LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Azul da cor do céu
Uma porteira azul se abriu para mim, ou se abriria, se estivesse fechada e no meu caminho, mas não, ela estava, à primeira vista, largada no meio do mato e me pareceu tão inútil, quanto a função de uma porteira, que é o abrir e o fechar. Eu parei o carro naquela estradinha de terra, ali pelos lados do cemitério dos escravos, aqui na nossa LOUVEIRA. Fiquei surpreso com a posição daquela porteira azul, que parecia suspensa no ar, como já disse, aparentemente inútil.
Na nossa cidade, se você prestar bem atenção, existem muitas porteiras azuis e eu não sei bem o porquê de muitas delas serem azuis; seria apenas uma coincidência ou o azul é uma cor que as porteiras tanto gostam e, por intuição, as pessoas pintam, pode ser. Quero, hoje falar de alguma coisa mais leve, pois o mundo, e, na nossa LOUVEIRA, não é diferente, está muito pesado, muito catastrófico, pelas mortes frequentes e pela doença que levou tanta gente próxima da gente.
Por isso andei pelas estradinhas meio abandonadas, cercadas de vegetação de vários tipos, catei uns pedaços de lenha para arrumar o meu orquidário e me senti vivo e agradecido. Hoje mesmo, sexta-feira, enquanto escrevo, um amigo nosso é velado, vítima de um acidente de moto, mais um meu Deus. Que ele seja recebido no mundo espiritual com abraços fraternos, compreensão e carinho, é o que desejo de coração. Torço para que a vida aqui em nossa cidade seja cada vez mais feliz e que, cada um de nós possa compreender que estamos aqui de passagem. Claro que em caso de morte, cada um deve guardar do seu modo, o seu tempo e forma de luto, isso é de cada pessoa. Quanto à pretensão de escrever um texto leve, não sei se consegui.
Trilha Sonora / Azul da Cor do Mar / Tim Maia