VINHEDO: Crise econômica atinge estabelecimentos tradicionais

Comercios fechado VDO Cred. JCAT (15)

A malfadada crise econômica que se abateu no País, junto com uma das maiores crises políticas e éticas já vividas em terras tupiniquins, começa a mostrar a sua ‘cara’ em VINHEDO, que até então vinha sendo ‘blindada’ contra os seus principais efeitos: desemprego e fechamento de micro e pequenas empresas. Um vereador vinhedense confidenciou, nos bastidores da Câmara, que ao menos 12 estabelecimentos comerciais fecharam suas portas nos últimos 20 dias. A recessão econômica atingiu em cheio o setor gastronômico – e alguns restaurantes da cidade (todos consolidados e tradicionais), fecharam suas portas no último mês, surpreendendo os clientes habituais. São eles: o Sushiko, de comida clássica japonesa, com quase duas décadas de existência; o Restaurante De Gouveia, em funcionamento há cinco anos; o italianíssimo Mestrino Ristorante (que  chegou a atender até 200 pessoas em seu salão).

Vários fizeram a comunicação por meio das redes sociais. Foi o caso do Mestrino, em mensagem assinada pela equipe do restaurante, que tinha como chef Marcelo Ramos Machado: “Em respeito às pessoas que ao longo dos anos frequentam nossa casa, gostaríamos de informar a suspensão indeterminada das atividades a partir de hoje. Agradecemos a compreensão e parceria de todos que fazem parte da nossa história!”.

Mas nem só os estabelecimentos de alimentação foram atingidos pela recessão. Lojas de vários segmentos também encerraram as atividades ao longo dos últimos meses no Centro, na Nova Vinhedo e Jardim São Matheus, além da região dos ‘7 bairros’ – e anúncios de ‘aluga-se’ ou  ‘vende-se’ estão espalhados por toda parte de VINHEDO. Mas o que mais surpreende é o fato desses empreendedores gastronômicos estarem há um bom tempo no mercado, com uma clientela consolidada. Lojas de veículos também não escaparam. Três ecerraram suas atividades nesta ano.

Foi com muito pesar que o agora ex-proprietário do Mestrino, restaurante de alta gastronomia, que foi referência em VINHEDO e região, Paulo Gonçalves, fechou as portas de seu ‘negócio’. “Tentei vender o restaurante para outra pessoa interessada em tocá-lo, mas não consegui achar ninguém. Mais do que um investimento financeiro, era um investimento afetivo. Foram 12 anos entre a minha gestão e do meu pai”, lamenta.

Paulo conta que o movimento na casa já vinha caindo, mas a gota d’água aconteceu na Páscoa, quando no domingo, em que costumava atender mais de 120 pessoas, apenas 40 clientes apareceram. “A queda geral foi de 60% na frequência e isso tornou o empreendimento inviável”. Agora Paulo investe em sua carreira original, voltada para administração no segmento de comércio exterior. “O otimismo e a luta devem imperar em momentos como este. Temos que seguir em frente e ter a esperança no melhor”, acredita. O presidente da Associação Comercial e Industrial de VINHEDO (Acivi), Edvaldo Piva, reconhece que a situação está mais difícil. Porém, lembra que a cidade foi referência em gastronomia nos anos de 2004, 2005, e a partir daí o segmento começou a declinar. “As referências gastronômicas hoje estão em Jundiaí, Itu, Jaguariúna. Até Campinas já perdeu esse status”, lembra. Piva evita focar no pessimismo e prefere apostar em soluções criativas e no otimismo. “Temos que ir em frente e que seja da melhor forma possível, mesmo que percamos muitos companheiros lojistas. Não está fácil levar o comércio”, avalia.

Mas o cenário deixa a desejar. Além do impacto real da crise econômica, existe ainda o impacto psicológico do medo e da insegurança. De acordo com pesquisa feita para a Associação Comercial e Industrial de São Paulo, o índice de confiança do consumidor continua caindo. O estudo revela que 57% dos entrevistados se sentem inseguros quanto a seus empregos; e 51% esperam uma piora de sua condição financeira nos próximos meses. Isso explica porque 62% das pessoas ouvidas não se sentem à vontade para adquirir eletrodomésticos e 67% tem o mesmo  sentimento em relação a veículos e imóveis. Já na área industrial, VINHEDO conseguiu segurar a onda de demissões, e as empresas do Distrito Industrial estão lutando para sair da estagnação da produção. A Lei de Incentivos Fiscais, criada recentemente pelo prefeito Jaime Cruz, animou os empresários e a tendência é retomar o crescimento.

FANTASMA DO DESEMPREGO

Depois de figurar (em fevereiro) como líder no ranking de geração de emprego entre as cidades do estado de São Paulo, VINHEDO amargou, em março, resultado negativo, com a demissão de 84 trabalhadores, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregado (Caged) do Ministério do Trabalho e Previdência Social. O segmento da indústria de transformação perdeu 230 profissionais em março. Por outro lado, o setor de serviços absorveu 121 trabalhadores. Apesar do impacto, o saldo em 2016 ainda é positivo – em 954 vagas, e VINHEDO ainda é avaliada como maior geradora de empregos na região.

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