VALINHOS: Vaquejada deixa Câmara dividida
O vereador César Rocha (Rede), na sessão de terça-feira, 13, da Câmara Municipal de VALINHOS, apresentou moção de repúdio ao Congresso Nacional pela aprovação da emenda que libera a prática da vaquejada e dos rodeios no Brasil, assim também em VALINHOS. Após caloroso debate, a moção foi rejeitada pelo plenário com 8 votos contrários e 7 a favor, confirmando o quanto a cidade está dividida quanto à liberação da vaquejada, assunto muito polêmico e apaixonante.
DEBATE ANIMAL
César Rocha, defendeu o repúdio dizendo que a vaquejada é crueldade e não pode ser inserida na Constituição. “Cultura não pode machucar nem matar. É uma premissa básica. Ela deixa de ser cultura quando faz mal aos outros”, afirmou. Por outro lado, o seu colega Toloi, apesar de reconhecer sua ignorância sobre a vaquejada (mas apoia sua liberação), se orgulha de “ser do meio do rodeio” razão pela qual “tem conhecimento da forma como os animais são tratados, a ração que comem e o gasto que eles dão, para trabalhar praticamente 8 segundos”.
Também contrário ao repúdio à liberação da vaquejada, o vereador Roberson Costalonga, o popular ‘Salame’ (PMDB) defendeu a liberação da vaquejada. “Pelo que percebo, os animais que participam dessas competições oficiais são muito bem tratados e tem acompanhamento de veterinários. Sou contra pessoas que maltratam animais, mas esses animais que participam de provas não são maltratados”, acredita.
BOIS SE INSCREVEM?
No calor do debate vieram à tona algumas argumentações dos vereadores, no mínimo, inusitadas. Veja algumas delas: Que o assunto da vaquejada está em debate no Congresso Nacional, mas graças à ‘forcinha’ da poderosa bancada ruralista totalmente a favor da vaquejada. Que a vaquejada fomenta a economia e contribui para a geração de empregos. Mas o narcotráfico também é rentável com relação a impostos e a geração de empregos. Seria o caso de legalizar? Que a vaquejada tem o mesmo ‘espírito’ das lutas do MMA. Será que os bois se inscrevem nas vaquejadas por livre vontade? Que se trata de ‘patrimônio cultural’. Mas a vaquejada faz parte da tradição e do patrimônio cultural do Brasil ou dos Estados Unidos? E teve o vereador que sacou semelhante pérola: “danos aos animais existem, mas tudo está sendo assistido por especialistas. Os bois estão sendo bem tratados.” E tem o pragmático que coloca o assunto no âmbito de atrair ou não turistas, emprego e renda à cidade.
DISCERNIMENTO
Mas teve vereador com a cabeça no lugar ao refletir que “a mera promulgação ou regulamentação de uma lei não a torna menos danosa aos animais”, manifestando o seu apoio à moção apresentada. Na verdade foram sete vereadores a favor da moção contra a utilização dos animais em rodeios, onde são, sem dúvida, torturados, humilhados e menosprezados para o entretenimento humano, em favor de valores menores que a sua vida e bem estar.
DISPUTA RENHIDA
Votaram contra a moção de repúdio de César Rocha os vereadores Rodrigo Fagnani Popó (PSDB), André Amaral (PSDB), Franklin (PSDB), Mayr (PV), Mauro Penido (PPS), Edson Secafim (PP), Roberson Costalonga “Salame” (PMDB) e Rodrigo Toloi (DEM). Já César Rocha (Rede), Alécio Cau (PDT), Giba (PMDB), Mônica Morandi (PDT), Henrique Conti (PV), Veiga (DEM) e Kiko Beloni (PSB) votaram a favor da moção de repúdio. Apesar da luta renhida, os animais foram derrotados, a moção rejeitada e arquivada.