LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’
Neste ponto, havia pessoas.
Quantas pessoas se sentam por dia neste ponto de ônibus ou passam em frente e observam esta linda imagem? Falo da foto da cidade e não da minha carona, aliás, por falar em carona peguei uma e me embarquei ao lado de dona Guiomar que não quis aparecer na foto, ela diferente de mim, não gosta de aparecer, mas eu, assim como LOUVEIRA, esta linda cidade, gostamos de aparecer, pelo menos é assim que parece.
Falar de LOUVEIRA, para mim é fácil, pois sou um grande andarilho dessa nossa cidade e, estando por aí, sempre encontro um local atraente e, se não achar este local tão atraente, o transformo através das palavras ou então de um registro fotográfico, em um local no mínimo bonito, pelo menos é o que alguns dizem, e eu que ouço as pessoas e tenho boa-fé, acredito.
Este ponto de ônibus especificamente me chamou a atenção pela quantidade de pessoas neste dia, e eu ao passar por ele e por elas, imaginei para onde cada uma dessas pessoas iria. O que cada uma encontraria ao chegar ao destino, se haveria uma decepção ou uma alegria, o resultado de um exame de saúde satisfatório, ou ao contrário, insatisfatório, ou ainda se alguma dessas pessoas iria se confessar numa igreja, com um padre ou conversar com um pastor, ou num último palpite iria a algum alambique desses que temos aqui em LOUVEIRA e compraria uma garrafa de pinga, das amarelas, para dar de presente para um amigo que bebe, parece que é sempre assim, todos temos um amigo que bebe.
No momento em que fiz a selfie convidei dona Guiomar para posar comigo, ela colocou a mão na boca, ficou vermelha e me disse não, um ‘não’ meio sim, desses que dizemos as vezes e depois nos arrependemos, bem, por ela me parecer mais sincera que a maioria, acredito que o não dela era no mínimo oitenta e nove por cento verdadeiro, com a margem de erro clássica de dois para mais ou para menos. Neste momento, num lapso de tempo, rimos eu e ela, que segundo me informou, estava indo para o Bairro do Vassoural, local que vou as vezes e gosto.
Agora, já passados dois dias, essa lembrança me veio à memória, ao visitar os registros fotográficos que faço diariamente, com os quais, muitas vezes me surpreendo e até solto um “não acredito que fotografei isso”, mas no fundo gosto de ter o registro e o uso conforme a ocasião, e se essa ocasião não surgir espontaneamente, coajo a mim mesmo e parto para uma manifestação. Pois, como diz a música “eu quero é botar meu bloco na rua”, mesmo que seja num carnaval fora de época, mas, fora de brincadeira, o mais importante é estar feliz e ser observador e, num segundo plano, saber usar o verbo haver, principalmente se estiver trabalhando em alguma área da educação, como o fez dona Guiomar num português corretíssimo, com um belo sotaque nordestino.
Trilha Sonora / Ponto de ônibus / Ultraje a Rigor