VINHEDO: O Parque do Improvável
As discussões sobre o futuro da Fazenda Cachoeira, em Vinhedo, continuam na base dos discursos emotivos e debates nas redes sociais sem informações técnicas ou financeiras. A proposta – única, por sinal – do “Movimento Fazenda Cachoeira é Nossa” é que toda a área da fazenda (1.742.000 m2) seja transformada em um gigantesco parque público. Porém, a principal questão ainda continua sem resposta: a população de Vinhedo está disposta a pagar essa conta? A Prefeitura de Vinhedo bem que tentou o caminho da desapropriação através do então prefeito Milton Serafim. Cinco anos depois, o decreto de desapropriação perdeu seu valor, a fazenda não foi comprada e nenhuma solução foi encontrada. Nos últimos meses, uma nova proposta dos proprietários foi apresentada e previa a doação de uma área superior à 760 mil m2 – uma área maior do que o Parque Villa Lobos da cidade de São Paulo – em troca da aprovação de um loteamento ecologicamente sustentável. Como a proposta não obteve respostas, ela foi retirada. Enquanto isso o movimento “Fazenda Cachoeira é Nossa” mudou de nome e passou a se chamar “Parque Fazenda Cachoeira”. Se mudou o nome a proposta continuou a mesma: desapropriar a fazenda e transformá-la em parque. Seria possível? O que alguns políticos não perceberam ainda é que um parque com essas proporções é simplesmente inviável para uma cidade do tamanho de Vinhedo. Essa constatação fica evidente quando se compara o projeto defendido em Vinhedo com 3 dos principais parques da capital: Parque da Aclimação, Parque Villa Lobos e Parque do Ibirapuera. A equipe da FOLHA foi lá na Capital para constatar os fatos.
Parque da Aclimação
O Parque da Aclimação, que pertence à Prefeitura de São Paulo, tem uma área de 112.000 m² e uma população de entorno (bairros ao redor e que pode usufluir do local) com mais de 300.000 pessoas, recebe 1.500 pessoas/dia, o que dá uma média de 40.000 pessoas/mês. Sua manutenção anual custa, aos cofres da cidade, cerca de R$ 12 milhões não inclusos custos de manutenção de instalações locais ou obras eventuais.
Parque Villa Lobos
O Parque Villa Lobos, que pertence ao Governo do Estado de São Paulo, tem uma área de 732 mil m², 120 mil frequentadores por mês, 60 vigilantes além do Posto da Polícia Militar e dos Bombeiros e um orçamento anual na casa dos
R$ 18 milhões, não inclusos custos de manutenção de instalações locais ou obras imprevistas. Sua população de entorno é de 700 mil pessoas.
Parque do Ibirapuera
Finalmente, o Parque do Ibirapuera – o mais importante e conhecido da cidade – possuí uma área de 1.584.000 m² (200 mil m2 a menos do que a área da Fazenda Cachoeira), recebe 756 mil frequentadores por mês enquanto 456 funcionários, 200 guardas municipais e apoio da Polícia Militar dão o apoio necessário. O local possuí ainda diversas instalações esportivas, lago e uma produção mensal de 74 toneladas de lixo. Toda essa estrutura custa ao munícipio cerca de R$ 32 milhões/ano não incluindo obras de manutenção nas instalações locais ou previsões para obras eventuais. Quando o assunto é o entorno, o Parque do Ibirapuera atende mais de 1.600.000 moradores de diversos bairros vizinhos. A questão do aproveitamento da área da Fazenda Cachoeira é um tema que deve ser discutido com base e em cima de informações corretas. Além do que, a área já se encontra no centro da cidade, cercada de outros condomínios e correndo diversos riscos ambientais e sociais como invasões, por exemplo.
O parque de 1.742.000 m2 pretendido pelo movimento político é maior não só do que o Parque do Ibiraquera, como também da maioria dos 40 parques existentes na capital paulista. Apenas a área proposta para doação de 764 mil m² supera 10 dos 13 principais parques públicos de São Paulo.
Um parque com essas dimensões proposto pelo movimento não só colocaria as finanças de VINHEDO em perigo, como também a segurança de todos, haja vista que se o Parque do Ibirapuera necessita de 200 guardas municipais mais o apoio da Polícia Militar para operar, o que dirá um parque maior numa cidade que não conta nem com esse efetivo policial para garantir a segurança de toda uma população? É necessário que vereadores e demais autoridades locais separem a demagogia do projeto real e viável à Fazenda Cachoeira, lugar que deu origem à cidade, e que está prestes à desaparecer do mapa.
As discussões sobre o futuro da Fazenda Cachoeira, em Vinhedo, continuam na base dos discursos emotivos e debates nas redes sociais sem informações técnicas ou financeiras. A proposta – única, por sinal – do “Movimento Fazenda Cachoeira é Nossa” é que toda a área da fazenda (1.742.000 m2) seja transformada em um gigantesco parque público. Porém, a principal questão ainda continua sem resposta: a população de Vinhedo está disposta a pagar essa conta? A Prefeitura de Vinhedo bem que tentou o caminho da desapropriação através do então prefeito Milton Serafim. Cinco anos depois, o decreto de desapropriação perdeu seu valor, a fazenda não foi comprada e nenhuma solução foi encontrada. Nos últimos meses, uma nova proposta dos proprietários foi apresentada e previa a doação de uma área superior à 760 mil m2 – uma área maior do que o Parque Villa Lobos da cidade de São Paulo – em troca da aprovação de um loteamento ecologicamente sustentável. Como a proposta não obteve respostas, ela foi retirada. Enquanto isso o movimento “Fazenda Cachoeira é Nossa” mudou de nome e passou a se chamar “Parque Fazenda Cachoeira”. Se mudou o nome a proposta continuou a mesma: desapropriar a fazenda e transformá-la em parque. Seria possível? O que alguns políticos não perceberam ainda é que um parque com essas proporções é simplesmente inviável para uma cidade do tamanho de Vinhedo. Essa constatação fica evidente quando se compara o projeto defendido em Vinhedo com 3 dos principais parques da capital: Parque da Aclimação, Parque Villa Lobos e Parque do Ibirapuera. A equipe da FOLHA foi lá na Capital para constatar os fatos.
