LOUVEIRA: Fim de semana sem água para louveirenses

Fila na Bica_cred. Colaboração_Walace_Cardoso

26 MIL – pessoas ficaram sem água

R$ 2 MILHÕES – são pagos para que caminhões pipa abasteçam os reservatórios de LOUVEIRA

14% UMIDADE RELATIVA DO AR – foi a média registrada durante o fim de semana da falta d’água (12% é clima desértico)

Mais uma vez as famílias louveirenses sofreram com a falta d’água na cidade. Entre os dias 22, sexta-feira, e 24, domingo, milhares de moradores de LOUVEIRA não puderam contar, mais uma vez, com o mais básico dos recursos essenciais à vida: a água. A redação da FOLHA NOTÍCIAS recebeu dezenas de ligações de moradores desesperados por não ter água durante um dos mais quentes e secos fins de semana desse inverno. Segundo os moradores do Centro, Vila Pasti, Vila Bossi, e quase metade do Bairro Santo Antônio e Burch, não houve qualquer aviso sobre o repentino corte de água.

PROBLEMA RECORRENTE

Essa não é a primeira vez que a FOLHA NOTÍCIAS denuncia problemas de fornecimento desde a posse de Júnior Finamore. Só em 2014, o tema já foi abordado em diversas matérias.

Na matéria da Edição 812, de 08 de março, moradores diziam ter ligado para a Prefeitura alertando sobre o problema e a justificativa apresentada era a falta de dinheiro para a substituição de uma bomba que havia quebrado. “A água vem um dia sim, outro não, mas em janeiro faltou durante uma semana direto, foi preciso ir lá na ‘fonte’ do Colégio Odilon para abastecer a casa. Nós já fomos até o DAE reclamar, mas eles disseram que foi por causa de uma bomba que quebrou e que a Prefeitura não tinha R$ 10 mil para gastar no conserto”, desabafou na época o morador Nivaldo Siqueira.

Mais adiante outro problema que se tornou recorrente foi abordado: a qualidade da água. Já na época, o líquido chega negro às torneiras, em tese pelo ferromanganês que se desprendia das velhas tubulações da cidade, por causa da fralta de água na rede. Já na matéria da edição 816 foi tratado do elevado valor das contas de água. Naquela edição de abril falava-se de cobranças de até R$ 500 em casas onde moravam apenas três pessoas. Ou seja, além quase nunca poderem contar com água na torneira, os louveirenses ainda são ‘esfolados’ na hora de pagar a conta. Em tese, estariam pagando pelo ar que passava no cano.

A última grande matéria da FOLHA, ainda deste ano sobre o tema falta de água, denunciou o exorbitante gasto com caminhões pipa que trazem até hoje água para a cidade. A falta de investimento para melhorias que resultariam em menor desperdício no caminho que a água faz da estação de tratamento até a torneira das casas também é abordado. Até o fechamento da edição 822, onde foi publicada a matéria, a Administração de Júnior Finamore já tinha gastado R$ 2.278.000, comprando ‘água de fora’ e alugando caminhões pipa.

FIM DE SEMANA TRÁGICO

Tamanho foi o alvoroço e desespero que a falta d’água causou na população de LOUVEIRA no último fim de semana que o candidato Kaká Rodrigues protocolou um pedido de explicação sobre o caso na Prefeitura e na Câmara Municipal.

Na página do Facebook ele escreveu o seguinte: “Kaká Rodrigues foi atrás para saber da falta de água em toda LOUVEIRA e exibe protocolo feito na Prefeitura e Câmara de LOUVEIRA, onde solicita providências urgentes, pois o município é o mais rico em água em sua região e caminha para a terceira posição em arrecadação no Estado de São Paulo, portanto só falta vontade em resolver”, diz.

OBRAS DA PREFEITURA

Em nota à população, a Prefeitura de LOUVEIRA informou que está realizando diversas obras para melhoria na qualidade do abastecimento de água no município. Ela culpa a falta de investimento das administrações passadas na área, e ainda destaca a construção da nova Estação de Tratamento de Água (ETA) que fornecerá 200 litros de água por segundo, além da criação de uma represa com capacidade de armazenamento de 500 milhões de litros d’água, um novo ponto de captação no córrego Rainha e a compra e instalação de nove novos reservatórios como medidas de curto, médio e longo prazo que estão sendo tomadas.O que chama a atenção nesse comunicado é a quantidade de tubulação com vazamento que foi substituída. Segundo a nota, apenas 3,5 quilômetros de tubulação foram trocados para evitar vazamentos. Isso porque já faz quase dois anos que Finamore e sua equipe estão no poder. O desejo da população é que estas obras prometidas pelo prefeito sejam realmente efetivadas para que a água ‘nunca mais’ fuja das torneiras dos louveirenses.

