LOUVEIRA: Coluna de João Batista – ‘Louveirando’

Vai pra onde?

Se tomares o ônibus errado, difícil hoje em dia, mas vendo o noticiário, há essa possibilidade, e, se descobrires já bem longe do ponto onde tomou este ônibus, aproveite a viagem, pois se não programada por ti, bem que poderia ser programada pelo destino, imutável em muitos aspectos. Então, aproveite bem e muito. Não tenhas medo, pois provavelmente o “Google” te dará as informações necessárias a respeito da cidade de destino. Eu por mim, não consultaria, deixaria o destino, através do ônibus, me surpreender. Também não dormiria, pois, apreciar a paisagem me faz muito bem e, acredito eu que quem tomou o ônibus ‘errado’, também apreciaria a paisagem.

Pode ser que ao chegar ao destino, se perceba que é uma cidade conhecida, e, se for assim, não se decepcione, assim como eu não me decepcionaria, aliás eu aproveitaria muito mesmo. Agora se for uma cidade desconhecida ainda, acredito eu que, aproveitaria bem mais, pela própria curiosidade de se conhecer o lugar para onde o destino me mandou. Não perderia o bom humor, não responsabilizaria o motorista, que na verdade deixou passar um passageiro para um destino pelo qual ele não havia pago, se colocarmos o valor monetário em primeiro lugar, claro. Porém, se for colocado o valor humano no sentido de que todos poderemos errar e erramos as vezes, então se agradeceria ao motorista pelo “erro”. Coloco entre aspas por achar que existem erros e “erros”!

Um texto, assim como uma viagem, pode ser objetivo, subjetivo, narrativo, descritivo, imaginário, realista e por aí vai, mas também vai depender muito do nosso estado de espírito, para que haja uma compreensão ou uma interpretação literal do texto, o que, se não for um texto técnico, a chance da subjetividade se sobressair é imensa. Os maiores exemplos de subjetividade, pelo menos para mim, são as parábolas de Jesus, que falava por símbolos, que não usava as palavras no sentido literal. Não estou me comparando, apenas estou exemplificando.

Com tudo isso, ou com isso, ou ainda com um pouco disso, quero apenas dizer que um texto virá ao nosso encontro ou de encontro a nós dependendo muito da nossa receptividade, da nossa vontade de ler e tentar entender o que está escrito, e o que o autor do texto quer dizer com o que escreveu. Entendo que, muitas vezes, o autor somente coloque uma palavra após outra e deixa correr, sem se preocupar muito com o resultado final, o que para muitos é motivo de crítica, oba!, pois se foi criticado, espera-se que pelo menos tenha sido lido. O Livro mais difícil que li até hoje foi Ulisses, de James Joyce, comecei nos anos 70 e terminei as mais de quinhentas páginas nos anos 90, por começar e recomeçar muitas vezes, mas finalmente consegui vencer as tantas páginas que contam a história de um dia na vida de muitos personagens.

Coisa estranha neste Louveirando; não citei o nome da nossa querida cidade nenhuma vez, de fato, pois como sonhador que sou, estou esperando, ao andar pela minha cidade ouvir alguém que por destino traçado ou não, fale ou grite: LOUVEIRA, “eis me aqui!”, ou então “moço, que cidade é esta?”. Não seria lindo?

Trilha Sonora / Reconvexo / Maria Bethânia

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