VINHEDO: Sindicato dos Químicos rompe com PSOL e Rodrigo Paixão
Segundo um sindicalista dissidente da diretoria ligada ao PSOL e à Rodrigo Paixão, tudo começou em 2009, quando o Jornal Frente Química denunciou o desvio de R$ 300 mil reais, dinheiro que seria destinado à construção de uma Escola de Formação de Trabalhadores do Sindicato dos Químicos Unificados.
O Jornal noticiou que dias depois, alguns dirigentes sindicais por nome de ‘Beto, Celso e Zé Carlinhos’ descobriram que o dinheiro seria utilizado para aparelhamento partidário por parte do PSOL e fizeram a denúncia. Na época, a direção majoritária do Sindicato, que era quase toda psolista e aliada do vereador Rodrigo Paixão e do vereador Valdir Barreto, resolveu punir os denunciantes levando os ‘companheiros’ para a Comissão de ‘ética’ e condenando-os sumariamente à perda de seus mandatos na direção do Sindicato.
Conforme alegaram os denunciantes no jornal Frente Química, “o ano de 2009 se passou, o ano de 2010 também, e as denúncias do Frente Química se confirmaram. Não vimos nenhum professor ou sala de aula para justificar os R$ 300 mil reais que sumiram. Onde foi parar este dinheiro?”, questionaram. Vale registrar que em 2008 o atual vereador Rodrigo Paixão foi candidato à prefeito de VINHEDO pelo PSOL, e em tese, precisava de verba.
INGERÊNCIA DE ESTRANHOS
Por outro lado, o dissidente da diretoria ligada ao PSOL e ao atual vereador Rodrigo Paixão levou ao Ministério Público do Trabalho uma denúncia descrevendo a intervenção de pessoas estranhas ao Sindicato, as quais nunca fizeram parte do mesmo, e que uma das tais pessoas seria Rodrigo José Paixão, assim como Arlei Medeiros, sócio de Rodrigo e dirigente sindical de Campinas. Junto com outros dirigentes de Osasco, já que até então os três Sindicatos eram ‘unificados’, resolveram punir exatamente os denunciantes ao Jornal Frente Química, em uma forma de frear as denúncias e parar as investigações.
TAC NÃO CUMPRIDO
A punição gerou revolta entre os demais membros da direção do sindicato de VINHEDO e o fato foi levado ao Ministério Público que em razão dessa intromissão de dirigentes alheios ao Sindicato de VINHEDO, inclusive com a participação de Rodrigo Paixão de modo irregular na Comissão de Ética (e diretoria) do Sindicato, houve a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para o afastamento dessas pessoas ‘estranhas’ e abrir um inquérito. Entretanto, em razão do suposto descumprimento do mesmo, o Ministério Público foi oficiado para apurar o desvio de verba sindical para financiamento de campanha eleitoral.
NOVA DIRETORIA ROMPE
A reportagem do jornal FOLHA NOTÍCIAS esteve conversando com alguns integrantes da atual diretoria colegiada do Sindicato dos Químicos de VINHEDO, Bruno Geroti, Tiago Henrique e Augusto Malaquias, que entre vários assuntos, contaram porque hoje o Sindicato não mais ostenta o nome ‘unificados’. “A atual diretoria não tem nada a ver com os desmandos praticados pela diretoria anterior. Nós defendemos que o Sindicato não tenha atrelamento com nenhum partido. Somos contra o aparelhamento de Sindicatos para uso de campanhas políticas, e por causa disso rompemos com Rodrigo Paixão e o PSOL, assim como qualquer partido e dirigente sindical ou partidário que queira usar o nosso sindicato para fins eleitoreiros ou para outros desvios”, afirmou Bruno Geroti.
PARTIDO DA BURGUESIA
“Nenhum partido hoje representa os trabalhadores, nenhum! Se fosse para melhorar já teria melhorado com um metalúrgico e não melhorou. Nenhum partido de ‘esquerda’ vai resolver as questões da classe trabalhadora. Veja o PSOL em VINHEDO, quem ele representa? Hoje é a burguesia. O PSOL vai fazer reunião dentro de condomínio, nos barzinhos da moda. A maioria deles mora em condomínio. Por que não faz reunião lá na Capela, onde está a maioria dos operários?”, questiona Bruno.
“O Rodrigo trabalhava aqui no Sindicato como assessor político. Na eleição ele pediu para colocar faixa, nós ajudamos, mas quando a pessoa se elege, galga o poder, a coisa muda de água para vinho. Não se aproxima mais do trabalhador, dos necessitados, por isso acreditamos que nenhum partido que está no poder vai mudar a situação dos trabalhadores”, acredita Tiago.
