VINHEDO: Paulinho Palmeira e Nil Ramos querem reaproveitar água tratada pela ETE Pinheirinho

Em entrevista à FOLHA NOTÍCIAS, os vereadores Paulinho Palmeira (PSB) e Nil Ramos (PROS) conversaram sobre a proposta que ambos apresentaram ao prefeito de VINHEDO, Jaime Cruz, para que seja reaproveitada parte da água tratada pela ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Pinheirinho, instalada no Jd. São Thomé, para reabastecimento da Represa I ou da Lagoa do Pinheirinho. Eles explicaram que a proposta é muito simples, barata, e que pode contribuir emergencialmente para amenizar os efeitos da crise hídrica por que passa a cidade, assim como vários outros municípios, muito em função da grave seca que se abate por todo o Estado de São Paulo, e pela recente decisão do prefeito em suspender a captação do rio Capivari em face da condição altamente poluída de suas águas que são a fonte principal de abastecimento hídrico do município vinhedense. Os vereadores também abordaram a questão dos poços artesianos, a solução para o problema da Fazenda Cachoeira, assim como o abandono em que se encontram algumas das principais atrações turísticas de VINHEDO.

FOLHA NOTÍCIAS (FN)Vereadores, expliquem para os nossos leitores de forma resumida como nasceu, e qual é a proposta de vocês para reaproveitar a água tratada pela ETE Pinheirinho?
NIL RAMOS (NR) – Eu e o vereador Paulinho Palmeira estamos conversando sobre o problema da água já há algum tempo, e logo após a visita que fizemos junto com o prefeito Jaime Cruz nos locais onde estão instalados e sendo construídos os equipamentos do moderno sistema de tratamento de esgoto e de água da cidade, surgiu a ideia de se aproveitar parte da água que é tratada, e logo depois jogada no rio seguindo então para a cidade vizinha de VALINHOS até desaguar no rio Atibaia, para abastecer VINHEDO.
PAULINHO PALMEIRA (PP) – Propomos a instalação de um sistema simples e barato que leve parte da água tratada (que vai para o rio) até a Represa I, e que é despejada de volta ao córrego Pinheirinho ou à Lagoa do Pinheirinho. A ETE do São Thomé despeja cerca de 400 metros cúbicos por segundo de água tratada que se junta à 100 metros cúbicos de água do Pinheirinho e logo adiante se junta a mais 100 metros cúbicos de água do córrego Sterzeck seguindo então para VALINHOS sem qualquer aproveitamento para VINHEDO.

FNEssa água é um resíduo do tratamento do esgoto pela ETE, o outro resíduo é a lama. A água então, depois de tratada (clorada) é lançada no rio, e a lama, para onde vai?
PP – A lama dos esgotos é levada para Paulínia para ser reaproveitada como adubo orgânico, enquanto a água, que também é subproduto da ETE, por lei deve ser tratada e lançada ao rio. São cerca de 400m³ de água tratada.
NR – Quer dizer, VINHEDO não aproveita em nada essa água. Nossa proposta à Sanebavi visa reverter esse quadro, principalmente nesse momento de emergência, com o aproveitamento de 100 a 150 metros cúbicos dessa água por meio da instalação de 4 km de tubulação suspensa pelo leito do Pinheirinho até à Represa 1 ou à Lagoa do Pinheirinho.

FNNão haveria problemas de instalar uma tubulação no córrego Pinheirinho?
NR – Problema algum. A tubulação seria colocada no leito do córrego sem prejudicar em nada o seu curso natural, e a quantidade que seria despejada na Represa I ou na Lagoa também não fará falta ao Pinheirinho já que nem toda água tratada na citada ETE é proveniente desse córrego.
PP – A crise hídrica que a cidade e o Estado de São Paulo vivenciam, culminando na decretação de Estado de Emergência por vários municípios, incluindo VINHEDO, justifica esse tipo de investimento, principalmente após a impossibilidade de captação de água no Rio Capivari por se encontrar altamente poluída.

