LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’

Nesta cadeira tá faltando ela

A gente, se quiser, pode falar de tanta coisa e, se não quiser pode ficar calado. Porém, falar ou calar, são só dois lados de um turbilhão de sentimentos, pensamentos e vontades neste tempo de mudanças rápidas, que ao acordar, muitas vezes há que se perguntar: “que dia é hoje mesmo”? Comigo tem acontecido, e meu consolo é saber que acordo neste pedaço de terra chamado LOUVEIRA. Sempre pensando que nesta cidade há muito para agradecer e muito para lembrar, como exemplo, posso citar e discorrer um pouco sobre uma cadeira vazia na minha rua, aqui neste bairro do Quebra, Santo Antonio.

Nesta cadeira se sentava uma amiga minha, sabe daquelas amigas que te chamam para um café e te recebem com a alegria do convite verdadeiro, do convite feito com o coração, pois é, ela já não se senta mais ali. Como passo muito em frente à esta cadeira, agora vazia, sempre me vem à memória a imagem desta amiga, e muitas vezes me dá a impressão que ouvirei ela chamar o meu nome, naquela voz, ao mesmo tempo doce e alta. Ela falava alto, e o mundo ao seu redor, acredito eu, gostava de ouvi-la. Ser convidado então, nem me fale.

Assim, tal qual ela, muitos amigos se foram com uma rapidez que assusta, quando percebemos, ou melhor, nem percebemos, as cadeiras ficaram vazias. Pelas ruas de LOUVEIRA, muitas cadeiras estão vazias, mas para compensar, muitas cadeiras voltaram a ser ocupadas, umas demoraram dez dias, outas trinta e oito dias, e houve até uma, pelo que sei, que demorou sessenta e quatro dias. Quanta alegria essas voltas proporcionaram; voltas que devem ser agradecidas, em grande parte, aos profissionais da saúde aqui de LOUVEIRA, pela qualidade técnica e pela capacidade de colocar amor e empatia em cada paciente atendido, ou melhor, cada paciente acolhido.

Vamos então fazer a nossa parte e torcer para que mais cadeiras voltem a ser ocupadas, que mais corações se encham de alegria e que a cada dia vençamos as nossas próprias limitações, humanos falhos que ainda somos. Falo primeiro de mim e primeiro para mim, não por egoísmo, mas sim porque tudo o que escrevo, passa primeiro pelo meu cérebro, e meus dedos ao digitar fazem com que meus olhos registrem tudo, outra vez. Aqui, vou “plagiar” Sérgio Bittencourt que, neste momento evoca os meus sentimentos com essas linhas da canção perfeita, “Naquela Mesa”: “Naquela cadeira ela sentava sempre. E me dizia sempre, o que é viver melhor. Naquela cadeira ela contava histórias. Que hoje na memória eu guardo e sei de cor. Naquela cadeira tá faltando ela. E a saudade dela tá doendo em mim.” Mas sei que, onde ela estiver, em que cadeira ela estiver sentada agora, estará proporcionando alegrias ao seu redor.

Trilha Sonora / Naquela Mesa / Sérgio Bittencourt e Elizeth Cardoso

468 ad