LOUVEIRA: ‘Promif’ é aposta para deter redução da plantação de uva em Louveira

A5_LOU_Jose Pagotto Cred. JCAT (1)

Deter e reverter a redução de áreas plantadas no segmento de fruticultura em LOUVEIRA é uma das principais metas do ‘Programa Municipal de Incentivos a Fruticultura’ (Promif), implantado em setembro do ano passado. “Foi a luz no fim do túnel”, afirma o diretor de Agricultura da Prefeitura de LOUVEIRA, Daniel Miqueletto. Segundo ele, dados mostram que em 2004, o município contava com 620 hectares de plantação de uva. Em 2014, passaram para 360 hectares. Uma redução assustadora. Para o técnico, além dos problemas enfrentados com a especulação imobiliária, a falta de políticas públicas de incentivo ao setor e de outros problemas de ordem agronômica que também tiveram grande peso nessa queda. “Administradores públicos de outros municípios, cooperativas, associações de produtores de outros municípios tem arrendado áreas para o cultivo de frutas em Louveira, incentivados pelo Promif.”
Destaque pelo seu PIB per capita em 2012, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), LOUVEIRA agora busca incentivar e aumentar a fruticultura entre os produtores familiares, em plantações não irrigadas, que conseguem água potável na própria propriedade, por meio de tecnologias e infiltração. E o incentivo para isso não é de se jogar fora não: são R$ 4 mil por hectare. Em troca desses recursos, os produtores precisam cumprir uma série de medidas de preservação ambiental, social, agrária e administrativa, que inclui a proteção de nascentes e cursos d’água, adequação do saneamento básico, controle da erosão, além de manutenção da cultura e até mesmo a inclusão de crianças e adolescentes nas escolas.
O processo começa assim que o produtor interessado faz a adesão e aceita as condições. Uma consultoria especializada e terceirizada vai até a propriedade para fazer um diagnóstico detalhado, por meio do Projeto Técnico Individual da Propriedade, que inclui o mapeamento nas nascentes e dos cursos d’água e até mesmo o armazenamento adequado dos defensivos agrícolas. As áreas identificadas, junto com as metas geram um documento que o produtor pode analisar e decidir se vai mesmo aderir.
De setembro de 2014 a maio de 2015, 98 agricultores aderiram ao Promif. Foram cadastradas 131 unidades agrícolas de produção de frutas. Dessas, já foram concluídos 122 Projetos Técnicos Individuais. Adesão feita, o produtor já recebe 35% do valor total. O restante do valor, 65%, é pago ao final do período de um ano da adesão, caso o agricultor consiga atingir as metas estabelecidas pelo programa e, se desejar, pode fazer a renovação do compromisso. Durante esse período, ele recebe a assessoria da consultoria para realizar as ações necessárias.
Segundo Miqueletto, os resultados do programa surpreenderam e várias cidades vizinhas têm vindo a LOUVEIRA conhecer a ação. “Estamos observando que produtores de áreas ociosas estão se motivando a plantar com nosso programa inédito no País. Em muitos casos, o valor consegue pagar o arrendamento da propriedade. Somente para exemplificar, de 130 produtores na cidade, 120 já se cadastraram, desses, mais de 100 já receberam 35% do valor”, conta.
Na última semana a Prefeitura apresentou o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que vai remunerar os produtores por suas áreas de preservação permanente, reservas legais e outros remanescentes florestais. Entrando em vigor, o PSA contribuirá com os agricultores aderentes ao Promif na medida em que os auxiliará no cumprimento de metas importantes como a recomposição da mata ciliar
Produtor quer ampliar plantação
O produtor familiar de uvas Niágara de LOUVEIRA, José Edson Pagotto é um dos exemplos. Ele entrou no Promif logo que foi implantado no ano passado. Ele conta com cerca de 17 hectares da cultura e considera que o programa foi um grande incentivo para que o plantio não tivesse redução. “Tanto que estou estudando aumentar a área de plantação”, afirma. Para ele, apesar das intempéries climáticas e dificuldade em encontrar mão de obra para trabalhar na plantação, o negócio vale a pena. “Espero renovar minha participação no programa assim que findar o prazo de um ano”, avisa.

Louveira ainda lidera na produção da uva Niágara

A uva mais cultivada na região é a Niágara Rosada. Recentemente, algumas iniciativas têm introduzido outras variedades da cultura para elaboração de sucos e vinhos, principalmente quando se vincula esses produtos à atividade turística no meio rural. De acordo com o levantamento da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), atualmente existem em LOUVEIRA aproximadamente 2.111.000 plantas que produzem anualmente 6.780 toneladas, das quais 5.280 toneladas são colhidas na safra normal, entre dezembro e janeiro, e 1,5 mil toneladas são colhidas na chamada segunda safra, que tem seu pico no mês de maio. Apesar da redução do cultivo da uva, a pequena extensão territorial do município, que conta com apenas 54 Km², aliada ao alto número de plantas por área, característico do cultivo tradicional, ainda faz de LOUVEIRA, o município com maior densidade de plantas de uva Niágara do país. Essa área vitícola está bem distribuída, com destaque para as produções dos bairros Santo Antônio, Cestarolli, Monterrey, Ipiranga e Abadia. A segunda fruta produzida no município é o caqui, principalmente o da variedade Rama Forte. Na sequência, numa escala bem menor, LOUVEIRA também produz goiaba, pêssego, ameixa, morango, lichia, atemoia, acerola, citrus, pitaia, etc.

Raio X

Valor do benefício: R$ 4 mil/ha/ano
Orçamento anual: R$ 1.100.000,00
Início dos cadastros: setembro de 2014
Áreas de produção de frutas aderentes: 131
Agricultores aderentes: 98
Projetos concluídos (até 15/06/2015): 122
Área beneficiada até o momento: 246ha
Valor empenhado até o momento: R$ 985 mil
Valores liberados (35%): R$ 344.750,00

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