VINHEDO: Vinhedenses ignoram as intenções sobre o plebiscito
Enquanto os políticos se empenham em iniciar o processo de discussão e consulta à população sobre a possibilidade de transformar a região da Capela em distrito, a comunidade local demonstra ignorar até mesmo o que é um plebiscito e quais as vantagens e desvantagens de se instalar uma Subprefeitura, ou ainda a diferença em relação a uma Administração Regional (AR). A falta de informações e a aparente ignorância sobre o assunto suscita uma pergunta: a quem é que interessa mesmo ‘dividir’ a cidade de VINHEDO? Quem vai ganhar com isso? A reportagem da FOLHA NOTÍCIAS esteve no populoso Bairro Capela para saber o que pensa o ‘capelense’ sobre o assunto, mas teve dificuldade em achar moradores que estejam sabendo da intenção do plebiscito ou mesmo que entendam qual o impacto da criação de uma Subprefeitura local ou até mesmo de dividir administrativamente VINHEDO. Porém, os consultados são unânimes em apontar a falta de mobilidade, congestionamentos em horários de pico, péssima qualidade no serviço de transporte coletivo e a falta da geração de empregos como problemas enfrentados no dia a dia.
Quatro vereadores vinhedenses moram na região da Capela, Ana Genezini (PTB), Edu Gelmi (PMDB), Bacural (PTB), Nil Ramos (PROS), e adotam posições parecidas quando o assunto é a descentralização administrativa na região. Há quase 20 anos morando no bairro, Ana e Nil compartilham de opinião semelhante. Ambos não estão totalmente convictos da necessidade de transformar o bairro em distrito, sendo que Nil é abertamente contra a implantação de uma Subprefeitura no local. Já Ana não descarta a possibilidade, mas é clara ao dizer que assinou o Projeto, junto com Rodrigo Paixão e demais vereadores, para colocar o assunto na berlinda e poder abrir um amplo espaço para discussões sobre as possíveis soluções para atender à população da Capela. Ana Genezini lembrou que a ideia de uma administração descentralizada na Capela é antiga. Em 2006, explica a vereadora, participou de um grande esforço para reunir informações e redigir uma minuta de Projeto criando a Administração Regional da Capela. “O prefeito, na época, já tinha a intenção, mas não havia dotação orçamentária suficiente para implantar o projeto”, explicou. “Assinei o Projeto de Decreto Legislativo, junto com Paixão e Barreto, porque acredito ser essencial discutir essa situação. Afinal, a questão vai beneficiar a todos, pois a população da região da Capela não precisará ir ao Centro para conseguir vários serviços que podem ser realizados lá. Inclusive usando servidores que moram no local”, defende Ana.
Há quase cinco quilômetros de distância do Centro de VINHEDO, o morador daquela região precisa gastar com ônibus para ir à região central e solicitar serviços como expedição de certidões, segunda via de carnês ou fazer um protocolo. “Esse é um dos vários motivos para reabrirmos os estudos sobre a descentralização. Evitar o deslocamento da população da Capela até o Espaço Cidadão, Central SIM Digital, Secretaria de Saúde, entre outros.”, diz Ana. “Também não basta apenas levar a prestação do serviço. É preciso disponibilizar equipe de trabalho, ter máquinas e equipamentos para atender a população e realizar ações de limpeza na Capela. Isso traria economia de recursos, de tempo e ainda agilizaria a execução dos trabalhos. Também criaria um atendimento com eficiência e excelência aos moradores do local”, explicou a parlamentar.
Nil também compartilha da defesa pela administração descentralizada, mas é contra a criação de uma subprefeitura. “É preciso sim uma estrutura para atender as pessoas lá. A única coisa que ainda resisto é a necessidade de criar uma subprefeitura na Capela. O Campo Grande de Campinas, que passou por plebiscito, tem 90 bairros, 190 mil pessoas. Eu entendo que Campinas é maior e fica difícil encontrar os vereadores ou ter acesso à Prefeitura para fazer as reivindicações ou buscar serviços. Entendo que as melhorias precisam chegar na Capela, mas Vinhedo é uma cidade pequena, você vai no posto de saúde, no supermercado, e encontra os vereadores, diretores e secretários do Executivo e consegue ter esse contato mais direto”, justifica.
Ana recomenda o correto e completo esclarecimento à população, explicando a todos o que é esse projeto de criação do possível distrito e, principalmente, lembrar que ainda há muito a ser debatido sobre a questão.
O vereador Edu Gelmi também é favorável à descentralização administrativa para o bairro Capela, mas se vai ser por meio da criação de distrito ou não, ainda é cedo para definir. “Que é preciso uma Administração Regional (AR), não há dúvidas. É de suma importância essa descentralização. Se o Executivo resolver implantar uma AR no local, não vejo necessidade de uma subprefeitura. Por outro lado, se o processo concluir pela criação do distrito, então, assim será”, afirma.
Já Bacural, outro parlamentar que mora no bairro há pelo menos 30 anos, é categórico: “Sou favorável à implantação do Distrito da Capela. São muitas as demandas da população da região, como agências bancárias, correios, serviços na área de saúde, educação, habitação entre outros. Quando precisamos de documentos que dependam do Executivo, por exemplo, o morador da Capela tem que se deslocar para o Centro”, cita o vereador Bacural. Ele explica que, enquanto a maioria dos bairros está próxima ao Centro, a Capela vai na contramão, sendo o mais populoso e um dos mais distantes. “Com o passar dos anos pudemos acompanhar a evolução do bairro e a multiplicação de seus moradores. Hoje, a Capela é independente em alguns segmentos contando com centros comerciais e varejos, mas ainda carece de muitos serviços que a implantação do distrito poderia proporcionar ao bairro, ao município e ao dia a dia dos moradores”, acrescenta o parlamentar.