UNIFICAÇÃO ROMPIDA
Para Augusto Malaquias, “a direção antes de nós é a responsável pela locupletação do sindicato com o Rodrigo e PSOL. Ela tinha vínculos com o PSOL e com o Rodrigo, eu sempre fui contra o aparelhamento do sindicato. Hoje isso não existe mais, desde 2011, quando a diretoria que criou essa situação perdeu as eleições para nós, até que no ano passado rompemos a unificação com Campinas e Osasco”, reitera o sindicalista.
“Nosso sindicato é referência na região. E a partir do rompimento que fizemos em julho do ano passado acabou o aparelhamento de nossa entidade por qualquer partido político. Desde 2011 que não houve qualquer apoio financeiro ao Rodrigo. Como poderíamos apoiar o PSOL junto com o PT e PDT cujo ‘dono’ possui várias empresas que utilizam nossos trabalhadores? Todos os partidos e políticos se venderam ao capital, inclusive os de ‘esquerda'”, acredita Tiago.
NÃO COMPACTUAMOS
Sobre as acusações e denúncias que foram levadas à Justiça, Bruno Geroti garante que “nós não nos defendemos porque não temos do que nos defender. O TAC está sendo cumprido desde 2011, quando fomos eleitos, o que não estava sendo feito até então no sentido de proibir que nem Rodrigo, nem os diretores de outros sindicatos decidissem questões que são apenas do interesse do nosso Sindicato”, garante Bruno.
“Nós não compactuamos com tudo isso que aconteceu antes de nós, e foi por nós combatido há muito tempo, e como éramos a minoria, nada podíamos fazer, até que a coisa começou a mudar em 2011, quando ganhamos a eleição, só que ainda havia muitos psolistas ligados a Rodrigo impedindo que novas mudanças fossem efetivadas. Mas em 2014 eles ficaram em minoria e então foi possível o rompimento com os Sindicatos de Osasco e de Campinas, e assim interromper os supostos esquemas do vereador”, explica Tiago Henrique. “Queremos deixar bem claro que o rompimento não foi só com relação ao PSOL e ao Rodrigo, mas com relação a todo partido ou político que queira ter as mesmas práticas de aparelhamento aqui dentro do Sindicato. A nossa entidade sindical não vai mais ser representada por qualquer partido político para evitar que usem o Sindicato para fazer política partidária, inclusive exigindo que o Sindicato panfletasse dentro das fábricas. O PSOL praticamente mandava no Sindicato dos Químicos de VINHEDO, e ele massacrava os outros partidos, mesmo que fossem de ‘esquerda’, a exemplo do PSTU, PCdoB, não tolerava mais ninguém. Só PSOL podia existir, mas não para lutar pelos trabalhadores, e sim pela burguesia”, opina Tiago.
‘PASSA-MOLEQUE’
“É importante lembrar que Rodrigo Paixão se elegeu com cerca de 1.100 votos, dos quais algo em torno de 900 foram obtidos na Capela, e hoje ele se afastou de lá, todo mundo comenta isso, em uma nova eleição ele não vai mais conseguir tantos votos porque se afastou de quem o elegeu, os trabalhadores. Quanto à relação com o Sindicato dos Servidores Públicos de VINHEDO, a quem nós sempre ajudamos, inclusive na eleição, nós levamos deles um autêntico ‘passa-moleque’ (traição)”, garantem Bruno, Tiago e Augusto.
Parece que o vereador Rodrigo não é o ‘bom moço’ que tenta transparecer na Câmara de VINHEDO. É o problema com a prestação de contas, ‘notinhas’ de gastos para passeios supostamente particulares, uso duvidoso da estrutura do Legislativo, e agora a revelação de desvios de função dentro do Sindicato dos Químicos. Mas ainda há fatos a serem investigados. Qual o envolvimento do vereador Rodrigo e membros do PSOL VINHEDO em outros Sindicatos, como o dos Funcionários Públicos de VINHEDO, por exemplo? Justiça neles!!!
OUTRO LADO
A reportagem da FOLHA NOTÍCIAS foi ouvir o vereador Rodrigo Paixão para que apresentasse a sua versão dos fatos, mas o nobre edil preferiu desqualificar o trabalho investigativo do jornal agredindo mais uma vez tanto a mídia como os jornalistas com palavras impublicáveis, mais uma vez, demonstrando todo o seu ódio à liberdade de imprensa.