VINHEDO: Plano Diretor norteia Santa Casa pelos próximos 20 anos
A Prefeitura de VINHEDO apresentou na última quarta-feira, 29, no VINHEDO Plaza Hotel, o Plano Diretor estratégico para a Santa Casa “20 anos em dois”, que vai direcionar o funcionamento do hospital para as duas próximas décadas. O planejamento ‘amarra’ diretrizes que estão embasadas em três princípios básicos: a universalidade, que é o direito à saúde, afinal, todos um dia vão precisar desse atendimento; a descentralização, que é decisão de transferir a gestão plena da saúde para o município e a hierarquização da saúde, que parte de necessidades e procedimentos de menor complexidade para os de maior complexidade, partindo dos programas de prevenção e saúde familiar, passando pelas UBSs, PAs e hospital. “A ideia é profissionalizar a gestão, evitar o amadorismo e a descontinuidade dos trabalhos e a administração por impulso e improviso ou com viés político. Os próximos provedores deverão apresentar um planejamento que contemple os 14 eixos principais do plano diretor estratégico”, explicou Iran Pimentel, assessor técnico do Plano.
Estiveram no café da manhã por volta de 100 pessoas, entre representantes de entidades e associações, como a Feavin, ACIVI, AEVI, Lions Club, CECAVI e a ACV Jesus Cristo é o Caminho, da iniciativa privada, secretários (todo o staff estava presente), e apenas cinco vereadores: o presidente da Câmara, vereador Márcio Melle, além de Edu Gelmi, Alexandre Viola, Dario Pacheco e Bacural.
PARCERIA PARA
HOSPITAL-ESCOLA
O prefeito Jaime Cruz anunciou que está trabalhando para efetivar uma parceria com uma faculdade de Campinas, para transformar a Santa Casa em um hospital-escola, que passará a receber verbas federais tanto do Ministério da Saúde quanto da Educação. “Teremos o reforço da vinda de médicos residentes, que chegarão para trabalhar com vontade e empenho no atendimento à população. Já contamos com estagiários dessa instituição, a São Leopoldo Mandic, na rede pública de saúde. Mas é um projeto para os próximos três ou quatro anos”, conta.
‘MINHA MAIOR OBRA’,
DIZ O PREFEITO
Na abertura da apresentação, o prefeito Jaime Cruz (PV) garantiu que o hospital estará em pleno funcionamento ainda neste segundo semestre. “Essa será a minha maior obra, entregar a Santa Casa com gestão administrativa-financeira plena e em condições de a Prefeitura voltar a comprar seus procedimentos. Se seguirmos esse plano, nada poderá dar errado. Esse projeto é a minha ‘menina dos olhos’, porque envolve pessoas”, afirmou Jaime. Ele disse ainda que trabalha para devolver a Santa Casa autossuficiente em fevereiro de 2016, quando termina essa requisição, mas não descartou a possibilidade de ficar mais um período curto se for necessário. “A preocupação hoje é terminar as obras de maneira competente e deixar o hospital dentro de um conceito ‘agradável’, oferecendo a quem está recebendo tratamento um pouco mais de conforto. Quem procura tratamento está vulnerável e é preciso acolher adequadamente”, explica o prefeito.
“Quando você coloca um ‘CPF’ em uma grande obra, essa marca ficará para toda a história, seja pelo lado positivo ou negativo. Porém, as grandes coisas começam pequenas e vão crescendo. A minha decisão foi pessoal, política e jurídica. Ou o governo assumia 100% a Santa Casa ou dava ‘tchau’. Eu não sou um técnico, sou um professor de filosofia que gosta de gente, meu papel é coordenar os técnicos, que são aqueles que sabem e entendem. Então, mesmo com a perna mole e a cabeça consciente da responsabilidade que estava assumindo, tomei a decisão”, lembra o chefe do Executivo.
O presidente da Câmara, Márcio Melle, falou na sequência e reforçou o apoio da Casa das Leis ao projeto da Nova Santa Casa. “Parabéns, prefeito, pela coragem e pela determinação de buscar o resultado disso. VINHEDO faz a lição de casa na área de saúde”, disse.
MORATÓRIA É TIDA
COMO CERTA
O secretário de Saúde, José Luís Bernegossi, explicou que a maior fonte de receita de um hospital se concentra em duas áreas: leitos de UTIs e os centros cirúrgicos. “À medida que você aumenta a receita e estanca a hemorragia dos passivos, dos quais 80% são de tributos, que já estão em processo de moratória por meio do Prosus (Programa do Governo Federal de fortalecimento das entidades privadas filantrópicas e das entidades sem fins lucrativos que atuam na área de saúde), damos novamente ‘vida’ financeira à Santa Casa e esse é o nosso objetivo”.
Entre os acordos para reduzir os passivos do hospital, ainda em negociação, está um débito de energia elétrica junto à CPFL, que deverá ser parcelado em 10 vezes. Bernegossi afirma ainda que não trabalha com a hipótese da moratória não ser concedida. “O governo federal tem todo o interesse de manter e criar leitos públicos”, disse. O prefeito confirmou, garantindo que se necessário chamará a população de VINHEDO para um ato em Brasília, um abraço em volta do Palácio do Planalto em favor da Santa Casa.
Dados mostram que no 1º quadrimestre de 2015, VINHEDO realizou mais de 120 mil exames e 100 mil consultas na rede pública. “Convido a todos a conhecer a rede de saúde do município. Passaremos de 6 UTIs para 11, e de três centros cirúrgicos para cinco. Foram investidos mais de R$ 3 milhões para deixar tudo novo na Santa Casa. Peço o apoio da população. E se eu não fizer alguma coisa nesse período é porque estou focando a Santa Casa”, justificou o prefeito.
DÍVIDAS NEGOCIADAS
Segundo o gestor geral da Santa Casa, Celso Beltramini, o maior montante de dívida é com impostos, R$ 167 milhões, parte dele já prescreveu, e assim que saiu o deferimento do Prosus, foi dada entrada em uma ação para excluir essa dívida da moratória, e o restante será pago em 15 anos. “O Prosus já foi deferido, estamos esperando somente a moratória. Em relação às ações trabalhistas, estamos tendo sucesso nos acordos e negociando as mais urgentes. A Justiça entende a dificuldade de caixa da Santa Casa e tem interesse que a situação seja resolvida positivamente em prol da população”, explica.
Ele lembrou ainda que foram feitos acordos bem-sucedidos que reduziram um passivo de R$ 532 mil para R$ 283mil, significando uma economia de R$ 240 mil reais e uma dívida da CPFL está sendo negociada com uma redução de 58% do valor e um parcelamento de 100 meses, sem correção monetária. “É essencial reestabelecer a filantropia para diminuir a carga tributária”, explicou. Segundo dados apresentados, o faturamento mensal do hospital em agosto de 2014 era de R$ 79 mil, passando para R$ 162 mil em janeiro deste ano e R$ 250 mil este mês. “Este deve ser o patamar médio e por isso precisamos aumentar as possibilidades financeiras para que a instituição possa andar com as próprias pernas”, afirma.