LOUVEIRA: Doadora de campanha de Jr.Finamore recebe R$ 426 mil por desapropriação ‘amigável’

Carreata Abadia_cred Roberto Palaro (41)

Após o triste episódio das famílias despejadas do bairro Abadia, em LOUVEIRA, e a grande carreata que ocorreu no sábado dia 16, envolvendo mais de 200 carros e caminhões em protesto a Júnior Finamore, a Equipe Especial de Investigação da FOLHA, formada por dois advogados especialistas em averiguar crimes na Administração Pública, três jornalistas investigativos, e um economista, foi verificar as tão faladas ‘desapropriações de Júnior Finamore’, e descobriu detalhes interessantes que podem revelar um suposto ‘esquema milionário das desapropriações’.

Um dos exemplos é o da doadora de campanha de Júnior Finamore, Fabiana de Barros Carmona, que agora vive em um navio de cruzeiro. Muito chegada dos ‘figurões da cidade’, ela tem uma irmã que trabalhou como assessora do vereador Mauro Chiquito (corretor de imóveis e sócio de Hélio Braz em um loteamento no Santo Antônio). Fabiana Carmona é também  amiga íntima e frequentadora do mesmo boteco do secretário de Governo Helio Braz (como mostra a foto abaixo), o ‘manda-chuva’ do Governo Júnior Finamore. Ela chegou a doar R$ 8 mil para a campanha de Junior, conforme mostra o site do TSE. Tudo isso pode ter influenciado no fato de ter vendido, em tese, num valor superavaliado um terreno de sua família que foi desapropriado pela Prefeitura de LOUVEIRA em maio de 2015, para instalação de reservatório de água do Parque Brasil, cuja matrícula é de número 15638, registrada no Cartório de Imóveis de VINHEDO.

PREÇO EXORBITANTE
O mais estranho de todo caso é que o imóvel de Fabiana Carmona, com 1.632 metros quadrados, custou aos cofres públicos a bagatela de R$ 426.443,60 mil, o que dá o exorbitante preço de R$ 261, por metro quadrado, superior em muito aos praticados em condomínios de luxo, a exemplo do Condomínio Jardim Primavera,  onde o m² varia entre R$ 160 a  R$ 210. Por outro lado, para quem não é amigo ‘chegado’ do prefeito Finamore, para quem não frequenta a casa do super secretário Helio Braz, a conversa é bem diferente. Pelo terreno de 20 mil metros quadrados (com seis casas construídas), o prefeito pagou a irrisória quantia de R$ 542.696 às seis famílias despejadas na Abadia, o que dá o preço de R$ 26,69 (isso mesmo, vinte e seis reais e sessenta e nove centavos) pelo metro quadrado. Reparem, é quase dez vezes menos se comparado com o que foi pago à Fabiana Carmona pelo terreno situado no Parque Brasil, em LOUVEIRA.

DÚVIDAS SOBRE O VALOR
Cabem então as perguntas: por que o terreno da família de Fabiana Carmona foi agraciado com um megavalor, enquanto o pessoal da Abadia tem o preço de seu terreno subdimensionado? Isso resulta, claro, no descontentamento de uns, os trabalhadores da Abadia despejados, e a tristeza de muitos moradores do bairro Santo Antônio, que em breve terão suas casas derrubadas pelo prefeito Júnior Finamore. A escritura mostra que a desapropriação do terreno de Fabiana Carmona foi ‘amigável’.  Por quê? Houve acordo no Gabinete? Na Abadia o preço da terra vale pouco? No Parque Brasil vale muito? Quem avalia? Que critérios foram utilizados e quem avaliou? E tudo correu dentro dos trâmites legais? Ou o preço subiu porque se trata do terreno de uma amiga ‘chegada’?  Um outro detalhe que ainda não foi esclarecido e gera grande dúvida é: na escritura do imóvel aparecem outros proprietários, com 25% da propriedade cada, mas o pagamento foi realizado a Fabiana de Barros Carmona. Ela seria uma procuradora? Talvez…. Por ser íntima das pessoas que mandam no dinheiro da cidade, e bem relacionada com Júnior Finamore e seu grande amigo, o também patrocinador de campanha, Hélio Braz, Fabiana conseguiu um ‘megavalor’ de metro quadrado, algo inédito para o Parque Brasil, um loteamento considerado popular?

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CARREATA E JUSTIÇA
A carreata em favor das famílias despejadas do bairro Abadia, acabou se tornando também um grito de liberdade da população contra os desmandos da Administração Júnior Finamore. Muitos gritavam em seus carros “Fora Júnior Finamore!”. Cerca de 200 veículos participaram. Já na segunda-feira, 18, as famílias receberam a notícia de que a Justiça havia suspendido as demolições e a emissão de posse da propriedade até que tudo seja devidamente esclarecido e investigado. “Só temos a agradecer à Justiça e ao povo de LOUVEIRA que enxergaram o que o prefeito vem fazendo com a gente. Mas ainda temos que lutar para não perdermos nossas casas, apesar que o prefeito está preocupado em nos difamar ao invés de nos ajudar”, disse Renata Ferreira, representante das famílias despejadas.

OUTRO LADO
A FOLHA NOTÍCIAS procurou ouvir a Prefeitura de LOUVEIRA sobre as recentes desapropriações, enviando algumas perguntas à sua Assessoria de Imprensa, que respondeu de forma lacônica, afirmando que “a desapropriação foi realizada para a instalação de reservatório de água e os valores e avaliações foram feitos por laudo mercadológico elaborado por períto técnico”, no entanto nenhum documento foi enviado a equipe da FOLHA. Quanto à Fabiana Carmona, a reportagem não conseguiu entrar em contato com a mesma, que supostamente se encontra de férias em Dubai, cidade dos Emirados Árabes.

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