LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Muito além de tijolos
Caminhar à noite em LOUVEIRA, para mim, é sempre agradável. Me perco em tantas possibilidades, em tantos pensamentos e análises com o cérebro e com o coração, das coisas que os olhos veem, que as retinas captam. Posso citar como exemplo esse prédio em fase final de restauração que é parte integrante do conglomerado da Subestação de LOUVEIRA, denominada Subestação Engenheiro Francisco Monlevade, pioneira no propósito de gerar energia para as locomotivas elétricas do trecho Campinas – Jundiaí, utilizando uma tecnologia inovadora para a época.
Bem, mas a parte técnica, embora importantíssima, já é contada em muitas outras oportunidades, sendo que o meu olhar se deterá na subjetividade das coisas pelas quais trafego, neste caso, este prédio belíssimo. Visto de longe chama muito a atenção, por sempre ter estado ali e mesmo assim, a cada dia, ou mesmo a cada olhar, ter o poder de se renovar. Visto de perto então, causa uma estranha emoção, por parecer que já o conhecemos há anos, o que é verdade, pois está para completar um século de vida.
Os últimos anos, embora solitários, mantiveram-se esperançosos de que dias melhores viriam, e por estar sendo revitalizado, posso concluir que vieram.
Aqui posso afirmar categoricamente que nunca esteve morto e tão pouco esquecido, mesmo porque tem um tamanho e forma tão exatos, que puxam os olhares para ser admirado. Ficou sim, um tanto quanto largado ali, mas se pensarmos bem, ele sempre esteve onde deveria estar, pois fora construído exatamente para estar onde está e ser o que é. Por isso, sinto que o próprio nunca se ressentiu de ficar nessa quietude temporal, mas sim, ouso dizer, que até se aproveitou da tranquilidade à sua volta. Coisa que nós humanos nem perceberíamos se ele não fosse importante, imponente mesmo; não sei se neste ponto específico, eu falo, me refiro, ao prédio, à tranquilidade ou as duas coisas.
“Tijolo com tijolo num desenho lógico”, diria Chico Buarque, e eu por aqui concordo deslumbrado numa noite de quase primavera ao avistar, já à noite, este gigante, se não em tamanho físico, mas em tamanho histórico, com certeza. Como é bom vivenciar, estar presente e fazer parte de lugares tão necessários para que ao final, conheçamos a nossa própria história. Tenho visitado o local com frequência e vejo, além deste prédio, todo o belo que perfaz do seu redor um conglomerado histórico, que assim como esse prédio, com certeza também é admirado e alguém, se não eu mesmo, escreverei a respeito de cada um, qualquer dia desses.
Trilha Sonora / Edifício de Carinho / Ed Carlos