LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
LENDO EM VOZ ALTA
Bem ali, parado à minha frente, a princípio me pareceu um homem que estaria descansando, ou que compraria algo na feira, um pastel, por exemplo, a meu ver o item mais vendido na feira que acontece às terças-feiras na Estação Ferroviária de LOUVEIRA. É uma feira deliciosa, não muito lotada, mas sempre com gente pra lá e pra cá; gente conhecida em sua maioria, mas mesmo os que não se conhecem se cumprimentam, pois o ambiente colabora para que sejamos fraternos.
Bem, mas voltando ao homem ali sentado, minha atenção se voltou com esmerada curiosidade para a carriola forrada e com alguns livros, uma carriola comum a princípio, mas que justamente me surpreendeu pela sua carga, preciosa carga. O homem por sua vez, sentado com elegância, segurava com firmeza nas mãos, um microfone, que depois percebi, ser de grande utilidade para os propósitos daquele homem, ali sentado como se fosse o dono do tempo, mas com toda a simplicidade que determinadas exibições exigem.
Eu, e muitas pessoas que, com certeza o vira também, ficamos por alguns momentos aguardando o que aconteceria, e, para a nossa surpresa, aliás, excelente surpresa, o homem ligou o microfone e começou a ler trechos de livros. Entre os intervalos ele, o homem, dizia através do microfone, num som cuja altura não incomodava os presentes, que os livros que estavam ali na carriola poderiam sem “levados” e após serem lidos, se fosse o caso, devolvidos; ou então que houvesse uma troca do tipo: você pega um e deixa um outro no lugar.
Confesso que para mim, tal atitude e posicionamento, me soaram como um ato de coragem ali naquela estação de trem de LOUVEIRA, pois poucas pessoas se dirigiram a ele no tempo em que o observei, e eu, por minha vez, também não me aproximei e nem puxei assunto, pois queria escrever a respeito tendo como inspiração apenas o que os meus sentidos captassem ou capturassem. Gostei muito da situação, das coisas que vi e ouvi, entre versos e prosas, e quando percebi, o homem chamado Geraldo Maia, notório artista da região, já havia ido embora, enquanto eu tomava um suco de milho verde. Mais tarde soube que ele encabeça um Projeto, descrito no banner como “Estação Livros”, cujo propósito é espalhar cultura. Muito bom!
Trilha Sonora / Nos Bailes da Vida / Milton Nascimento
(Da Redação FOLHANOTICIAS)
