VINHEDO: Romão Gogola: “Carnaval em Vinhedo começou com ‘Garganta Seca'”

Romão Gogolla e Haroldo Izareli no desfile da banda Galo Vermelho no Carnaval 2017 em Vinhedo
As origens do carnaval de VINHEDO remontam a década de 80 quando por volta de 1984 surgiu a primeira escola de samba, a ‘Garganta Seca’. Mas tudo rolou em função do amor das famílias Gogola (Romão), Torres (Marco) e Piotto (Rodrigo) pelo carnaval de VINHEDO. Foi com a família Torres o surgimento do bloco ‘Tapa na Peteca’, que desfilava na 9 de Julho na segunda-feira de carnaval, e depois participou do surgimento do ‘Galo Vermelho’. E em torno da família Gogolla surgiu a escola ‘Coral da Nova’, no bairro de Nova VINHEDO. Mas graças à família Pioto foi colocado em cena o bloco ‘Os Bananas’, responsável pela retomada do carnaval de rua de VINHEDO.
GARGANTA SECA
O FOLHA NOTÍCIAS esteve conversando com a carnavalesco, benemérito, e um dos fundadores e animadores do carnaval vinhedense, o popular Romão Gogola, que contou um pouco sobre os primórdios do carnaval de rua na cidade. “Minha família, da parte de minha mãe, Ana Gogolla, que é também da família torres, sempre gostou de música, de cantar, tanto que minha mãe canta até hoje no coral da igreja de Sant´Ana. A família Torres, através de meus primos Marco, Wagner e Paulo, fundou o ‘Tapa na Peteca’, e nós demos início ao ‘Coral da Nova’ no ano de 1986 ou 87. Foi na escola de samba ‘Garganta Seca’, a primeira da cidade, que comecei a tocar bumbo, ainda garoto, e de lá vim para a ‘Coral da Nova’. Aí comecei a ensaiar o canto, e logo depois comecei a cantar oficialmente puxando o samba da ‘Coral da Nova’, recorda emocionado Romão Gogolla”.

GRES Coral da Nova. Carro Abre Alas, Carnaval de 1989. Foto: reprodução vídeo Rogerio Mussi.
INCÊNDIO NO BARRACÃO
Mas não é só de realizações e boas lembranças que foi construída a história do carnaval de VINHEDO. Romão lembra a tragédia que aconteceu em 2005, e que praticamente destruiu o carnaval vinhedense. “Dizem que foi por causa de alguns moradores de rua que acenderam um fogo perto do barracão da Fepasa na Estação Ferroviária, onde ficavam guardadas todas as fantasias, instrumentos, carros alegóricos, adereços da escola de samba ‘Garganta Seca’. Os mendigos foram embora e deixaram o fogo acesso. Bastou uma lufada de vento para começar o incêndio que consumiu todo o material da ‘Garganta Seca’. Isso deixou todo mundo sem vontade de brincar o carnaval”, conta com tristeza Romão Gogola.
FOME DE ‘BANANAS’
“Esse incêndio desanimou os carnavalescos que tiveram sempre um ‘apoio simbólico’ das autoridades, mesmo diante dessa tragédia. E o carnaval de VINHEDO parou completamente. Mas em 2012 eu conversei com o Rodrigo Piotto, a Desirée Lochi e a Tânia Teixeira. Estávamos com ‘fome’ de carnaval, e resolvemos retomar o carnaval com o bloco ‘Os Bananas’, mesmo com a Prefeitura não apoiando muito, e desfilamos na 9 de Julho. Para conseguir recursos fizemos ensaios pagos e festas para arrecadar dinheiro. Desse modo, fizemos o desfile, e assim retomamos o carnaval de rua de VINHEDO”, lembra Romão.