FOLHA DÁ A DICA:

Como nenhum órgão público deu uma solução rápida para a crise hídrica, a FOLHA NOTÍCIAS resolveu ajudar. Uma das dicas é criar uma cisterna (ao lado da Bica) para acumular os quase 1 milhão de litros de água desperdiçada da popular ‘Bica do Bairro Santo Antônio’ todos os dias. Com essa água, em uma semana seriam acumulados 7 milhões de litros. Com esse excedente seria possível encher 25% dos 31 reservatórios de LOUVEIRA que tem em média capacidade de armazenagem de 1 milhão de litros de água. Espera-se que alguém tenha o bom senso de pelo menos estudar a alternativa apresentada, que não agride o meio ambiente, e utiliza uma água que vai literalmente para o ‘ralo’ para que finalmente todos os louveirenses tenham o precioso líquido nas torneiras.

POPULAÇÃO SE REVOLTA CONTRA PREFEITURA

Moradores do Jardim Amazonas, em LOUVEIRA, perderam a paciência com a Prefeitura e a Administração de Júnior Finamore na noite de quarta-feira, 27. Quando funcionários municipais apareceram para fechar o registro por onde passa a água que vai para o bairro os moradores se reuniram e impediram que a ação fosse realizada. Eles cercaram os servidores e os carros do Departamento de Água e Esgoto (DAE) da Prefeitura de LOUVEIRA e disseram que se o prefeito fosse até lá “apanharia como nunca apanhou na vida.” Parece que ninguém mais aguenta ficar sem água na cidade. Os funcionários, com medo, abriram todos os registros e fugiram!

Obra_Prefeitura_Walace_Cardoso

OBRAS DE CAPTAÇÃO PODEM ESTAR IRREGULARES

A Prefeitura de LOUVEIRA está realizando uma grande obra na área em que acontece a captação de água da cidade no córrego Fetá. Porém, segundo algumas denúncias realizadas pelas entidades IPAL (Instituto de Pesquisas Ambientais de LOUVEIRA) e Elo Ambiental essas obras são irregulares.

Segundo a denúncia, que foi levada ao Ministério Público, não existe nenhuma autorização por parte dos órgãos competentes para aquilo que está sendo feito. Em tese, a Prefeitura estaria abrindo um espaço de aproximadamente 96 mil metros quadrados que será usado como reservatório de água para captação. O problema é que nenhum dos estudos de impacto ambiental, social e econômico foi feito até esse momento. Além disso, para que essas obras fossem iniciadas, como já foram pela Administração Finamore, era necessária a autorização de órgãos ambientais Estaduais e Federais. Fica ainda a suspeita de que as obras que estão em andamento possam ter causado a falta d’água no último final de semana. Isso porque devido a quantidade de terra que está sendo movimentada com máquinas e tratores, a água que é captada ficou barrenta, e essa terra pode ter entupido as bombas que levam os recursos hídricos até a estação de tratamento. E, sem água na rede e nas bombas, o tratamento é comprometido, e talvez por isso, mais que a metade de LOUVEIRA ficou sem água.

Para os representantes das entidades ambientais que conversaram com a FOLHA o projeto não é uma prioridade para a cidade, uma vez que seus efeitos só serão sentidos daqui dois anos, aproximadamente. Portanto, uma solução imediata estaria em outras alternativas. Um dos exemplos seria a captação de água da bica no Bairro Santo Antônio.”Ou seja, a obra é importante para daqui alguns anos, mas a Prefeitura não está se mexendo para que a falta d’água que assola a população nos dias de hoje seja solucionada. Fica claro que mais importante que solucionarmos o problema da escassez em 2014 é cuidarmos dos rios e seus afluentes, de modo que o fluxo não seja comprometido por assoreamento, por exemplo. É muito importante conservarmos as matas que seguem o traçado dos cursos d’água, com o risco de que se não o fizermos perderemos de vez o abastecimento de água”, disse um dos representantes da Elo.

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