LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Não posso fazer nada, será mesmo?
Se ouve muito por aí e por aqui também, o famoso “não posso fazer nada”. Pensava eu sobre isso por esses dias em que tantos se foram e, houve tanta gente empenhada em fazer alguma coisa, desde os fisioterapeutas guerreiros até todo o corpo clínico. Bem como os familiares, os amigos e até os que não se conhecem, mas oferecem uma palavra, uma prece. Olhando por esse lado, sempre, se há boa vontade, se pode fazer alguma coisa, por nós mesmos e pelos outros.
Esse assunto me pegou mais forte justamente quando eu atravessava pela passarela, por cima da rodovia Romildo Prado, na altura do Bairro Sagrado Coração de Jesus, aqui em LOUVEIRA, de onde eu pude ver o local em que meu pai faleceu, vítima de um acidente, há muitos anos. Parei por uns minutos e me lembrei daquela boa pessoa que é meu pai, ou para alguns, que fora meu pai. Senti um misto de que não pude fazer nada em relação ao acidente e à morte física, mas que dentro das minhas possibilidades filiais fiz tudo o que pude. Amava e amo o meu pai.
“Antigamente’ não se tinha muita liberdade para dizer que amava os pais, mas na minha casa a gente tinha um pouco mais de liberdade em relação aos demais, e também um pouco menos em relação aos que tinham total liberdade. Mas a gente levava numa boa sempre. Era tanta coisa para se fazer, como por exemplo pescar com o meu pai, andar de bicicleta com ele, eu na garupa e ele pedalando. Porém, o mais importante para mim foi o ato dele quando comprava revistas e gibis para nós lermos em casa. Tipo Seleções e Tio Patinhas. Vendo aquele ponto em que o acidente aconteceu, tudo isso me veio à cabeça, bem como toda a minha família, e o pranto da perda.
LOUVEIRA numa tarde de sexta-feira é bem interessante, na minha opinião, e desta vez, me permitiu pensar que sempre se pode fazer algo. Hoje, claro, a pandemia nos limita muito, mas se tivermos boa vontade, sempre há o que se fazer. Pensemos! Não sei se é nostalgia, um pouco de tristeza, ou uma alegria que ainda não aflorou totalmente, mas hoje me senti um tanto quanto macambúzio; fase que durou até eu me encontrar por acaso com a Vandinha e Hector Estábile na entrada do Louveirão, mercado aqui da cidade. Cantei, num arroubo de bem-aventurança “eu vou te dar alegria, eu vou parar de chorar”, não sei se a letra é assim, mas eu cantei assim. Diante disso eu não pude fazer mais nada, somente agradecer a Deus por pensar, existir e ter família e amigos.
Trilha Sonora / Eu vou te dar alegria / Arnaldo Antunes