Parque da Aclimação
O Parque da Aclimação, que pertence à Prefeitura de São Paulo, tem uma área de 112.000 m² e uma população de entorno (bairros ao redor e que pode usufluir do local) com mais de 300.000 pessoas, recebe 1.500 pessoas/dia, o que dá uma média de 40.000 pessoas/mês. Sua manutenção anual custa, aos cofres da cidade, cerca de R$ 12 milhões não inclusos custos de manutenção de instalações locais ou obras eventuais.
Parque Villa Lobos
O Parque Villa Lobos, que pertence ao Governo do Estado de São Paulo, tem uma área de 732 mil m², 120 mil frequentadores por mês, 60 vigilantes além do Posto da Polícia Militar e dos Bombeiros e um orçamento anual na casa dos
R$ 18 milhões, não inclusos custos de manutenção de instalações locais ou obras imprevistas. Sua população de entorno é de 700 mil pessoas.
Parque do Ibirapuera
Finalmente, o Parque do Ibirapuera – o mais importante e conhecido da cidade – possuí uma área de 1.584.000 m² (200 mil m2 a menos do que a área da Fazenda Cachoeira), recebe 756 mil frequentadores por mês enquanto 456 funcionários, 200 guardas municipais e apoio da Polícia Militar dão o apoio necessário. O local possuí ainda diversas instalações esportivas, lago e uma produção mensal de 74 toneladas de lixo. Toda essa estrutura custa ao munícipio cerca de R$ 32 milhões/ano não incluindo obras de manutenção nas instalações locais ou previsões para obras eventuais. Quando o assunto é o entorno, o Parque do Ibirapuera atende mais de 1.600.000 moradores de diversos bairros vizinhos. A questão do aproveitamento da área da Fazenda Cachoeira é um tema que deve ser discutido com base e em cima de informações corretas. Além do que, a área já se encontra no centro da cidade, cercada de outros condomínios e correndo diversos riscos ambientais e sociais como invasões, por exemplo.
O parque de 1.742.000 m2 pretendido pelo movimento político é maior não só do que o Parque do Ibiraquera, como também da maioria dos 40 parques existentes na capital paulista. Apenas a área proposta para doação de 764 mil m² supera 10 dos 13 principais parques públicos de São Paulo.
Um parque com essas dimensões proposto pelo movimento não só colocaria as finanças de VINHEDO em perigo, como também a segurança de todos, haja vista que se o Parque do Ibirapuera necessita de 200 guardas municipais mais o apoio da Polícia Militar para operar, o que dirá um parque maior numa cidade que não conta nem com esse efetivo policial para garantir a segurança de toda uma população? É necessário que vereadores e demais autoridades locais separem a demagogia do projeto real e viável à Fazenda Cachoeira, lugar que deu origem à cidade, e que está prestes à desaparecer do mapa.
ENTENDA A NOTÍCIA
Após a morte de Dona Leontina Monteiro de Barros, aos 103 anos, a Fazenda Cachoeira, berço do município, onde tudo começou em VINHEDO, foi parar nas mãos de herdeiros, que criaram uma empresa para administrar os mais de 1 milhão e 700 mil metros de terras e que depois foi vendida à outra empresa, surgindo a Companhia Fazenda Cacheoira. A Prefeitura de VINHEDO iniciou então as conversações para a aquisição da área na intenção de preservar o patrimônio histórico e cuidar dos mananciais que abastecem parte das represas do município. Entretanto, a empresa pediu um valor de mercado de R$ 60 milhões, dinheiro que a Prefeitura não tem para pagar. Em 2013, a empresa ofereceu um acordo que cederia parte da Fazenda Cachoeira para o Município, desde que outra parte ficasse para a construção de condomínios. Com a polêmica proposta, em 2014, o prefeito Jaime Cruz, ao assumir a Administração, solicitou estudos para o impacto destes empreendimentos. De outro lado, a empresa contrata a ONG Elo Ambiental de VINHEDO para também fazer estudos da área. A Câmara criou uma Comissão para Assuntos Relevantes com o objetivo de fiscalizar e acompanhar o processo da ‘divisão’ da área, sem afetar os mananciais e o patrimônio. O vereador Edu Gelmi estava a frente da Comissão. Enquanto isso, as famílias de antigos colonos foram sendo despejadas, incluindo a última geração de um Quilombo vinhedense remanescente que abrigava a família Aparecido há cerca de cem anos. Agora, a empreendedora da Fazenda retirou a intenção de acordo com o Município e espera a reformulação do Plano Diretor para tomar uma atitude sobre a propriedade. Enquanto nada se resolve, o patrimônio histórico está ruindo, e a mata nativa, sendo destruída pelas inúmeras queimadas.