VALINHOS: Construtora pode transformar Fonte Sônia em parque público
O espaço onde funcionava até o final de 2014 a Fazenda Fonte Sônia, em VALINHOS, será transformado em parque público. A obra será feita em contrapartida ao empreendimento imobiliário que será desenvolvido ao lado da área do antigo hotel.
A intenção é reflorestar 2,5 milhões de metros quadrados com pelo menos 100 mil mudas, restaurar os casarões, as capelas e o Cristo, que atualmente encontra-se sem um dos braços. Além disso, para completar o parque, será construída uma pista de caminhada e locais com equipamento de ginástica destinados à população.
O espaço será administrado pela Prefeitura da cidade, que receberá a renda dos aluguéis dos prédios que serão destinados a estabelecimentos comerciais dentro da Fonte Sônia. Todo o projeto será tocado pela empresa Leste Real Estate, a responsável pelo condomínio que deve ser construído ao lado da antiga fazenda. O projeto ainda prevê um viveiro de mudas, monitoramento da qualidade das águas superficiais, gerenciamento de resíduos sólidos e implantação de projetos de educação ambiental.
Num comparativo, o parque planejado terá a estrutura da Lagoa do Taquaral, em Campinas, embora a estimativa seja de que terá o dobro da área. Ao contrário do que acontecia até o final de 2014, quando fechou, a Fonte Sônia, depois de restaurada, contará com entrada gratuita.
Outra contrapartida por parte da empreendedora será a construção de mais uma adutora no rio Atibaia. A obra deve garantir o abastecimento da cidade por pelo menos mais 30 anos, segundo estimativa. A medida pode ser considerada mais uma tentativa de evitar que a cidade passe por constantes racionamentos de água, como vem acontecendo desde a última estiagem.
Hotel histórico
Ainda hoje a Fonte Sônia faz parte das lembranças da população valinhense com mais de 30 anos. O local integrava a fazenda de café do campineiro Orosimbo Maia. O hotel, por sua vez, foi inaugurado em 12 de julho de 1921, e o nome foi em homenagem à sua neta mais nova.
Uma análise das propriedades das águas encontradas na fazenda, feita na época de sua inauguração, constatou propriedades benéficas a quem sofria de doenças nos rins e na bexiga. Pouco tempo depois, o local se tornou destino para os doentes se tratarem.
Devido à crise econômica de 1929, Orosimbo ficou sócio de Albino Bártolo, que fez a propriedade crescer. O tino para os negócios do sócio português conseguiu transformar a Fonte Sônia num dos hotéis com maior tradição na região. Aos fins de semana era comum que caravanas de ônibus em excursão chegassem à cidade.
O condomínio
Para que tudo isso se torne realidade, é necessário que o condomínio Quinta das Águas, que ocupará 700 mil metros quadrados da área total da propriedade, seja aprovado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Na primeira fase do condomínio serão oferecidos lotes de 500m². Além disso, ainda falta a realização de uma audiência pública e a aprovação da mudança de zoneamento pela Câmara Municipal.
A ONG Eco Vida Ambiental (EVA) já alertava para a construção de um residencial nessa parte da cidade desde 2014, quando o espaço foi vendido. Segundo a entidade, o maior problema é que o empreendimento pode afetar a capacitação de água no município.