Desfile Banda Galo Vermelho, Carnaval de 2013. Foto: Maria Novaes
GALO VERMELHO
“Um dia o Marco Torres me mostrou o desenho de um galo, era um galo muito bonito, e falou que aquele era o símbolo de uma nova banda, ‘O galo Vermelho’, ligado ao pessoal do clube Rocinhense. Era uma banda que só tocava marchinhas, composta de sopros e bateria que, junto com ‘Os Bananas’, ia tocando e arrastando a multidão. Então Marco me chamou para sair com eles cantando as marchinhas. ‘Os Bananas’, como escola de samba, estava ficando muito dispendioso, carnaval é caro, e a Prefeitura nunca deu muito apoio ao carnaval de rua”, reitera Romão Gogola.
“O carnaval de clube começou no Rocinhense, dali foi para o Santana, depois para a Adler e acabou completamente. Houve uma tentativa de se fazer o carnaval de rua no Portal da Cidade com 4 blocos e duas escolas de samba, mas só durou dois anos, e acabou também. O carnaval de rua envolve muitos recursos, uma escola de samba tem vários itens obrigatórios, ala das baianas, passistas, bateria, carros alegóricos, etc, é um custo muito alto e a Prefeitura, repito, não apoia, só o policiamento e alguns banheiros químicos. O poder público não quer investir no carnaval, não tem interesse e a cidade carece de infraestrutura adequada para o turismo. Mas já houve uma melhora, eles organizaram a saída dos blocos, porque antes cada um saía no dia que dava vontade. Só que sem apoio material fica difícil fazer carnaval”, opina Gogola.
SEM PARAR
O FOLHA NOTÍCIAS conversou também com Rodrigo Piotto, que é co-fundador da ex-escola de samba ‘Os Bananas’, que depois virou bloco, e é um dos grandes entusiastas do carnaval de rua de VINHEDO. “A primeira escola de samba de VINHEDO foi a ‘Garganta Seca’, que surgiu em 1984. Um ano depois, em 85, nós fundamos a escola de samba ‘Os Bananas’. Esse nome, quem deu foi a minha avó Helena, a gente se preparava para sair e ela comentou a demora: “vocês são mesmo uns bananas”. E aí o nome pegou, e ficou ‘Os Bananas’, que só conseguiu desfilar uns 3 a 4 anos como escola de samba, depois ficou impossível arcar com os custos como escola e continuou como bloco até hoje, e não pretende parar”, acredita Rodrigo Piotto.

Bloco Banana Nanica, Carnaval de 2017. Foto: Maria Novaes
PIRANHAS ASSUMIDAS
“Na verdade ‘Os Bananas’ nasce de uma dissidência do ‘Bloco das Piranhas’. O pessoal gostava de se vestir de mulher, era uma bagunça geral, mas todo mundo curtia. Teve uma outra escola, a ‘Ases da Capela’, mas não durou muito também por falta de apoio. Mas hoje o carnaval deu uma arrancada e a meu ver não vai retroceder. Vários novos blocos se juntaram aos mais tradicionais e impulsionaram o carnaval, a exemplo do ‘NKM’, ‘Aí Sim’, ‘Vai que Cola’, ‘Bloquete’, ‘Banana Nanica’, ‘Galo Vermelho’ e ‘Explosão do Galo’, opina Rodrigo.

‘Bloquete’ colorindo as ruas do Centro de Vinhedo, no Carnaval de 2017. Foto: Maria Novaes
SAMBÓDROMO EM VINHEDO?
Sobre o carnaval atual, Romão Gogola comenta que “precisa organizar mais. Mas o público que vem ainda é de cidades vizinhas que estão sem carnaval. Precisamos ampliar a presença de público com a existência de mais blocos e escolas, com uma programação capaz de atrair o turista. Ano passado teve 10 mil pessoas, esse ano não aumentou muito, mas passou dos 10 mil, é preciso mais segurança pois está ficando perigoso. Conversamos com o secretário Falsarella sobre a necessidade de se fazer uma reunião sobre o carnaval para se construir uma infraestrutura de segurança específica para o carnaval, como já acontece em várias cidades, como Arthur Nogueira, lá eles fecharam com tapume as ruas transversais da avenida principal e fizeram uma espécie de sambódromo com a entrada controlada e vistoriada dos foliões”, sugere Romão Gogola.
FALTA LUZ
Já Rodrigo Piotto acha que precisa melhorar muito a iluminação de rua, principalmente na Humberto Pescarini, para diminuir os riscos do carnaval. “Quanto ao trabalho da Guarda Municipal, considero muito bom, precisa só ampliar o efetivo. A tendência do carnaval de rua de VINHEDO é aumentar. Trabalho com som, ponho som na rua, fixo e com carro de som, e percebo que as pessoas gostam da rua, de brincar com liberdade e segurança. Mas penso que a tendência é só melhorar”, opina Rodrigo.
ARQUIVO
Ano de 1989 – Bloco Carnavalesco Coral da Nova, reprodução da publicação no Facebook de Rogério Mussi