VALINHOS: Sob vaias e aplausos projeto de concessão do cemitério é arquivado

Esse projeto é ruim. Se fosse bom, não teria gerado toda essa discussão aqui na Câmara” – vereador Previtale
Com a plateia cheia, composta pela população e por vários representantes da Prefeitura, a Câmara de VALINHOS rejeitou o Projeto de Lei 231/2014, que tratava da concessão do Cemitério Municipal para a iniciativa privada. Os ânimos se exaltaram durante a discussão do projeto e as falas dos vereadores eram acompanhadas de aplausos dos funcionários da Prefeitura, quando a favor da privatização, e dos funcionários do cemitério, quando as falas eram contrárias.
Os discursos dos vereadores duraram mais de duas horas e quando acabou a votação já passava das 23h. Sendo assim, esse foi o único projeto votado na noite. Além dele, os vereadores também apresentaram requerimentos e indicações ao Poder Executivo.
PROJETO REJEITADO
Como o único vereador que tinha apresentado alguma possibilidade de mudar seu voto era Scupenaro (PMDB), desde o início a palavra mais esperada era a dele. Porém, quando subiu à tribuna ficou claro que continuava se opondo à privatização. “No projeto poderia constar a concessão de uma área, não de tudo. Mandem um projeto melhor formulado e eu voto a favor”, disparou. Com isso ficou claro que o projeto já estava derrotado.
Mesmo assim, os parlamentares que acreditavam nas boas intenções do projeto fizeram questão de marcar posição. O primeiro deles foi Dr. Moisés Abujadi (PSD), que falou sobre a importância da aprovação, uma vez que sem ela, em pouco tempo, não haveria mais onde enterrar os mortos na cidade.
Já no final da discussão, o vereador Doutor Orestes Previtale disse não ter sido chamado em nenhum momento pelo prefeito para que desse qualquer sugestão ao projeto. Mesmo assim ele deixou algumas dicas de por onde acredita que a lei deveria ter seguido para que fosse aprovada. “Construa com recursos próprios, pois não é necessário fazer todo o projeto de uma única vez. Faça aos poucos. A não ser que tenhamos uma grande catástrofe que fará necessário o uso de todos os novos túmulos. Através de uma visão apocalíptica, fez-se acreditar que o cemitério acabaria em poucos meses. Isso não é verdade. Poderia ser ampliado o cemitério na rua lateral. Faça a concessão apenas da área remanescente. Além disso, diz-se que apenas os pobres são enterrados naquele local. Mas isso não é verdade. O cemitério tem mais de 100 anos. Várias famílias tradicionais têm jazigos no local. Enfim, esse projeto é ruim. Se esse projeto fosse tão bom não teria dado tanta discussão”, arrematou.
Quando a votação finalmente foi anunciada, o projeto foi reprovado por 11 votos a 5. Dessa forma, a cidade terá que aguardar outra solução para o tão propagado fim do cemitério. Se é que ele realmente vai acabar.
Nas próximas sessões, para dar mais combustível ao já fulminante clima da Câmara, entram em votação os projetos para a concessão dos estacionamentos e da rodoviária da cidade. Pelo jeito estão a caminho mais sessões longas e debates acalorados.
Na quinta-feira, 26, a Prefeitura divulgou um comunicado salientando que está buscando alternativas para combater esse problema. Porém, não informou quais são as opções. A nota divulgada diz apenas que o prefeito lamenta “que a minoria decidiu pela maioria”. Será preciso aguardar para saber quais soluções serão adotadas, uma vez que segundo o próprio Poder Executivo a concessão “foi a solução encontrada pela Prefeitura para evitar um colapso nos serviços funerários”.
DENGUE PREOCUPA VEREADORES
Outro tema que chamou a atenção dos vereadores foi a dengue. Eles se mostraram preocupados e colocaram em cheque os números apresentados pela Secretaria de Saúde. “Esse número não são compatível com o que estamos assistindo”, disse Previtale. Na opinião dele, falta notificação efetiva dos laboratórios. “A situação é preocupante e demanda uma força-tarefa”, acrescentou o vereador Giba (PDT).
Para o vereador Lorival Messias (PROS), não adianta discutir a quantidade de casos, pois o que deve ser avaliado é o trabalho de prevenção realizado pela Prefeitura, como as visitas casa a casa, o Disk Dengue e os serviços de limpeza urbana.
O vereador Israel Scupenaro (PMDB) destacou que a luta contra a dengue tem de ser feita por todos. “A população também tem de ficar atenta”, discursou.