VINHEDO: Novo presidente da Câmara diz que não vai deixar de fazer oposição

O novo presidente da Câmara Municipal de VINHEDO, vereador Edu Gelmi (MDB), concedeu entrevista exclusiva à FOLHA NOTÍCIAS para explicar aos leitores como pretende conduzir o trabalho do Legislativo Municipal pelos próximos dois anos. Como a ‘situação’ (ala governista) não apresentou chapa, pois ficou com apenas cinco vereadores, a chapa da ‘oposição’, sem concorrência, tendo Edu Gelmi na cabeça, conseguiu colocar o vereador pela segunda vez na presidência da Casa de Leis de VINHEDO.
Edu vai chefiar o Poder Legislativo ao longo do biênio 2019/2020. A chapa única, eleita, tem Edu Gelmi na presidência, Sandro Rebecca (PDT) na vice-presidência, Carlos Florentino (PV) como 1º secretário e Flávia Bitar (PDT) como 2ª secretária. Os vereadores que compõem a Nova Mesa Diretiva contaram também com o apoio da então vice-presidente da Câmara, vereadora Ana Genezini (MDB),e dos vereadores Edson PC (PDT), Rodrigo Paixão (REDE) e Rui ‘Macaxeira’ (PSB).
Importante lembrar que Edu Gelmi foi vereador por outros quatro mandatos: 1993/ 1996; 1997 /2000, 2001/ 2004 e 2013/2016, tendo presidido a Casa de Leis no biênio 1999/2000.

FOLHA NOTÍCIAS: Presidente Edu Gelmi, o senhor sempre esteve na oposição explícita ao prefeito Jaime Cruz (PSDB). Qual vai ser a sua posição agora que está na chefia da Câmara Municipal?
EDU GELMI: Ser presidente da Câmara Municipal não é um processo fácil porque se trata de um processo político interno que exige muito trabalho, muita conversa, muito debate, afinal são 13 vereadores, sendo que alguns com intenção de se candidatar ao cargo de presidente. Então, percebi ao longo desses debates, que remontam março do ano passado, que era o momento para tentar a eleição para presidente da Câmara de VINHEDO, dependendo apenas do meu trabalho para formar um grupo e uma chapa que pudesse ser vencedora.

FOLHA NOTÍCIAS: Não houve bate-chapa?
EDU GELMI: Não, consegui o apoio de 8 vereadores, suficiente para ganhar, e a situação (base da Administração) ficou com apenas 5, então resolveram não apresentar uma outra chapa pois seria fatalmente derrotada. Daí a chapa única que foi vencedora.

FOLHA NOTÍCIAS: Vai continuar na oposição ou a eleição mudou alguma coisa?
EDU GELMI: Eu me mantenho na oposição, não houve mudança porque assumi a presidência, não é por isso que vou estar ao lado ou ajudar o governo atual, mas também não estou aqui para atrapalhar a municipalidade.

FOLHA NOTÍCIAS: Qual o seu objetivo em se tornar presidente da Câmara Municipal de VINHEDO?
EDU GELMI: Quero trabalhar acima de tudo com transparência, a Câmara é um poder independente, mas harmônico, quero uma Câmara com seriedade de princípios, com valores enxutos, nós temos direito a 6% do orçamento dom município, mas não gastamos mais de 2,2%. Queremos manter um trabalho bem tranqüilo cumprindo a Lei. Claro que eu vou falar do que acontece no Poder Executivo. Mas além de ser o presidente, eu tenho que representar institucionalmente a Casa de Leis. Administrativamente serão as minhas contas que vão ser julgadas pelo Tribunal de Contas, e eu não posso esquecer que também sou vereador, as críticas construtivas serão feitas, não vai ter problema algum.

FOLHA NOTÍCIAS: O senhor vai realizar alguma obra na estrutura da Câmara que acabou por passar por uma reforma de peso?
EDU GELMI: Não, de modo algum irei fazer obras, seria uma incoerência, porque no ano passado nós aprovamos um projeto de lei no qual tem um lugar específico para construir uma nova Câmara. Fizemos um acordo com a Prefeitura que cedeu o terreno ao lado da Estação Rodoviária, e em troca a Câmara só iniciaria o novo prédio a partir de 2021, assim que as finanças do Município estiverem sanadas. E o prédio atual, onde hoje estamos, será devolvido à Prefeitura, que pode vender ou alugar.

