LOUVEIRA: ‘Fantasma’ do Eleutério ‘assombra’ a CEI da Santa Casa
Os depoimentos do ex-prefeito Valmir Magalhães e da ex-secretária Municipal de Administração Luciana Rizzi à Comissão Especial de Investigação (CEI) da Santa Casa, realizados quarta-feira, 19, às 9 e às 14h na Câmara de LOUVEIRA comprovaram as habilidades de ambos em desconversar e não explicar nada sobre o destino dos mais de R$ 10 milhões que ‘sumiram’ nos destroços do prédio Anexo da Santa Casa (ou Nova Santa Casa), virtualmente condenado à morte por demolição diante do alto grau de risco que o mesmo carrega caso seja equipado e utilizado por funcionários e moradores da cidade.
Além disso, colocaram toda a responsabilidade pelos erros cometidos na obra nas mãos do finado ex-prefeito Eleutério Malerba, que desse modo foi colocado pela dupla para ‘assombrar’ a CEI, os vereadores, funcionários, a população louveirense, e para livrar qualquer pessoa da administração passada e da atual de uma parcela de culpa com relação aos milhões que sumiram e ao estado precário em que a obra se encontra, além de outras tantas.
CULPA DO FINADO?
O ex-prefeito Valmir Magalhães, que foi cercado de todo cuidado pelo vereador Estanislau Steck (PSD), disse que não teve o menor contato com o projeto do Anexo da Santa Casa porque o então prefeito Eleutério Malerba, do qual era o vice, jamais o convidou para participar da elaboração do mesmo. “Tudo já vinha pronto da mão do Eleutério, não tive conhecimento do que ele queria, mas depois que morreu eu não poderia deixar a obra parada porque o contrato já estava feito. Todos sabem que o Eleutério fazia tudo do jeito dele, eu nunca participei de nada. E nem tive contato com a obra da Santa Casa, antes, durante e depois que o ex-prefeito faleceu”, esclarece.
Quanto aos pagamentos dos valores referentes à obra pagos à empresa responsável, a MHS, Valmir garantiu que “dava os cheques para a Santa Casa que pagava as medições aprovadas pela secretaria de obras”.
NADA SABE
Por seu turno, a ex-secretária de Administração, a popular ‘manda chuva’ Luciana Rizzi, colocou logo de cara que apenas exercia uma pequena parcela da Administração Municipal e também colocou no ‘fantasma’ do Eleutério toda a responsabilidade pelo o que aconteceu com as obras de ampliação do hospital, desde a concepção original do projeto, a elaboração das licitações, as mudanças que foram realizadas na planta e as contratações referentes à obra. “Não sei dizer de pressões para beneficiar empresas, nem soube quem trouxe para Louveira as empresas RGS, quem elaborou o projeto, e MHS, responsável pela construção do prédio”, afirmou a ‘parceira’ de Valmir. Luciana também não sabia que ambas são pertencentes ao mesmo dono Luiz Cerigola, o que é considerado ilegal pela lei e licitações, porque quem projeta a obra não pode ser o mesmo que vai construir. Mas tudo, como disse Luciana, ficou como ‘culpa’ do finado Eleutério.
‘FANTASMA’ ATACA
Luciana explicou que a sua tarefa como secretária de Administração era analisar a parte legal dos processos envolvendo a Prefeitura e dando suporte jurídico à Santa Casa sob intervenção. “Quem fazia a conferência das medições era a Secretaria de Obras, mas é preciso diferenciar Santa Casa de Prefeitura, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, esclareceu a ex-secretária.
Quanto ao fato da obra do Anexo e a própria Santa Casa estarem recebendo recursos públicos de forma irregular porque se trata de um terreno privado onde foi implantada uma edificação pública que recebe verbas oriundas da municipalidade, Luciana mais uma vez se valeu do ‘fantasma’ do Eleutério ao declarar que “o grande mentor dessa situação toda foi o Dr. Eleutério”.
Ela também citou o conflito entre o projeto original feito por Dr. Eleutério de uma pequena maternidade e a obra que foi modificada pelo mesmo para a construção de um hospital de médio porte, considerado por Luciana o grande erro cometido em torno da mesma. Quantos aos pagamentos à MHS, deixou bem claro que quem fazia era a interventora Lindalva.
DOCUMENTADO
O ex-secretário Municipal de Saúde, Vítor Martinelli, autor das denúncias que geraram a CEI da Santa Casa, e mais uma vez o único a se apresentar munido de documentos, em seu segundo depoimento respondendo sobre o paradeiro dos outros R$ 5 milhões aprovados pela Câmara e que seriam destinados à compra de equipamentos, móveis e materiais diversos para o funcionamento do Anexo da Santa Casa, confirmou que a interventora Lindalva registrou em documento ter sido o dinheiro encaminhado de volta aos cofres públicos. Cópia desse documento foi entregue ao presidente da CEI, vereador Marquinhos Deca (PROS). Vítor também se prontificou a qualquer tipo de acareação entre os depoentes já que possui farta documentação comprobatória de tudo o que afirma.
ATUAIS GESTORES VÃO DEPOR?
Existe uma grande expectativa em torno da possibilidade dos atuais gestores, tanto da Municipalidade quanto da Santa Casa, agora não mais sob intervenção, para que os mesmos expliquem o porquê das obras continuarem paradas degradando ainda o valioso patrimônio público que tem custado aos cofres públicos até agora a quantia de mais de R$ 19 milhões e que até o momento não se sabe onde foram utilizados, já que um recente laudo técnico sugere que o prédio do Anexo da Santa Casa seja inteiramente demolido. Solicitação nesse sentido foi feita durante sessão ordinária da Câmara pelo vereador Reginaldo Lourençon (PSDB).