A CAPELA
A área proposta para consultar sobre um possível distrito começa no Eldorado, Savian e Vida Nova I, e vai até a Santa Cândida. Os bairros Moinho e Distrito Industrial não estão inseridos no projeto. O Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC) definirá com mais exatidão o perímetro.
Na cidade de Campinas, dois dos distritos são menos populosos do que a Capela: Sousas e Joaquim Egídio, que possuem 20 mil e 5 mil habitantes, respectivamente. A região da Capela concentra aproximadamente 25 mil habitantes, sendo que 75,44% dos municípios do Brasil têm população inferior à da Capela.
ENTENDA A NOTÍCIA
Para ajudar a esclarecer o cidadão vinhedense, a Câmara de VINHEDO redigiu um texto para explicar alguns pontos da proposta, com base nas dúvidas que apareceram entre os cidadãos. Leia na íntegra o texto abaixo:
Entenda a proposta de plebiscito para decidir sobre a criação de um distrito na Região da Capela
A Câmara de Vinhedo vai votar um projeto para criar o Distrito da Capela?
R. Não. Se aprovado, o Projeto de Decreto Legislativo irá convocar a população para um plebiscito em que se possa decidir, de forma soberana, sobre a possibilidade da região da Capela ser um distrito.
Como funcionará o plebiscito?
R. Será uma consulta feita com a população de toda a cidade (não somente da região da Capela). Todos são convocados para votar SIM ou NÃO, e a maioria decide. Caso o projeto seja aprovado, o plebiscito acontecerá provavelmente no dia 2 de outubro de 2016 (mesma data das eleições).
Distrito é um processo de emancipação? A Capela vai virar cidade?
R. Não. Distrito é uma forma de divisão meramente administrativa do município, que existe para facilitar a vida dos usuários dos serviços públicos, ampliando a eficiência na resposta aos pleitos dos munícipes. Os vereadores autores do projeto entendem que a cidade de Vinhedo é forte e unida.
O distrito é independente da Prefeitura? E o dinheiro arrecadado?
R. Não, o distrito é administrado pelo Governo Municipal. É importante que exista a previsão de um orçamento próprio para a rápida solução de alguns problemas locais.
Qual a área proposta?
R. A área tem aproximadamente 10 km² e compreende toda a região da Capela (iniciando nos bairros Eldorado, Savian e Vida Nova I, até o Santa Cândida). Os bairros Moinho e Distrito Industrial não estão inseridos no projeto. O Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC) definirá o perímetro.
A Capela pode ser um distrito? Não é muito pequena?
R. A região que compreende a Capela possui características geográficas, culturais e socioeconômicas bem próprias. A região concentra aproximadamente 30% da população vinhedense (em torno de 25 mil habitantes). Cerca de 75% dos municípios do Brasil possuem população inferior ao da Capela. Em nossa vizinha Campinas, dois dos seus distritos são menos populosos do que a Capela: Sousas e Joaquim Egídio contam com 20 mil e 5 mil habitantes, respectivamente.
Quais são os benefícios de ter uma Administração Regional?
R. Diversas cidades do Brasil e do mundo têm Administrações Regionais para tornar os serviços mais rápidos e eficientes para a população. O poder público fica mais próximo e as informações circulam mais rapidamente.
Um distrito não beneficia somente quem é da Capela?
R. Feito de forma organizada e planejada poderá beneficiar toda a cidade. Primeiro porque a tendência é diminuir as filas de alguns serviços públicos da região central (reclamações, certidões, pedido de creche, solicitação de serviços, entre outros). Segundo porque haverá melhoria na mobilidade urbana, pois uma parcela importante da população não vai precisar se deslocar para solicitar esses serviços.
Essa medida não prejudica o comércio da região central?
R. Não há estudos que confirmem isso. Além disso, a Capela já tem um forte setor comercial e boa parte das pesso consome no bairro. Não se deve organizar o comércio obrigando as pessoas a irem a determinado local, inclusive gerando um gasto adicional com transporte, que é caro. As cidades modernas são policêntricas (tem vários centros comercias) para facilitar a vida dos cidadãos.
Porém, se tiver diminuição do fluxo de pessoas no Centro, é possível compensar?
R. Claro. O Centro pode e deve receber incentivos com a realização de atividades culturais, a revitalização do conjunto histórico (Fazenda Cachoeira, Estação Ferroviária), melhoria da infraestrutura de estacionamentos, realização de campanhas, reorganização do trânsito, entre outras medidas. O Centro deve ser uma área de convivência.
A população não ficará distanciada do restante da cidade? Haverá segregação?
R. Muito pelo contrário. Uma Administração Regional leva parte da cidade (Prefeitura) mais próxima da população, com a prestação de alguns serviços que hoje precisam de deslocamento.
Vai virar um cabide de empregos? E os custos para manutenção? São altos?
R. É possível remanejar parcela de servidores concursados, mas provavelmente serão necessários outros profissionais. No entanto, se bem planejado, haverá economia com tempo, deslocamentos e mesmo em recursos. Hoje, a Prefeitura paga quase R$ 19 mil em aluguéis de espaços públicos na Capela. Uma Subprefeitura poderá sediar esses departamentos, gerando economia.
Assinam o Projeto de Decreto Legislativo solicitando o plebiscito: Rodrigo Paixão, Valdir Barreto, Bacural, Dario Pacheco, Edu Gelmi, Júnior Choca, Ana Genezini e Alexandre Viola.