FOLHA NOTÍCIAS: Muitos acham que o senhor fica um pouco nervoso na Tribuna da Câmara. Esse estilo vai continuar na presidência?
EDU GELMI: Pelo contrário, tudo o que eu falo na Câmara é muito tranqüilo, e muitas vezes eu pergunto aos meus pares se eu estou falando algo que não foi correto, e peço por favor que me corrijam, afinal eu também erro, não sou dono da verdade, mas procuro pesquisar, avaliar, ter critérios para poder externar algo sobre as atitudes do Executivo. Então, vou continuar na oposição, mas todo projeto que vier para essa Casa de Leis, pelo prefeito, será respeitado o prazo, será respeitado se for bom para a cidade, e com toda certeza, se eu tiver que votar, como no caso de quorum de 2/3, terá todo o meu apoio. Mas não vou segurar projeto, não vou engavetar, só não vou deixar projeto paralisado na Câmara, o que é ilegal.

FOLHA NOTÍCIAS: Como assim ‘paralisado’?
EDU GELMI: Na legislatura passada criaram um artifício que não levava em conta que todo projeto tem início, meio e fim. Eles ‘paralisavam” o projeto de acordo com os interesses. Um projeto em ‘regime de urgência’ tem 45 dias para ser votado, mas pode ser em até uma semana, caso de uma causa nobre. No geral, é que o projeto seja votado em até 90 dias. Agora, todos os projetos vão ser assim, tanto do Executivo como do Legislativo, o que não dá é quando o projeto fica parado na Câmara, isso não pode, pois prejudica o desenvolvimento da cidade.

FOLHA NOTÍCIAS: E agora, como está sendo feito?
EDU GELMI: Tem aqui um projeto do Executivo, o prefeito pediu para segurar, isso não existe, enviei um ofício dizendo que “ou o senhor retira o projeto e reenvia em data oportuna, ou vai ser votado dentro de 90 dias”. Não existe prorrogação de prazo. Se o projeto é ruim, e no caso desse eu acho péssimo, a maioria vai votar contra, inclusive eu. Portanto, não tem mais esse negócio de ficar com projeto paralisado na Câmara. Não existe prorrogação de tramitação. Chegou no seu prazo retire o projeto e apresente em nova oportunidade para ser votado em 90 dias. Nossa gestão vai ser muito simples, respeitando o Regimento Interno e a Lei Orgânica Municipal.

FOLHA NOTÍCIAS: E internamente, haverá alguma reforma na Câmara?
EDU GELMI: Temos que fazer uma reforma administrativa sim, porque temos funcionários ‘celetistas’ (pela CLT) e estatutários, mas estes não têm um ‘fundo’ que vai garantir a aposentadoria dessas pessoas. Temos de 4 a 5 estatutários e 2 já entraram com pedido de aposentadoria, tenho que realizar um Concurso para colocar gente no lugar dessas pessoas e não perdermos os cargos.

FOLHA NOTÍCIAS: Muita gente estranhou a sua presença ao lado do prefeito na inauguração da UBS Dr. Meirelles. O que tem a dizer?
EDU GELMI: Vamos fazer uma oposição consciente, que vai ajudar o Poder Executivo, mas não terá medo de falar a verdade, Não tive ajuda do prefeito para me eleger, ele que não conseguiu viabilizar o seu grupo e perdeu para mim. Vamos fazer o que for bom para VINHEDO. Fui para a inauguração da UBS Dr. Meirelles porque se trata de uma pessoa de um caráter fantástico, não podia haver nome melhor para aquela UBS, e lá eu falei que naquele momento merecia o meu aplauso, da mesma maneira que as críticas serão feitas assim que se apresentar o momento. O que é para se elogiar, tem seu momento certo e não podemos deixar de fazê-lo, e se for para criticar, faremos sem receio como sempre, apontando os erros e apresentando possíveis soluções.

FOLHA NOTÍCIAS: E com relação aos demais problemas de VINHEDO? O que o senhor como presidente da Câmara Municipal vai poder fazer de forma efetiva?
EDU GELMI: Nós queremos que vá tudo bem para a saúde, para a Santa Casa, para as creches, o transporte público, os medicamentos, a segurança, vaga em creche. Precisamos melhorar a cidade, e muito. De forma efetiva, a Câmara emendou um projeto de transporte muito ‘magrinho’, então nós emendamos de modo a favorecer à população no quesito do transporte público. Penso que a Câmara fez, e faz, um bom serviço com relação a melhorar a vida do morador de VINHEDO.

FOLHA NOTÍCIAS: Como opositor, aponte quais são as falhas da Administração atual, na sua opinião?
EDU GELMI: Eu sempre fui crítico em relação ao Governo de Jaime Cruz. Coloquei essas críticas para ele quando estive na Prefeitura. Fiz algumas sugestões como reduzir secretarias, cargos de confiança e função gratificada. Mas ele não ouviu, não fez as mudanças necessárias que deveriam ter sido feitas há muito tempo. A Prefeitura tem mais de 3 mil funcionários. A sugestão foi de reduzir e não extinguir, não deixar inflar como inflou, causando sérios prejuízos para os munícipes.

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