FNE qual foi a impressão causada ao prefeito Jaime Cruz e ao superintendente da Sanebavi, Odair Seraphim, o “Canjica”, por essa ideia de vocês?
NR – Foi muito bem recebida, tanto que o prefeito deu carta branca ao ‘Canjica’ para providenciar junto à CETESB a liberação da outorga necessária à implantação do projeto para que, já na próxima semana, sejam tomadas as devidas providências para a instalação de toda a infra-estrutura necessária. Se tirarmos até 200 metros cúbicos dessa água para a Represa 1 não vai atrapalhar o fluxo normal do rio. E a CETESB só dá a outorga se a retirada da água não prejudicar a vazão do rio.
PP – Tanto o prefeito Jaime Cruz como o superintendente Odair Seraphin, o ‘Canjica’, viram o quanto é importante essa ideia para enfrentar a atual crise hídrica do município, da região, e que se alastra por todo o estado. Mas o ‘Canjica’ disse que é melhor jogar a água no tanque do Pinheirinho para ser melhor tratada e evitar o surgimento de algas. Na divisa com VALINHOS deve ser feita uma represa com sacos de areia e então se bombeia a água para o tanque porque o bombeamento de volta só pode ser feito após 2 quilômetros do lançamento da água. Inclusive ficamos sabendo que essa medida já foi tomada tempos atrás também em ocasião de crise. Nós acreditamos que 200 metros cúbicos por segundo seja um volume suficiente para amenizar a crise e que não prejudica o fluxo do rio. Mas a CETESB pode outorgar menos, não importa, qualquer volume será importante para VINHEDO.

FNE os poços artesianos, o que vocês acham? Parece que tem uma campanha nas ruas querendo demonizar e destruir a possibilidade de se abrir mais poços na cidade?
NR – Os poços artesianos são uma alternativa de curto e médio prazo para a obtenção de água, seja em VINHEDO, VALINHOS, LOUVEIRA, ITATIBA, São Paulo, Campinas, em qualquer lugar, e seja pela Prefeitura, por condomínios e residências, por indústrias e comércio, o que precisa é regulamentar a abertura de poços. Eu e o Paulinho estamos unidos para buscar propostas para a cidade e por isso temos ouvido técnicos e pessoas políticas que dizem ser a água dos poços a mesma das nascentes, então se é a mesma água, se a da nascente é boa, a do poço também é, e a prova disso é que vários bairros da cidade há 15 anos são abastecidos pelos poços ‘malditos’ com água de excelente qualidade.
PP – Se não fossem os poços artesianos, contra tudo e contra todos os radicais da cidade, estaríamos desamparados porque Santa Fé, São Tomé. Jd Míriam são abastecidos por poços que captam água do aquífero Cristalino, o mesmo que existe em São Paulo. E essa história de rocha ‘gnaise’ é explorada politicamente de forma negativa porque os poços perfuram a rocha e captam água direto no aquífero. Não posso descartar novos poços, nem que seja para deixá-los como reserva.

FNOs radicais de oposição judicializaram os poços e conseguiram impedir a abertura de mais 20, dos 40 contratados. Foram abertos 20, e apenas 12 estão funcionando, e os radicais em muito são os responsáveis pela crise de água em VINHEDO, mas não têm coragem de assumir. Como está a situação na Justiça?
NR – Existe uma determinação jurídica impedindo a abertura de novos poços no Centro da cidade e na região do Pinheirinho. O contrato com a empresa encerrou agora em outubro, mas tem um prazo de seis meses para que os poços passem a pertencer à Municipalidade. A oposição faz uma campanha política organizada para desqualificar os poços e prejudicar as população como está prejudicando. Eles afirmam que são pagos milhões para a empresa, na verdade o que se paga é pela água utilizada, e que sai bem mais barato do que a água tratada.
PP – Nós vamos ter uma reunião específica sobre os poços com o prefeito Jaime Cruz que será marcada possivelmente para a próxima semana. Vamos aventar a possibilidade de se fazer um mapeamento dos poços existentes na cidade e ver de que forma podemos controlar a abertura de novos poços nesse momento de crise. Infelizmente, essa questão dos poços ainda é tratada de forma política, o que só prejudica porque é uma questão de toda a cidade e não de um grupo político partidário, é da cidade e não de um determinado partido que quer obter votos a qualquer preço.

