LOUVEIRA: Coluna de João Batista – Louveirando
Não faz mal
Passamos e passaremos por momentos difíceis durante a nossa estada aqui na Terra, e, os que como eu vivem aqui em LOUVEIRA, é justamente aqui que passaremos esses momentos. Parece que existe em cada um de nós uma forma ou uma fórmula para enfrentar os momentos difíceis, que faz com que ao final cada um sobreviva a eles. Vi nesses dias pessoas agindo de forma tão antagônica, criticando os preços, apoiando qualquer movimento, greve ou locaute – palavra nova para mim – mas ao mesmo tempo se digladiando nas longas filas por um produto tão absurdamente caro. Que somos contraditórios, eu já sabia, mas o nível de contradição me surpreendeu, notadamente na expressão “somos todos”, por perceber que havia uma distância entre intenção e gesto. LOUVEIRA tem gente barulhenta, mesmo sem combustível, e barulho é bom muitas vezes, pois somente através do barulho, em alguns casos, seremos ouvidos, em nossas justas reivindicações. As ruas, termômetro do que estava ocorrendo, ora vazia, ora cheia e ora lotada, demonstraram a necessidade de cada um em relação aos fatos, e é justo e bom que seja assim, como deve ser numa democracia, caminho único para o progresso, na minha opinião. Se teve algum vilão nessa história, foi o preço que subiu, não por conta própria, de uma maneira quase assustadora, e eu, que a fiquei durante uns três anos não comprando hortifrúti, cujo preço ultrapassasse R$ 3,00 (três reais) o quilo, e a menos de dois meses ajustei para R$ 3,49 (três reais e quarenta e nove centavos), me senti desamparado, “consumidoramente” falando. Muita gente pode achar ridículo esse tipo de atitude, mas eu não acho e, foi a minha maneira de me sentir útil, nesse estado de coisas. Percebi que posso passar uns dias sem comer alguns produtos da banca de hortifrúti e que a qualquer momento o preço pode mudar, porque ao longo do tempo tem sido assim. Também não critico quem pague qualquer preço por um produto, somente acho contraditório se lutar por preços mais baixos, a meu ver mais justos, e ao mesmo tempo pagar tão caro pelo mesmo produto. Diante de tudo isso posso dizer que me sinto feliz, não por achar que tudo esteja uma maravilha, mas sim por ter a consciência de que estou fazendo a minha parte e os hortifrúti citados, são apenas um exemplo…Poxa meu! Nem se pode usar a expressão “limpa com jornal”, se até os jornais não são mais de papel.
Trilha Sonora / Baby / Gal Costa