VINHEDO: ‘REENCONTRO’ promove uma nova chance de amor à vida
Cantava o ‘poetinha’ Vinícius de Morais o verso que dizia: “A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros com a vida”. E por causa de tantos desencontros é que foi criada em agosto de 2007, portanto, há dez anos, por Nilson Costa Carvalho, a Ong (Organização Não Governamental) ‘REENCONTRO’, com o objetivo inicial de oferecer tratamento para dependentes em álcool e drogas em regime de internação voluntária com os quais é trabalhado princípios, valores em grupos de anônimos no sentido de proporcionar uma nova chance de encontrar o amor a si e à vida como um todo.
ACOLHIMENTO
Durante um ano a REENCONTRO funcionou em VALINHOS, mas logo depois foi transferida para VINHEDO, há oito anos. A reportagem da FOLHA NOTÍCIAS esteve conversando com o fundador Nilson Carvalho, diretor da entidade, e com a psicóloga Diana Ahmar, atual presidente, e os dois explicaram que há dois anos chegaram a um entendimento de que a REENCONTRO podia fazer a mesma coisa com moradores de rua. Como a sede atual fica em uma espaçosa e confortável chácara na Av. Carolina Von Zuben, 858, no Jd. Vista Alegre, mas está com sua capacidade esgotada e se trata de outro tipo de trabalho, foi providenciado um espaço semelhante para a nova unidade, que fica na Estrada da Capela, ao lado da Litucera, para tratamento e acolhimento de moradores de rua que também tem problemas com álcool e drogas.
CRACK
A presidente Diana Ahmar explica que em ambos os locais, as internações são voluntárias. “Tanto aqui como no acolhimento lá na Estrada da Capela, as pessoas permanecem voluntariamente internadas morando por seis meses, dos quais quatro meses são para conscientização, preparo, lidando com valores e aproximação familiar, e dois meses para reinserção social, quando a pessoa frequenta cursos, fica com a família por um período e volta até se sentir fortalecida para o seu retorno ao convívio com a sociedade”, contou.
“Quanto ao público que se encontra internado aqui na unidade da Carolina Von Zuben nós temos 32 pessoas do sexo masculino e adultas de 18 a 70 anos. O pessoal de mais idade usa o álcool, enquanto os mais novos, cerca de 90%, utilizam o crack. Na chácara da Estrada da Capela são 30 vagas para adultos de ambos os sexos, mesmo assim a frequência de mulheres é muito baixa”, revela Diana.
CLT
“A ausência de mulheres na unidade de tratamento para usuários de drogas e álcool é porque o acompanhamento é muito mais de perto, fazendo uso de medicamentos, porque as sequelas deixadas pelas drogas exigem um empenho total tanto dos internos como da equipe que cuida deles. Aqui na chácara da Carolina Von Zuben temos uma equipe de quatorze pessoas: são duas psicólogas, um assistente social, um terapeuta ocupacional, seis educadores sociais, dois técnicos em dependência química, uma cozinheira e um encarregado de serviços gerais, todos pagos e contratados em regime de CLT. Mas temos uma psiquiatra voluntária que vem uma vez por semana”, comenta Diana Ahmar. Quanto à equipe que atua no acolhimento na chácara da Estrada da Capela, a presidente Ahmar informa que é composta por dezessete pessoas, também contratados pela CLT. Temos um coordenador de serviço, um psicólogo, um terapeuta ocupacional, um fisioterapeuta, oito educadores sociais, um motorista, duas cozinheiras, um auxiliar administrativo, um encarregado de serviços gerais.
REFAZER LAÇOS
Diana explica que o tempo de permanência também é de 180 dias. Para quem é do município de VINHEDO são 20 vagas, e para quem só está passando o tempo de permanência é de uma semana a dez dias. “Para os de VINHEDO é feito um programa junto com a Secretaria Municipal da Saúde, a de Assistência Social e a de Administração promovendo a reinserção social e a aproximação familiar. Temos tido muito apoio de PAT (Programa de Assistência ao Trabalhador) que oferece vagas e alguns acolhidos são colocados no mercado de trabalho. Muitos tem os laços familiares cortados e é nosso trabalho refazer esses laços. O contato inicial é feito através de visitas. Depois de algum tempo a pessoa é levada à casa da família. Caso a família não possa receber, fazemos o máximo de esforço para o acolhido conseguir autonomia com relação aos familiares, mas o melhor é que esteja com a família. Todos os internos e os acolhidos são avaliados pela psiquiatra e se for necessário a pessoa passa pela rede de entidades de assistência social, pois trabalhos em conjunto, uma entidade apoiando a outra, não só as da Feavin (Federação das Entidades de Assistência Social de VINHEDO)”, observa Diana.
RECURSOS
Quanto aos recursos para bancar toda essa atividade, Diana coloca que tem um convênio com a Prefeitura de VINHEDO que cobre o pagamento de recursos humanos. “Quanto à alimentação, nós completamos com recursos próprios. A Prefeitura paga por vaga ocupada, e no máximo de três pessoas. Temos 14 vagas que o Estado de São Paulo paga por leito ocupado. Essas pessoas vieram da Cracolândia para se tratar com a gente. Mas a alimentação é por nossa conta. São cinco refeições diárias: café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno. Temos como fonte de recursos várias atividades como festas, bingos, almoços, jantares, doação de alimentos por comerciantes parceiros, a exemplo do Supermercado Infanger, além de doações de pessoas que acreditam no nosso trabalho”, garante Diana Ahmar.