, filial do Louveirão, uma rede de mercados aqui de LOUVEIRA. Gosto de me lembrar dela, da sua calma, seu sorriso bem discreto, do seu andar vagaroso, sem ser preguiçoso, e principalmente ela dizendo o meu nome. Sei que, pelo que acredito, a vida segue, que nos encontraremos um dia na eternidade e eu a chamarei de mãe ela me chamará de filho. Eu sei.

Trilha Sonora / Moreninha Linda / Tonico e Tinoco

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