VINHEDO: Pai de Yago se entrega e diz não ter matado o filho
Depois de 20 dias foragido Tiago Ahmar se entregou para a Polícia Civil. Ele é o principal suspeito de ter matado o próprio filho, Yago Ahmar, de apenas dois anos. Tiago estava escondido no Paraguai, de onde entrou em contato com a Polícia Civil de VINHEDO dizendo que se entregaria.
Na madrugada de quarta-feira, 13, os policiais o prenderam na cidade paranaense de Foz do Iguaçu. Depois disso seguiram-se quase 15 horas de viagem até chegar em VINHEDO, onde tem sua prisão preventiva decretada. No local, a imprensa estava em peso para cobrir a chegada de Tiago. A mãe de seu filho, Cristiana Costa, também esteve no local para, segundo ela, “olhar pela última vez a cara do homem que matou seu filho.” Porém, foi embora minutos antes da chegada da viatura que trazia Tiago, por volta da 1h30.
Antes de ir para a cela ele concordou falar com os jornalistas para esclarecer algumas questões que ficaram sem explicação até o momento.
AS AGRESSÕES
“Não agredi meu filho. Não matei meu filho.Tudo é mentira”. Foi isso que Tiago Ahmar disse quando questionado sobre ter agredido seu filho até a morte.
Ele ainda garantiu que não tem uma personalidade agressiva. “Não sou um homem violento, embora a ex-mulher do meu pai assim tenha dito”, assegura. Inclusive, no dia em que tudo ocorreu, 18 de julho, Tiago afirmou ter acordado, tomado café com a mulher, Cristiana Costa, e em seguida, quando foram pegar a criança, ela estava em estado de coma.
Apesar disso, Tiago acredita que “a violência tem um caráter pedagógico. Mas há uma diferença entre você corrigir e agredir seu filho. Eu batia para educá-lo”.
O suspeito ainda acredita que a mãe de Yago não possa ter agredido o filho. “A mãe não tem nenhuma responsabilidade. Ela sempre foi muito amorosa, muito carinhosa com meu filho. Muitas vezes até demais. Por isso tínhamos divergências quanto a educação dele”, explica.
Ainda sobre as supostas agressões que Cristiana disse ter conseguido evitar que Tiago fizesse ao seu filho, ela afirma que nunca existiu tal situação. “Nem se ela quisesse seria capaz de me segurar se eu quisesse agredir meu filho”, garante Tiago.
DROGAS
Ele afirma que quando as agressões ocorreram não fez uso de drogas e que a abstinência da substância não causava nele os efeitos que foram afirmados em depoimento por Cristiana. “No dia não usei drogas. Nunca fiquei sozinho com o Yago sob efeito de drogas. E a abstinência não é bem esse quadro que estão pintando”, enfatizou.
Além disso, o pai afirmou que faz uso desse tipo de substâncias há mais de doze anos. E sempre quando se drogava ia para cidades como Campinas e Jundiaí, onde passava até dez dias fumando crack.
O vício era tão presente em sua vida que até em momentos dramáticos, como o anuncio da morte cerebral de seu filho ele pegou o que tinha de dinheiro em casa e foi para Campinas, onde passou alguns dias usando o entorpecente. Quando entrou em contato com a família novamente foi avisado que seu filho já havia sido enterrado. “Eu pedi que me buscassem, mas disseram que não seria possível. Isso me deixou muito chateado, pois considerava minha presença imprescindível”, conta.
A MORTE DE YAGO
Para o pai de Yago, a morte de seu filho ainda tem uma causa indefinida. Ele afirma que a criança caiu no parquinho, mas não acredita que a queda possa ter sido a responsável pelas lesões que os médicos afirmaram que Yago tinha.
“Não sei se ele caiu em algum outro momento e nós não percebemos. Um ou dois dias antes meu filho se queixou de dor nas costas. Com o passar dos dias o edema que tinha foi aumentando”, especula Tiago.
Ele ainda conta que esse machucado apareceu enquanto ele estava em Campinas fazendo uso de crack. “O Yago tinha um edema extenso nas costas, segundo o médico da UPA. O pediatra disse que o hematoma já tinha uma semana. Só que uma semana antes de todos esses eventos eu estava em Campinas. Passei lá quase 10 dias. Ou seja, durante dez dias eu não tive contato com ele. Esse hematoma aconteceu enquanto ele estava com a mãe”, dispara.
A FUGA
Para Tiago, o fato de ter fugido não é uma confissão de culpa. “Estava fugindo para evitar esta situação que eu estou vivendo agora. Porque ser inocente ou culpado não importa, eu vou ficar preso como sendo culpado até que a Justiça me julgue”, lamenta.
O suspeito passou os últimos 20 dias foragido no Paraguai, onde, segundo ele, ficou num bairro muito pobre vendendo drogas. Como o local era afastado, o sinal das emissoras de TV brasileiras não chegavam, o que facilitava sua vida, pois não havia risco de ser reconhecido e entregue a Polícia Civil.
Ele chegou até o país vizinho de ônibus com algum dinheiro que tinha guardado em casa. Por fim, acabou aceitando se entregar para poder provar sua inocência.
A CAPTURA
O investigador chefe da Polícia Civil de VINHEDO, José Carlos de Moraes contou que já existiam evidências de que Tiago havia fugido para o Paraguai, porém, a pressão da mídia e a ajuda da mãe do suspeito, que parou de dar dinheiro para ajudar na fuga, foram essenciais para que ele se entregasse.
“Eu consegui contato com ele no dia 13, e ele disse que se entregaria. Deixamos Tiago mais tranquilo, pois ele estava com medo de alguma represália. E, então, ele se entregou”, contou o investigador.
Quanto à autoria do crime, José Carlos afirma que todas as investigações apontam para Tiago. Porém, somente o laudo poderá dizer se a versão apresentada pelo acusado é compatível com as lesões apresentadas pela criança.
Na tarde de sexta-feira, 15, Tiago Ahmar foi transferido para a cadeia anexa de Campinas, onde deve permanecer por pelo menos 30 dias. Porém, esse prazo pode se estender até o julgamento.
ENTENDA A NOTÍCIA
Yago Ahmar, de apenas dois anos, morreu no dia 24 de julho depois de sofrer várias fraturas, como afundamento de crânio e perfuração de órgãos. O principal suspeito de ter agredido a criança até a morte é o pai do menino, Tiago Ahmar, que estava foragido até a última quinta-feira, 14, quando se entregou.