FNEles esquecem que o problema da falta de água tem a ver com o impedimento da abertura dos 40 poços por força de processo judicial, com a seca jamais vista e que atinge todo o Estado de São Paulo, portanto precisa de ações solidárias, de união, e não de politicagem mesquinha com interesses eleitoreiros. Como vocês encaram a postura desse grupelho?
PP – E é preciso lembrar que o problema maior de VINHEDO não é a falta de água, mas de tratamento. Existem 36 reservatórios de água e um novo está sendo construído de 2 milhões de litros. Todos os reservatórios existentes são monitorados eletronicamente de forma automática. Com a ETA 3 esse problema de tratamento vai ser resolvido. Esse é o ponto: temos bastante água, o que falta é tratamento, que estava todo jogado para a ETA 1. A ETA 2 está sendo ampliada, mas tem dado conta do recado, tanto que não falta água na região da Capela, que ficou livre do rodízio por esse motivo.
NR – Desde novembro de 2013 que a Sanebavi vem alertando a população para fazer economia de água na cidade. A nossa proposta de captação da água tratada é para uma situação de emergência que para ser implantada demando pouco tempo, de uma a duas semanas.

FNSobre a questão dos mananciais e preservação ambiental. Qual é a posição de vocês sobre a Fazenda Cachoeira?
PP – Como relator da Comissão de Assuntos Relevantes da Câmara de VINHEDO quero dizer que estamos sendo muito cautelosos com relação ao assunto. Mas chegamos à conclusão que o Plano Diretor permite um tipo de loteamento já para a empresa proprietária que apresentou uma proposta bem diferente, só possível com mudanças no Plano Diretor. E a melhor proposta para mim é comprar a fazenda se VINHEDO tiver orçamento para isso. Por outro lado eu pergunto: se comprar, quem vai cuidar? Do mesmo jeito que o bosque é cuidado? Que a Praça do Aquário? Que a Estação Ferroviária? Que a Represa 1 e 2? Que o Memorial do Imigrante? Ora, se uma área bem menor não é cuidada, imagine uma de hum milhão e setecentos mil metros quadrados? Mas eu observo que quem cuida melhor do meio ambiente são os condomínios, não os empreendedores, mas os condôminos.
NR – Não vejo problemas na implantação de um condomínio autossustentável com todo o cuidado com o meio ambiente. Se os donos da fazenda querem dar quase metade da área de graça para o Município em troca da construção de um condomínio, então que se mude o Plano Diretor. É a proposta mais viável para mim. Mas precisamos esperar o que a Elo Ambiental vai dizer. Porque o que dizem por aí é muito controverso. Coisas como “é o futuro de VINHEDO”, a “caixa D’Água”, o “pulmão da cidade”, o “parque ecológico”, a “reserva biológica”, e um monte de outras opiniões. Porém, na verdade, só o estudo da Elo Ambiental vai clarear toda essa confusão que estão fazendo em torno da Fazenda Cachoeira por militantes de um determinado partido.

FNCom a doação para o Município, VINHEDO ganha em território cerca de 760 mil metros quadrados. Mas não seria preciso transformar logo em Parque Ecológico ou algo parecido para evitar invasões. E como cuidar melhor deste e de todos os locais turísticos da cidade?
NR – Sim, estamos pensando em fazer visitas a esses locais; o primeiro deles será o Bosque, queremos descobrir a causa para tanto abandono. O próprio Parque Municipal é subutilizado, deveria ser aberto à população para o lazer e para isso seria necessário um restaurante e lanchonetes no local ao longo da semana e principalmente no sábado e domingo. A Estação Ferroviária não é aproveitada do ponto de vista turístico, e mesmo o Memorial do Imigrante está deteriorado precisando de reformas urgentes, por isso que a ideia de uma entidade, como a Associação Italiana, tomar em concessão este patrimônio, é válida.
PP – Essa é a ideia. A Associação Italiana Vinhedense entrou com um projeto para a revitalização do Memorial que está em andamento. VINHEDO carece de atrações turísticas em condições de serem freqüentadas, tanto pela população local como pelos visitantes. Por isso que temos que estudar como repassar estes patrimônios às associações, ongs e entidades do município, para que possam cuidar e usufruir dos espaços junto à população que deseja frequentá-las. Só assim teremos o nosso patrimônio cultural e histórico preservados.

 

Vereadores Nil e Paulinho em visita à FOLHA

Vereadores Nil e Paulinho em visita à FOLHA

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