VALINHOS: População não quer condomínio na Fonte Sônia

Fazenda foi vendida para empresa que quer construir condomínio
Na noite de quarta-feira, 20, a Câmara Municipal de VALINHOS recebeu o debate público sobre a venda da Fonte Sônia. O primeiro a falar foi o organizador do evento, o vereador Henrique Conti (PV), que abriu a noite apresentando possíveis futuros para o local.
Na sequência debateu-se a possibilidade de se construir um condomínio residencial na área. Proposta que, aparentemente desagradou todos os presentes, inclusive o vereador. Porém, vale lembrar que já existe um pedido formal na Prefeitura para que a Fonte Sônia tenha esse destino, e que está em processo bem adiantado.
A segunda proposta era de que o local torne-se um parque ambiental. E, finalmente, a última situação seria revitalizar o hotel e transformá-lo num centro de convenções, que atrairia turistas e reviveria o local como referência na região.
POPULAÇÃO QUESTIONA
Emocionados, vários dos presentes contaram sua relação histórica e até familiar com a Fonte Sônia, e relataram o medo que têm das conseqüências que qualquer mudança possa causar em termos de resultados negativos para a cidade, como a falta d’água, por exemplo.
Houve, também, questionamentos sobre problemas que somente a Prefeitura e os novos donos da área poderiam responder, mas, como nenhum deles estava presente, não foi possível esclarecer as dúvidas. Vale lembrar que, além de Conti, apenas outros três vereadores estiveram na reunião, Scupenaro, Tunico e Léo Godoi.
DENÚNCIA DE TONETTI
Entre as falas, a que mais chamou a atenção foi a de Alexandre Tonetti, presidente da Eco Vida Ambiental (EVA). Ele trouxe uma série de documentos onde mostrava possíveis irregularidades com relação aos estudos ambientais que têm sido elaborados para conseguir aprovar a construção de um residencial na área.
Inicialmente, ele ressaltou que a empresa que pretende lotear a área foi aberta em 27 de junho de 2014 e que seu objetivo, registrado, é desenvolver o loteamento na Fonte Sônia e na Fazenda Pinheiros, propriedade também adquirida pela companhia.
Em seguida, ele chama a atenção para o baixo valor pago, cerca de R$ 11,56 por metro quadrado, para ambas as fazendas. Tonetti também afirma que, como foi retirada a obrigatoriedade de EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental) para construções na Serra dos Cocais, apenas a Fonte Sônia tem a obrigatoriedade de apresentar os estudos, uma vez que para loteamentos até 700 mil metros quadrados a Lei no Estado de São Paulo não exige o documento.
Mais adiante, ele mostrou o pedido de estudo feito para a área. Nesse caso, a plateia ficou surpresa com o fato de que, embora o futuro empreendimento esteja numa área rural, o EIA-RIMA está sendo feito como se o local pertencesse ao perímetro urbano. Em documento exposto no telão, lê-se que a fazenda, “localizada à Estrada da Fonte Sônia, no bairro Fonte Sônia,” é “zona urbana”. Além disso, o documento também afirma que “o município de VALINHOS está passando por uma revisão em seu Plano Diretor, a entrar em vigor a partir de 2015, onde está prevista a inclusão da área de estudo ao Perímetro Urbano do município. Deste modo, visando à composição do pior cenário possível, todos os estudos foram embasados na futura expansão urbana da área”, mostra o texto. Diante destas revelações Tonetti fez mais uma consideração. “Até então, o projeto dizia que eles usariam água de poços que seriam escavados na área do empreendimento. Com a notícia de que o local irá se tornar área urbana, quem se responsabilizará pelo abastecimento hídrico do condomínio será o DAEV”, afirmou. A notícia causou grande revolta nos presentes. Como prova de sua fala, foi projetado outro documento, onde estava escrito que “na nova proposta, um acordo com a concessionária local dos serviços de saneamento” foi feito, para o abastecimento do empreendimento por meio da rede pública”. Para finalizar, Tonetti pediu uma rápida mobilização para que o empreendimento seja impedido. “Nós temos, hoje, uma pressão muito grande para urbanizar a Serra dos Cocais, de onde vem metade da água do município. É bom lembrar que estamos num período longo de racionamento de água e a tendência é piorar”, alertou. A bióloga Renata, moradora da cidade, pediu que seja montado um grupo para estudar o EIA-RIMA feito pela empresa. Segundo ela, profissionais da região teriam melhores condições de realizar o estudo, uma vez que conhecem a área. Renata ainda pede que tudo seja feito antes que uma audiência pública seja realizada. “Quando a audiência pública é feita, os profissionais da Cetesb já têm sua opinião formada sobre o assunto. Seria interessante realizarmos reuniões públicas com a presença desses mesmos profissionais para que eles tomem conhecimento da verdadeira situação pelo que nós estamos vendo”, sugeriu.
Ao final de mais de três horas de reunião, ficou a intenção de realizar um novo encontro para que sejam tratadas diretrizes com relação a forma de agir daqui em diante para impedir que condomínios sejam erguidos em cima dos mananciais de VALINHOS. Porém, caso isso demore e a sociedade valinhense não se envolva, pode ser que num breve espaço de tempo a água desapareça por completo no ‘paraíso perdido’ chamado Fonte Sônia.

Tonetti apresentou vários documentos