LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Há vida mesmo no inverno
No momento em que escrevo aqui em LOUVEIRA, pelo mundo há tantas batalhas sendo travadas, não que nós não tenhamos as nossas por aqui, mas ouvir sobre o Afeganistão entre outros lugares, com tanta gente sendo massacrada no sentido mais cruel da palavra, me dá tristeza. Sendo mortas mesmo, apenas por quererem viver em liberdade. Bem, mas isso é apenas um desabafo de um senhor que se senta embaixo de uma árvore e consegue ver toda a obra de Deus, que muitos de nós teimam em destruir, sem o menor pudor. Triste isso.
Que bom que posso me sentar embaixo de uma árvore, mesmo sendo inverno, quase sem folhas verdes, aqui na nossa cidade e ter a liberdade, conseguida com luta também, para refletir, agradecer, tomar sombra e escrever. Gosto disso. Essa árvore que a tudo assiste e, subsiste apesar do tempo de das pessoas, do sol e da chuva, do granizo e dos ventos fortes, do calor e do frio, e segue viva vivendo cada estação, cada minuto neste mundo que a recebeu ainda semente e, apesar de tudo, lhe proporciona a vida e, ouso dizer, vida em abundância.
Será que ela sente o cheiro de pastel da feira, pois a feira é na mesma rua. Será que ela dançou samba ao som dos ensaios da Escola de Samba Vila Pasti, que também foi na mesma rua, ou ainda reclama do trânsito que solta fumaça todos os dias ao seu redor? Não sei, ela sempre me pareceu tão senhora de si, tão altiva e forte, tão bela como uma miss em seu segundo dia de desfile. Gosto dela, converso com ela e até, já a aplaudi. LOUVEIRA tem dessas coisas e é tão bom. Aqui temos liberdade. Opa!!! Mas e a árvore quando vê um cachorro vindo em sua direção, o quê será que ela pensa?!
Não sei a idade dela, não sei a “raça” dela, mas sei pelo que me parece que ela viverá muito ainda. Torço eu para que isso aconteça, e mesmo que eu vá antes – provavelmente – somente levarei dela as ótimas lembranças. Que ela seja respeitada, não pelo seu tamanho, mas sim por ser uma árvore, que a meu ver, se estivesse na Amazônia, seria apenas mais uma que, se cortada, derrubada, também seria somente mais uma entre tantas. Como, pelo que parece está acontecendo por lá. Já me sinto melhor e amanhã, ou outro dia qualquer, lerei esta crônica para ela.
Trilha Sonora / Roda Viva / MPB4